Bahia usará camisas em homenagem ao Novembro Negro contra a Chape

Uniformes dos jogadores terão nomes de destaque do povo negro

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  • Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2018 às 20:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Para destacar o início do Novembro Negro, mês da Consciência Negra, o Bahia vai a campo no domingo (3), contra a Chapecoense, de um jeito diferente: os jogadores vestirão camisas com 20 nomes de destaque do povo negro. A partida começa às 18h, na Fonte Nova.

O time já realizou este ano homenagem aos povos indígenas (contra o Atlético-PR), pessoas com deficiência (Palmeiras) e das mães com filhos desaparecidos (São Paulo).

Em nota, o Bahia destaca o fato de ser um clube da capital mais negra do país. "O período é dedicado à reflexão sobre a inserção do povo negro na sociedade brasileira", diz o texto.

Na escalação divulgada pelo time, o camisa 10 é Batatinha, um dos grandes nomes do samba na Bahia, a matadora 9 ficou com Luis Gama, patrono da abolição da escravatura no Brasil e a 1, do goleiro, ficou com Zumbi dos Palmares.

O Dia da Consciência Negra é em 20 de novembro, justamente a data da morte de Zumbi. Os nomes ainda incluem mestre Moa, assassinado no dia do 1º turno eleitoral em uma briga por motivação política. As mulheres negras não ficaram de fora: estão na lista Dandara, Luiza Bairros, Luísa Mahim, Maria Felipa e Mãe Menininha.

Confira a lista completa:

ZUMBI (1655-1695) Conhecido como Zumbi dos Palmares, foi um dos pioneiros da resistência contra a escravidão e o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial.

MILTON SANTOS (1926-2001) Primeiro e único latino-americano a ganhar o “prêmio Nobel” da geografia mundial. Baiano, destacou-se pelos estudos sobre globalização e urbanização no Terceiro Mundo.

DANDARA (?-1694) Guereira negra do período colonial do Brasil. Após ser presa, suicidou-se para não retornar à condição de escrava. Foi esposa de Zumbi, com quem teve três filhos.

MOA (1954-2018) Considerado um dos maiores mestres de capoeira de Angola da Bahia, Moa do Katendê também foi fundador do bloco afoxé Badauê.

LUIZA BAIRROS (1953-2016) Gaúcha radicada na Bahia, onde construiu seu histórico de militância negra. Doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan, foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

GANGA ZUMBA (1630-1678) Primeiro líder do Quilombo dos Palmares e antecessor de seu sobrinho, Zumbi.

MARIA FELIPA (?-1873) Marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal, liderou um grupo de 200 pessoas, entre mulheres e índios, contra os portugueses que atacavam a Ilha de Itaparica, em 1822. É considerada uma das heroínas da luta da Independência da Bahia.

MÃE MENININHA (1894-1986) Mais famosa ialorixá da Bahia e uma das mais admiradas mães-de-santo do Brasil. Foi responsável por abrir as portas do Terreiro do Gantois, em Salvador, aos brancos e católicos.

LUIS GAMA (1830-1882) Baiano, é considerado o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos negros.

BATATINHA (1924-1997) Um dos maiores nomes do samba da Bahia, foi homenageado por artistas como Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Maria Bethânia.

EDERALDO GENTIL (1947-2012) Cantor e compositor da geração mais talentosa do samba baiano, ao lado de Batatinha. Foi gravado por nomes como Clara Nunes.

NEGUINHO DO SAMBA (1954-2009) Músico baiano, criador do estilo samba-reggae e fundador do grupo Olodum e da banda Didá, ambos com sede no Pelourinho

MESTRE BIMBA (1900-1974) Criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de capoeira regional. Foi o responsável por tirar a capoeira da marginalidade.

LUÍSA MAHIN (Séc. XIX) Mãe de Luis Gama e africana radicada no Brasil, liderou as principais revoltas e levantes de escravos que sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.

JONATAS CONCEIÇÃO (1952-2009) Poeta e professor da UNEB, foi um dos fundadores do Movimento Negro Unificado na Bahia. Era diretor do bloco Ilê Aiyê, onde coordenava o projeto pedagógico.

TEODORO SAMPAIO (1855-1937) Filho de escrava, foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Nascido na Bahia e engenheiro por profissão, escreveu obras de vasta erudição geográfica e histórica.

BIRIBA (1938-2006) Um dos maiores ídolos da história tricolor, campeão brasileiro de 1959.  Nascido no bairro de Itapuã, preferia jogar na ponta direita, mas aceitou mudar de lado para formar dupla infernal com Marito, outro expoente do Esquadrão.

CARLITO (1927-1980) Maior artilheiro do Bahia em todos os tempos, com 253 gols em 13 anos de clube, de 1946 a 59. É também o maior goleada tricolor na história dos Ba-Vis, com 21 tentos marcados.

MANOEL QUERINO (1851-1923) Fundador do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e da Escola de Belas Artes, foi pintor, escritor, abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana na Bahia.

EDISON CARNEIRO (1912-1972) Escritor nascido em Salvador, foi também um dos maiores etnólogos brasileiros a estudar a cultura afro-brasileira. Jornalista, professor e folclorista, é autor da obra “Quilombo dos Palmares”.