Caminhão invade posto de combustível, mata duas pessoas e atropela outras quatro

Feridos foram levados para HGE, hospitais do Subúrbio, Municipal e Eládio Laserre

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  • Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2018 às 07:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Um caminhão desgovernado atropelou seis pessoas, por volta das 6h40 desta terça-feira (17), na Rua Mocambo, no bairro do Trobogy - uma das vítimas morreu no local e uma outra morreu no Hospital do Subúrbio, por volta das 11h50. O motorista do veículo, de transporte de entulhos, perdeu o controle da direção, subiu a calçada, invadiu um ponto de ônibus e só parou dentro de um posto de combustível. 

De acordo com testemunhas, o caminhão trafegava pela Avenida Aliomar Baleeiro, sentido Paralela, em alta velocidade. Após entrar em uma curva, na Rua Mocambo, em frente à igreja Universal, o motorista perdeu o controle após desviar de um coletivo. O caminhão então invadiu o ponto de ônibus em frente ao posto de combustível BR, atropelando os pedestres.

A vítima fatal que morreu no local foi identificada como Elinaldo Gonçalves, 53 anos. Ele estava caminhando em direção ao trabalho quando foi atropelado. Elinaldo trabalhava há 20 anos como porteiro no condomínio Asa que fica na Rua Ubirajara Rebouças a cerca de 1 km de distância do local do acidente. Ele morava no bairro da Nova Brasília e ia, às vezes, a pé, para o serviço.  Porteiro caminhava quando foi atingido por caminhão desgovernado; ele morreu no local (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A moradora do condomínio Maria de Lourdes, 80, disse que Elinaldo era um homem pontual e querido por todos. Os moradores estranharam nesta terça-feira o atraso da vítima. Ele entrava no trabalho às 7h e largava às 19h. No condomínio, após o acidente, moradores e colegas de trabalho do porteiro colocaram uma lona preta em sinal de luto."Ele era uma pessoa boa, do bem, todo mundo o conhecia. O porteiro que estava no turno oposto e que esperava por ele, foi quem me avisou sobre o acidente", conta. A comerciante Jane Márcia, 39, também morava no condomínio que o porteiro trabalhava. Ela foi até o local do acidente para ver a remoção do corpo do porteiro. "Era todo o dia o mesmo horário, pontualmente, um profissional exemplar. Estranhei porque cheguei no condomínio e vi que outro porteiro ainda estava lá. Aí fui avisada da morte dele".

Um equipe de peritos do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) chegou por volta das 10h30. Às 11h40, o corpo de Elinaldo foi retirado do local. Aos seus familiares, os peritos entregaram o seus pertences: dois celulares e a marmita que ele levava para o trabalho.

A ex-esposa do porteiro, que preferiu não se identificar, disse que estava em casa quando recebeu a notícia. Ela assistia televisão quando faltou energia. Não imaginava, no entanto, que a interrupção do serviço tinha relação com o acidente que vitimou o pai do seu filho de 1 ano. "É uma dor que eu não consigo explicar, que eu não desejo pra ninguém. Ele sempre esteve presente, não sei como vai ser porque ele sempre ajudou em tudo. Como vou explicar pro meu filho lá na frente?", lamenta. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A frentista Hildes Estrela trabalhava no momento em que o acidente aconteceu. Ela estava ao lado de um das bombas do posto, de costas, quando escutou um forte barulho. 

"Eu estava abastecendo um carro. Aí ouvi um barulho e saí correndo. Eu não sabia o que estava acontecendo. Pensei que tinha acontecido alguma coisa com meus colegas. Depois de correr, olhei para trás e vi muita gente no chão. O homem morto e outras deitadas gritando", contou. 

Após o acidente, de acordo com testemunhas, o motorista, abalado, continuou no local a espera do socorro. Ele foi encaminhado para a 10ª Delegacia (Pau da Lima) onde prestou depoimento. 

Viaturas do Samu, do grupamento Salvar, do Corpo de Bombeiros, foram para o local. Segundo a Transalvador, o caminhão também atingiu um poste de energia elétrica. A Coelba e a Polícia Militar também estavam com equipes no posto de combustível. 

Por volta das 10h, a Transalvador fechou o acesso ao Trobogy para que o trabalho da perícia fosse feito.

Vítimas  Os feridos receberam no local atendimento de equipes do Samu. Vanessa Brito Santos, 28, teve fraturas múltiplas e foi levada para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no final da manhã.

Débora Dias, 26, foi encaminhada para o Hospital Eládio Lasserre, com escoriações. Uma terceira vítima, Samira Mercês de Souza, 16, foi socorrida por uma ambulância do Salvar para o Hospital Geral do Estado (HGE). 

Duas adolescentes de 16 anos foram encaminhadas para o Hospital Municipal de Salvador: Gleiciane Santos Rocha, com suspeita de fratura na bacia, e Carine Barbosa dos Santos, com fratura e escoriações. Elas estão estáveis. 

Motorista na delegacia O caminhão, de placa PKT 2922, pertence à empresa Dynâmica Engenharia. O motorista, identificado como Mauricio Costa, foi levado para a 10ª Delegacia (Pau da Lima), onde prestou depoimento na manhã desta terça. 

Um funcionário da empresa, que preferiu não se identificar, informou que o motorista não ficou ferido. "Ele não ficou ferido, mas está em estado de choque. Ele está na delegacia e estou resolvendo a retirada do caminhão de dentro do posto", afirmou o homem que não soube informar o roteiro da viagem que o motorista faria.De acordo com a Coelba, o sistema de proteção da rede elétrica atuou no local e, por segurança, o fornecimento de energia elétrica foi interrompido no local logo depois da batida. 

"Neste momento, apenas oito clientes estão sem o fornecimento, no trecho no qual as equipes técnicas da Coelba estão trabalhando para fazer a substituição do poste e recomposição da rede elétrica. Até o final do dia o trecho estará 100% normalizado", informou a Coelba, em nota.

O posto de combustível invadido pelo caminhão tem duas bombas de abastecimento, nenhum frentista ficou ferido e não houve prejuízos. 

Alguns moradores disseram que o ponto de ônibus onde houve o acidente é irregular. Procurada, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) contradisse essa informação. Segundo o órgão, a parada é regular, funciona legalmente como um ponto de ônibus e não tem estrutura apenas por falta de espaço. 

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier