Bruno Reis faz apelo a professores para volta às aulas: 'As crianças não podem mais esperar'

Sindicato de professores anunciou paralisação na próxima semana; APLB diz que só voltará após 2ª dose

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  • Marcela Vilar

Publicado em 30 de abril de 2021 às 15:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes/Secom

As aulas semipresenciais em Salvador voltarão na próxima segunda-feira (3) na rede municipal de ensino, mas o impasse entre a prefeitura e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) continua. A APLB voltou a dizer que só retornará após a aplicação da segunda dose da vacina contra covid-19 e que promete uma paralisação da categoria na próxima semana. O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), em coletiva virtual desta sexta-feira (30), fez um apelo aos profissionais de educação para que eles voltem aos trabalhos presenciais, como determinado por decreto.  

“A gente espera que os professores voltem, fazemos um apelo para que eles possam voltar. Uma coisa é a posição do sindicato, outra coisa é a posição dos professores. Peço, por amor à causa da educação, que eles possam retornar”, pede o prefeito Bruno Reis. “Conto com o apoio e participação dos professores para gente voltar de forma segura, tranquila, com distanciamento, com metade da capacidade das escolas. Com todos esses critérios, protocolos, temos condições de oferecer uma volta segura. Como sempre, colocando a vida em primeiro lugar”, reforça o prefeito.  

De acordo com o gestor, o cenário pandêmico em Salvador melhorou significativamente. Os principais índices continuarão monitorados, inclusive, por escola, com o auxílio de universidades. “Cada dia, a gente vai avaliar o cenário para ir tomando as decisões. O fator RT [taxa de transmissão] está sob controle, abaixo de 1%, o número de casos ativos, novos casos e taxa de crescimento caindo. E [o secretário municipal de educação] Marcelo conseguiu, em parceria com as universidades, que algumas escolas tenham profissionais dessas universidades para monitorar e acompanhar esses índices”, detalha Reis. Essa medida ajudaria a esclarecer se a educação impacta ou não os números, o que impacta, e de que forma impacta.  

Profissionais voltarão sem segunda dose  A prefeitura da capital baiana vacinará, até segunda-feira (3), 80% dos trabalhadores da educação, tanto da rede pública, quanto da rede privada. Porém, só com a primeira dose. Esse é o principal motivo da APLB ser contra a volta às aulas. O prefeito ressalta que todas as outras 12 reivindicações do sindicato foram atendidas e que a maior porcentagem da imunidade é adquirida com a primeira aplicação do imunizante.  

“Acabou coincidindo, essa semana, com a aplicação das doses da Astrazeneca/Oxford, que é uma vacina que só se toma a segunda dose com 90 dias. Mas que, diferente das outras, ela tem uma capacidade de elevar a imunização da pessoa, e muito, com a primeira dose. Os cientistas apontam algo em torno de 76%, nos estudos que já foram realizados. A segunda dose só elevaria mais 6%”, argumenta Reis.  

Esperar mais dois meses para o retorno das aulas presenciais não seria viável, segundo ele. “Não faz sentido. Se a gente esperar 90 dias para retomar a educação, vamos comprometer quatro anos letivos. Eu acho que não é razoável”, pondera o prefeito. 

Essa decisão de volta às aulas coloca Salvador como a primeira cidade da Bahia a tomar a medida. “Mais uma vez, estamos saindo na frente de todas as cidades da Bahia, porque a realidade de Salvador é diferente. Diferente de outras capitais do Brasil. Todas as capitais do Brasil já voltaram a educação. Aqui, primeiro fiz questão de vacinar todos os trabalhadores da educação acima de 40 anos. Faltam, na nossa rede, apenas 3.270  trabalhadores", comemora.  

Os pais e mães dos alunos que não quiserem trazer os filhos por não se sentirem seguros poderão acompanhar as aulas de forma virtual. Porém, as crianças da educação infantil ainda não têm acesso a esse conteúdo. “Não tem vídeo-aula para crianças da educação infantil. A gente faz um apelo para que esses pais tragam seus filhos. Estarão aqui todos os profissionais, o porteiro, a merendeira, auxiliar de serviços gerais, auxiliar administrativo e o corpo diretivo da escola. E esperamos que os professores possam vir”, solicita o chefe de executivo municipal.  

APLB reforça que haverá paralisação na próxima semana  Ao CORREIO, a APLB reforça que os professores não voltarão na próxima semana. Haverá uma paralisação nos dias 3, 4 e 5 de maio. Até então, segundo o presidente da APLB, Rui Oliveira, disse que 13.560 professores, em todo a Bahia, aderiram à greve. Em Salvador, esse número é de 2 mil pessoas. “Estamos com a posição definida. Fizemos uma pesquisa e 13 mil pessoas disseram que não vão, que apoiam a posição da APLB. Vamos resistir”, rebate Oliveira, de pé firme. 

Por que voltar às aulas agora?  O prefeito Bruno Reis explicou os motivos do retorno das aulas presenciais agora em Salvador. Para ele, todas as ações têm sido pautadas pelo cuidado e proteção à vida das pessoas. “Foram os investimentos expressivos na saúde e na vacinação, somados às medidas de isolamento social, que nos permitiu voltarmos às aulas na frente de muitas cidades”, afirmou Bruno Reis. Nesta sexta-feira (30), o sistema de saúde amanheceu sem pacientes na fila de regulação por leitos de pediatria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI).   Os números da pandemia dão segurança para que a educação seja retomada após um ano e 45 dias de atividades presenciais suspensas. A capital baiana já possui mais de 535 mil pessoas vacinadas, o que representa 27% do público-alvo. Reis quer atingir 50% em junho. “O fechamento das escolas apresenta um sério risco à educação, proteção e bem estar das crianças, além de agravar ainda mais as desigualdades em nossa cidade. Quero conclamar a todos os professores, pais e mães para esse retorno às aulas para termos condições de garantir o presente e futuro das crianças. Do contrário, poderemos comprometer três anos letivos”, destacou.  

Protocolos sanitários  Os protocolos sanitários devem ser adotados nas escolas tanto na rede municipal quanto na privada. O ano letivo será de 256 dias, divididos em quatro unidades. As escolas irão funcionar de segunda a sexta e os alunos vão comparecer em dias alternados. No dia em que os estudantes não tiverem aula presencial, haverá aulas on-line e pela TV, além de estudos dirigidos e atividades impressas. 

Em relação aos protocolos específicos para impedir a disseminação da covid-19 na sala de aula, estão o distanciamento mínimo de 1,5m entre as carteiras. Já nas áreas comuns, haverá marcação no chão para bebedouros, banheiros e acesso aos refeitórios. Os bebedouros não poderão ser usados por esguicho - todos devem adotar de copos descartáveis ou individuais para consumo de água. Nos refeitórios, existirá uma redução do número de alunos por mesa. Caso não seja possível, a merenda será servida individualmente na sala de aula.  

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Conforme o plano elaborado para volta das atividades de classe, serão autorizadas a entrada dos alunos somente com fardas e com uso obrigatório de máscaras (exceto os que possuem autismo). Na chegada às escolas, a temperatura dos colaboradores, prestadores de serviço e estudantes deve ser aferida. Os que tiverem resultado igual ou superior a 37,5°C serão direcionados para acompanhamento no posto de saúde. No acesso às escolas, todos os colaboradores, prestadores de serviço e estudantes devem higienizar as mãos com água potável e sabão ou álcool 70%.  

Os horários de entrada e saída será de forma escalonada, para evitar aglomerações. Não será autorizada a entrada dos pais ou responsáveis nas unidades de ensino. Casos particulares serão tratados de forma específica, de acordo com a necessidade de cada aluno. O atendimento aos pais ocorrerá via e-mail, plataforma on-line, WhatsApp ou telefone. 

Qualquer pessoa da comunidade escolar que tiver suspeita de covid-19 será encaminhada para um posto de saúde. Recomenda-se ainda a utilização de tapetes higienizantes para limpeza dos calçados de alunos e funcionários.   

Ações da prefeitura na educação durante a pandemia  Desde que as aulas presenciais foram paralisadas por conta da pandemia, em março de 2020, a Prefeitura realizou diversas ações para dar suporte aos alunos matriculados na rede municipal. Dentre elas, foram mais de 160 mil cestas básicas distribuídas por mês, uma para cada aluno, disponibilização de atividades complementares, aulas online pela TV e a distribuição de chips de internet para 33 mil alunos usufruírem do conteúdo pedagógico virtual. Além disso, a gestão municipal entregou de tablets e chips para gestores escolares. 

Motivos para a volta às aulas  - Mais de 535 mil pessoas vacinadas: 27% do público alvo - Todos os idosos (mais de 60 anos) já receberam ao menos uma dose da vacina  - Até o início das aulas semipresenciais, 80% dos trabalhadores municipais da educação que atuam nas escolas já tomaram a primeira dose da vacina  - Escolas preparadas e insumos adquiridos 

Calendário letivo  - Será composto de 256 dias letivos, organizados em 4 unidades de 64 dias letivos cada - As escolas irão funcionar presencialmente de segunda a sexta   - As aulas presenciais serão em dias alternados: segunda, quarta e sexta em uma semana e na semana seguinte terça e quinta  - Nos dias em que os alunos não estiverem presencialmente na escola, irão realizar atividades não presenciais: aulas online, aulas pela tv, estudos dirigidos e atividades impressas 

Protocolos  - Entrada dos alunos com fardas, calçadas e com uso obrigatório de máscaras (exceto alunos com autismo) - Na chegada às escolas, a temperatura dos colaboradores, prestadores de serviço e estudantes deve ser aferida, e aqueles com resultado igual ou superior a 37,5°C devem ser direcionados para acompanhamento de saúde adequado/posto de saúde  - No acesso às escolas, todos os colaboradores, prestadores de serviço e estudantes devem higienizar as mãos com água potável e sabão ou devem realizar o uso de álcool 70%  - As escolas devem organizar as entradas e saídas de acordo com o segmento e porte da escola no sentido de auferir maior controle  - Não autorizar a entrada dos pais ou responsáveis nas escolas. Casos particulares serão tratados de forma específica, de acordo com a necessidade de cada aluno e escola  - Distanciamento mínimo de 1,5m entre as carteiras na sala de aula  - Marcação de chão para bebedouros, banheiros e acesso aos refeitórios  - Bebedouros não podem ser usados por esguicho; alunos devem adotar o uso de copos descartáveis ou individuais para consumo de água  - Redução do número de alunos por mesa. Caso não seja possível, servir a merenda individualmente na sala de aula  - Pais e responsáveis não podem acessar a escola  - Os estudantes, professores e outros funcionários que forem identificados com suspeita de covid-19 devem ser encaminhados para um posto de saúde;  - Recomenda-se a utilização de tapetes higienizantes para limpeza dos calçados de alunos e funcionários 

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro