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Bahia não recebe doses de vacina pediátrica para covid-19 desde novembro

Ministério da Saúde diz que vai enviar novas doses nas próximas semanas, mas sem definir data

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  • Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 05:30

. Crédito: Foto: Betto Jr / Secom PMS

A Bahia não recebe lotes com imunizantes da covid-19 para crianças desde novembro de 2022. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o Ministério da Saúde (MS) enviou a última remessa da Pfizer Baby em 10 de novembro, da Pfizer Pediátrica em 21 de novembro e da Coronavac em 29 de setembro. “A maioria dos municípios está com estoques críticos desses imunizantes, mesmo com a baixa adesão do público-alvo”, diz a pasta estadual. Pelo menos Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Candeias, Vitória da Conquista e Barreiras suspenderam a vacinação para parte do público infantil. Na capital, a partir desta quarta-feira (04) a vacinação contra covid-19 com o imunizante Pfizer Baby para crianças entre 6 meses e menores de 3 anos de idade está suspensa temporariamente. Na última segunda-feira (2) a Secretaria Municipal da Saúde já havia anunciado a suspensão da imunização dos pequenos entre 5 e 11 anos.

A Sesab informa que solicitou novas remessas e espera obter as vacinas pediátricas até a segunda quinzena de janeiro. Apesar da sinalização para envio de mais doses, o órgão federal ainda não confirmou a data de entrega e informou que a remessa será feita nas próximas semanas, sem detalhar quando. O MS garante que distribui as doses da vacina conforme solicitação de cada estado.

Ao todo, a Bahia recebeu 1.747.300 doses da Pfizer Pediátrica, que atende crianças de 5 a 11 anos. O público estimado é igual a 1.476.908, conforme mostra o acompanhamento da cobertura vacinal da Sesab. Apesar das doses atenderem por completo a faixa etária para primeira imunização, a vacina precisa de reforço, fazendo com que a remessa não atenda ao número necessário para completar o plano de imunização. Já a única remessa da Pfizer Baby (de 6 meses a 2 anos de idade) trouxe 70 mil doses e, de 488.967 crianças esperadas para imunização, apenas 7.991 (1,63%) tomaram a vacina. A reportagem solicitou o número de doses da Coronavac destinada ao público infantil, no entanto não recebeu essa informação da Sesab até o fechamento da matéria. 

Salvador recebeu 188.520 doses da Pfizer Pediátrica, sendo que o último repasse foi em 30 de novembro (1.000 doses). Já da Coronavac foram destinadas a Salvador 1.691.949 doses do imunizante (público geral), sendo o último repasse foi dia 22 de novembro (9.060 doses). Na capital baiana, 20.117 crianças de idades entre 5 a 11 anos estão habilitadas e não vacinadas com a primeira dose e outras 47 mil estão habilitadas e não vacinadas com a segunda dose. Ao se tratar de crianças entre 3 e 4 anos de idade, 31.691 estão habilitadas e não vacinadas com a primeira dose - não há dados ainda sobre a segunda dose, nessa faixa etária. Os números são da Secretaria Municipal de Saúde.

Municípios sem estoque  Sem vacinação contra a covid-19 para crianças entre 6 meses e menores de 3 anos de idade, com o imunizante Pfizer Baby, a partir de hoje e sem imunização de crianças entre 5 e 11 anos de idade desde a segunda-feira (2), o município de Salvador agora espera a chegada de novos lotes de vacinas para retomar a estratégia de imunização. A aplicação da segunda dose para o público que iniciou o esquema vacinal na cidade segue mantida, já que a pasta armazenou o lote destinado para imunização com a dose complementar.

A Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana anunciou a suspensão da aplicação da primeira dose da vacina Coronavac para crianças de 3 a 4 anos. O município está com o armazenamento zerado e aguarda o abastecimento. A aplicação segue normalmente para a segunda dose. 

A dona de casa Marília Oliveira, 29 anos, é mãe de Arunna, 5, e Robson, 8, e diz que, apesar da procura nas unidades em Feira de Santana, onde moram, o esquema dos filhos está incompleto. “Eu cheguei a ir no posto mas falaram que estava em falta [para crianças], só tinha para gripe. Mas aproveitei que tinha a minha e tomei”, conta. 

