Bandidos explodem caixas eletrônicos e queimam carros em Simões Filho

Agência do Banco do Brasil foi atacada por volta das 2h30

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  • Da Redação

Publicado em 1 de maio de 2018 às 08:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Uma agência do Banco do Brasil foi atacada por criminosos durante a madrugada desta terça-feira (1º), em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. O fato aconteceu por volta de 2h40. Segundo testemunhas, antes, os bandidos fizeram barreiras para bloquear o acesso à agência, que fica numa área industrial da Estrada Cia/Aeroporto, ateando fogo em quatro veículos. Pelo menos 10 bandidos participaram do crime.

Às 9h, uma equipe do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar chegou ao local e encontrou ao menos três explosivos não detonados que foram deixados pelos bandidos dentro da instituição bancária. Os artefatos foram detonados pelos policiais na manhã de hoje. 

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Três carros e um caminhão foram incendiados durante a ação dos bandidos. Os automóveis foram completamente destruídos pelo fogo. Um outro veículo foi alvejado pelo grupo de criminosos. Entre os carros queimados estão um carro modelo VW Fox e uma caminhonete, de modelo não identificado. 

Pessoas ligadas à investigação e ouvidas pelo CORREIO relataram que PMs chegaram a trocar tiros com os bandidos antes da explosão. A área onde a agência fica é um espaço predominantemente industrial. A PM, contudo, em nota, afirmou que não houve confronto.

De acordo com a Polícia Militar, militares da 22ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Simões Filho) foram acionados pela central telefônica para averiguar uma denúncia de explosão numa agência bancária.

"Testemunhas contaram que havia dois carros em frente ao banco, porém não conseguiram visualizar as placas e que ouviram disparos de arma de fogo. Quando chegou ao local, a guarnição isolou a área e acionou o Serviço de Investigação em Local de Crime (Silc) para realização de perícia. Ninguém foi preso", afirmou a PM, em nota. 

Destruição O gerente da agência, José Asdrubal Luz Rodrigues, registrou o caso na 22ª Delegacia (Simões Filho). Ele relatou que foram colocados explosivos na entrada, no lado que dá acesso ao fundo dos caixas eletrônicos e no lado direito interno - onde fica localizada a tesouraria e o cofre da agência. No depoimento, o gerente informou que foram causados danos nas portas, teto, paredes, janelas e também nas câmeras do cofre do banco. 

Contudo, mesmo com a explosão, segundo a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), nenhuma quantia em dinheiro foi levada do banco. 

De acordo com Polícia Civil, um dos autores foi visto usando um macacão vermelho - as imagens do circuito de segurança do banco registraram a ação.

Equipes do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), da Coordenação de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil, e da Polícia Militar também foram deslocados ao local depois do ataque. O caso será investigado pelo Draco.

Na Estrada Cia/Aeroporto, os bandidos espalharam 'miguelitos' - estrutura metálica utilizada para furar pneus. O comerciante Ilderson Cruz dos Santos, 27 anos, que estava fazendo uma entrega de bananas na região, precisou parar depois que teve o pneu lascado. "O miguelito saiu rasgando foi tudo. Vou ter um prejuízo de uns R$ 600 e vou ficar mais de duas horas na estrada", afirmou. Ilderson Cruz dos Santos teve prejuízo de R$ 600 (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Tráfico de explosivos Somente este ano, com o de hoje, já foram registrados 26 ataques a agências e caixas eletrônicos na Bahia, de acordo com o Sindicato dos Bancários. Explosivos foram usados em 17 destas ações criminosas. 

Na avaliação do presidente do sindicato, Augusto Vasconcelos, o tráfico de explosivos tem sido realizado por quadrilhas cada vez mais especializadas – o que revela a organização do crime.

Ontem, uma lancha com mais de 70 kg de expolosivo foi apreendida pela Polícia Federal, em Salvador. O material explosivo seria usado, segundo a PF, em ataques a instituições bancárias. 

Por isso, a entidade tem realizado reuniões com os órgãos de segurança e com os diferentes comandos das polícias, com o objetivo de cobrar mais investimento do governo e dos bancos.

Na semana passada, representantes do sindicato estiveram com o secretário estadual da Segurança Pública, Maurício Barbosa. “Temos feito reuniões com todos os órgãos e é bom mencionar que há uma necessidade de conjugação de esforços de todas as polícias – Federal, Rodoviária, Civil, Militar – também com os bancos, que podem ajudar na elucidação dos crimes”, disse Vasconcelos.

A proposta da entidade é que todas as agências bancárias do estado tenham câmeras interligadas em tempo real com o centro de monitoramento da SSP. As câmeras, que já são obrigatórias na parte interna, deveriam ser instaladas também na fachada e no entorno.   Vasconcelos acredita que isso ajudaria a elucidar crimes. “A secretaria acha correto, mas o secretário tem dito que já procurou diversas vezes os bancos, mas que algumas instituições têm criado embaraços para fornecer esse tipo de informação”. 

A SSP confirmou a reunião, que aconteceu no Centro de Operações e Inteligência, no CAB. O órgão informou que o encontro tratou dessas propostas para a elaboração de um projeto de lei estadual. Na ocasião, o secretário Maurício Barbosa disse que é preciso de um parecer da Procuradoria- Geral do Estado sobre a constitucionalidade do PL. “A criação de uma legislação estadual voltada para esta área seria fundamental”, disse à época.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier