Bandidos atiram em direção de escola estadual na Boca do Rio e causam pânico

Nenhum aluno ficou ferido; aulas foram suspensas

A rotina dos estudantes do Colégio Estadual Professora Georgina Ramos Silva, na Boca do Rio, foi interrompida pela violência na manhã desta sexta-feira (20). Bandidos armados passaram atirando em frente da escola momentos depois que as aulas haviam começado. Pelo menos quatro homens armados passaram atirando na direção da escola. As aulas foram suspensas.

"Na hora, a professora mandou todo mundo se jogar no chão", disse, ainda tomada pelo susto, uma das alunas. Inicialmente, as primeiras informações davam conta de que os bandidos invadiram a escola para matar um aluno de uma facção rival, mas a versão foi desmentida pela polícia. "Foi uma demonstração de força de alguém para outro alguém", declarou o delegado Antonio Carlos Santos, titular da 9ª Delegacia (Boca do Rio).

Era possível ver as marcas da violência em parte do muro e da fachada da escola, que foram perfurados por tiros. Os disparos começaram por volta das 8h.

"A professora tinha me liberado para ir ao banheiro quando escutamos os tiros. Ela mandou todo mundo deitar no chão. Fiquei tão assustada que, quando me joguei no chão, rasguei minha calça", contou a estudante.

Segundo ela, professores chegaram a passar mal. "Um deles chegou a desmaiar. Foi muita gente correndo de um lado para o outro", contou. 

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a correria em um dos corredores dos colégio. Nas imagens aparecem pais e outros responsáveis aflitos na tentativa de proteger os alunos. "Meu avô e meu tio vieram me buscar", disse a aluna.

Facção No local, alunos afirmaram que os autores dos disparos são moradores da Baixa Fria, comunidade próxima ao antigo Centro de Convenções. "Lá é Caveira e aqui é CP (Comando da Paz). Os meninos de lá vieram acertar conta com os daqui", contou um dos estudantes.

Uma dona de casa que mora nas imediações da escola disse que acordou assustada. "Dormia quando ouvi os pipocos. Quando cheguei da janela, vi o pânico na rua e na escola e o comentário de que os autores do tiro estavam em uma moto", declarou. 

Insegurança nas escolas A falta de segurança nas escolas públicas não é de hoje. A coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Marilene Betros, afirmou que a entidade realiza cobranças ao governo do estado para mais segurança nas unidades escolares. “A gente tem cobrado não só nesses casos, mas também em casos de agressão, de pessoas que invadem as escolas e outras situações que ocorrem”. 

A APLB cobra intervenções da Secretaria de Educação do Estado (SEC), da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e do governo do estado para uma maior seguranças dos professores, servidores e alunos das escolas estaduais baianas, principalmente em áreas que têm brigas entre facções recorrentemente. “A gente poderia estar conversando sobre uma tragédia nesse momento. Então temos que cobrar essa questão da segurança”. 

Marilene acredita, ainda, que as aulas não devem ser normalizadas na próxima semana. “Os próprios pais de alunos podem ficar temerosos em mandarem seus filhos para a escola, assim como os professores e funcionários. As aulas podem ser afetadas. Se não tem segurança como pode ir trabalhar? Estudar? Imagine retornar às aulas na normalidade em um clima desses?”, lamentou.

Adolescentes À frente da investigação, o delegado Antonio Carlos Santos diz que os autores dos disparos são adolescentes. "Já temos a identificação de todos. São menores, mas isso não invalida da delegacia agir", declarou o delegado.

A Secretaria Estadual da Educação informou que a direção da unidade escolar acionou, imediatamente, a Ronda Escolar. As atividades da unidade escolar serão normalizadas no turno vespertino e noturno.   "O Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar foi acionado pela Cicom. Com a chegada da guarnição não foram encontrados os autores dos disparos, mas as guarnições estão no local realizando incursões em busca dos criminosos. A Ronda Escolar também enviou uma equipe para atender a comunidade daquela unidade de ensino", afirmou a Secretaria, em nota.