Bolsonaro chega à disputa de 2022 com maior rejeição desde a redemocratização

Última pesquisa Datafolha aponta índice de rejeição do presidente em 59%

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  • Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2021 às 18:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Antonio Cruz/Arquivo ABr

Levantamento do Datafolha aponta que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem o maior índice de rejeição desde a redemocratização, comparado a todos os presidentes que foram eleitos nas oito disputas anteriores, incluindo ele próprio em 2018.

Na última pesquisa de intenção de voto realizada pelo instituto, a rejeição do mandatário chegou a 59%, 21 pontos percentuais a mais do que seu principal adversário na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que possui 38%.

Entre os anos de 1989 a 2014, nunca o presidente eleito, teve mais do que cerca de um terço dos eleitores declarando não votar nele de jeito nenhum. O cenário mudou em 2018, quando o próprio Bolsonaro bateu esse recorde, chegando ao final da campanha com 44% de rejeição. Mesmo com a carga negativa, o ex-capitão conseguiu a vitória no segundo turno, contra seu oponente, Fernando Haddad (PT), que possuía 41% de rejeição.

A intenção de Bolsonaro é mudar essas perspectivas negativas nos 12 meses que ainda faltam para a disputa. No entanto, ele conta com um histórico preocupante. De 1989 a 2018, só dois candidatos conseguiram reduzir, em torno de 10 pontos percentuais, os altos índices de rejeição do início de suas campanhas. Foram eles Ulysses Guimarães (MDB) e Paulo Maluf (PDS), em 1989, mesmo assim os candidatos não obtiveram êxito, ficando em sétimo e quinto lugares, respectivamente, no pleito daquele ano.

Antes de Bolsonaro, a maior rejeição numérica de um presidente eleito foi em 2014, com Dilma Rousseff (PT). A ex-presidente chegou ao final do pleito com 33% dos eleitores declarando que não votariam para sua reeleição.

Histórico1989 - Fernando Collor (PRN) - 11% a 30% (de junho a novembro de 1989) 1994 - Fernando Henrique Cardoso (PSDB) - 12% a 17% (maio a setembro de 1994) 1998 - Fernando Henrique Cardoso  (PSDB) - 25% a 21% (março a setembro de 1998) 2002 - Lula (PT) - 30% a 29% (novembro de 2001 a setembro de 2002) 2006 - Lula (PT) - 30% (outubro de 2005 a setembro de 2006) 2010 - Dilma Rousseff (PT) - 21% a 27% (dezembro de 2009 a setembro de 2010) 2014 - Dilma Rousseff (PT) - 27% a 33% (outubro de 2013 a setembro de 2014) 2018 - Jair Bolsonaro (PSL) - 33% a 44% (setembro de 2017 a outubro de 2018) Mudança de cenário A última pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 13, 14 e 15 de setembro, aponta Lula na liderança das intenções de voto, com 42% a 46%, dependendo do cenário avaliado, e Bolsonaro em segundo lugar, com 25%/26%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

De acordo com o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, ainda é possível reverter a rejeição de Bolsonaro, principalmente com ações voltadas para os mais pobres.

"Bolsonaro tem um caminho difícil pela frente e conta apenas com o exército das fake news e com o poder do Estado. Terá que mudar muito o comportamento e adotar medidas econômicas populares para reverter o quadro negativo atual", explicou o diretor ao jornal.

O especialista reforça que embora Lula apareça ainda "muito tranquilo e confortável" nas pesquisas, ele se mantém com rejeição alta de 38% e deve perder pontos quando aumentarem os ataques dos adversários no desenrolar da campanha eleitoral.

Sobre uma possível terceira via, Paulino explica que é preciso um nome com bom poder de comunicação capaz de enfrentar Lula e Bolsonaro. “O brasileiro vota pela emoção, preponderantemente. É preciso aplicar a linguagem popular sem parecer falso. Não vejo ninguém com esse convencimento natural entre os nomes colocados”, acrescentou.