A preocupação maior é com o filho mais velho, que tem obesidade, rinite e asma, e com o marido de Marília, também chamado Robson, que tem diabetes. “É melhor ter efeito da vacina da covid do que ter do vírus da covid, que eles não podem pegar de jeito nenhum”, enfatiza.   Crianças estão com esquema vacinal incompleto devido à falta de imunizantes Foto: Acervo Pessoal  Em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, a vacinação com Coronavac e Pfizer Baby está suspensa para crianças entre 3 a 4 anos até o recebimento de novos lotes. Em Barreiras, a vacinação foi suspensa para crianças de 3 e 4 anos pela falta do imunizante utilizado. Os demais públicos e faixas etárias continuam sendo vacinados normalmente nas unidades de saúde dos municípios citados. Em Candeias, há falta das vacinas Pfizer Pediatrica, Coronavac (para faixa etária de 3 a 4 anos) e a Pfizer Baby, sendo que cidade só está vacinando pessoas acima de 12 anos e aguarda novas remessas. 

Na cidade de Vitória da Conquista os estoques da Pfizer Baby e Pfizer Pediátrica também estão zerados. Está disponível somente a 2ª dose para crianças de 6 meses a menores de 3 anos que já tomaram a primeira dose. Ainda estão suspensas a 1ª e 2ª doses para crianças de 3 a 11 anos por falta de estoque de vacinas no município.

Riscos  Às vésperas do início do ano letivo, a falta de vacinas pediátricas e baixos índices de imunização na faixa etária preocupam os médicos. Para o pediatra imunologista Celso Sant’anna o contato entre crianças não imunizadas significa a proliferação do vírus com riscos individuais e coletivos. 

“É indispensável aumentar a cobertura vacinal para covid. Conseguimos avanços em outras faixas etárias e estamos ainda muito defasados na cobertura para crianças. Além delas ficarem vulneráveis à infecção ainda funcionam como vetor”, afirma. 

Os filhos de Marília estão na colônia de férias da escola, mas a mãe está mais tranquila porque o colégio segue protocolos sanitários para covid-19, como uso de álcool em gel, máscara facial e distanciamento. “Só quero que mães e pais que não deram a vacina deem logo para não afetar nossas crianças”, pede.  Na Bahia, somente 18,78% (77.099 da estimativa de 410.459 crianças de 3 a 4 anos) fizeram a primeira dose da vacina Coronavac e 8,23% (33.784 da estimativa de 410.459 crianças de 3 a 4 anos) fizeram a segunda dose. Em relação às crianças de 5 a 11 anos, 74,06% (1.093.837 de 1.476.908 crianças de 5 a 11 anos) fizeram a primeira dose do esquema vacinal e 50,26% (742.282 de 1.476.908 crianças de 5 a 11 anos)  a segunda dose, até o momento, informa a Sesab. 

Sem suspender vacinação, mais quatro municípios confirmam falta de algum imunizante infantil  Os municípios de Itaberaba, Itabuna, Porto Seguro e Guanambi estão com desabastecimento de vacina pediátrica para covid-19. Apesar da falta, a maioria das cidades têm mantido o cronograma e substituído um imunizante por outro também eficaz para a faixa etária.  

Em Itaberaba não tem Coronavac para crianças de 3 a 5 anos e a Secretaria da Saúde está vacinando crianças de 4 anos com a Pfizer - conforme liberação do MS - mas afirma que o estoque está baixo. Em Itabuna, há Unidades Básicas de Saúde que ainda dispõem de estoque, mas outras unidades já acusaram falta de imunizante. A pasta não informou quantas estão com estoque zerado. 

Em Porto Seguro, a Secretaria Municipal da Saúde registra falta de estoque da Coronavac aplicável em crianças de 3  a 4 anos, contudo, Pfizer Baby e Pediátrica foram todas distribuídas nas unidades. Em Guanambi  a Coronavac também está em falta e há desabastecimento em toda região para primeira e segunda dose, mas está atendendo primeira dose com Pfizer. 

A vigilância sanitária de Teixeira de Freitas informa que não está com desabastecimento de vacinas contra covid-19 para nenhuma faixa etária. Assim como em Juazeiro, onde a vacinação de crianças contra a covid-19 vem sendo aplicada naquelas com idade a partir dos 6 meses e até 2 anos, 11 meses e 29 dias com comorbidades e a partir dos quatro anos ao público geral.

A reportagem do CORREIO também solicitou informações sobre estoque da vacinação infantil para as prefeituras de Lauro de Freitas e Santo Antônio de Jesus, mas não recebeu retorno. 

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.