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Campanha de empresários visa gerar 500 mil empregos na Bahia


 

Movimento nacional pede que cada empresa contrate pelo menos um funcionário

  • Da Redação

Publicado em 13/11/2018 às 19:32:00
Atualizado em 19/04/2023 às 03:42:05
. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Com expectativa de criar pelo menos 500 mil empregos no estado e 5 milhões em todo o país, industriários e comerciários baianos participaram do lançamento de uma campanha nacional contra o desemprego nesta terça-feira (13), em Salvador.

O movimento, criado na Bahia, e que deve ter até uma plataforma digital chamada Empregômetro (ver mais abaixo), estimula que cada empresa do país contrate, a partir do dia 2 de janeiro de 2019, pelo menos um funcionário com carteira assinada. Até agora, 50 mil empresas baianas já aderiram à campanha e outros 17 estados também estão participando.

"Nós esperamos que, com a divulgação, 500 mil façam essa adesão no estado", afirmou Juan Lorenzo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), presidente do Grupo Indeba.

A campanha – que os idealizadores fizeram questão de frisar que é apartidária – surgiu com uma inquietação do diretor do Sindicato da Indústria de Cosméticos e Perfumaria do Estado da Bahia (Sindcosmetic-BA) e diretor suplente da Fieb, Carlos Alberto Barduke.“Eu trabalho há 40 anos na Bahia como industrial e fiquei cansado de esperar que o governo resolvesse o problema. Pensei no que eu poderia fazer diante desse cenário de desemprego e resolvi contratar um jovem para a fábrica. Ele iria fazer tudo e ficar na fábrica das 8h às 17h. Até mesmo a educação pessoal dele eu iria cuidar”, contou o industriário.“Depois que cheguei em casa, ainda senti que isso era muito pouco e tive a ideia de criar essa campanha. Se um empresário fizer investimento em um ser humano com R$ 1 mil, em 3 anos, nós mudaremos o cenário do Brasil ”, acrescentou Barduke, durante a apresentação da campanha Empresários Unidos Contra o Desemprego, na Casa do Comércio, na Avenida Tancredo Neves. Carlos Alberto Barduke, do Sindcosmetic-BA, um dos idealizadores da campanha (Foto: Marina Silva/CORREIO) A iniciativa poderá ajudar pessoas como Sandro Santana, 37 anos, que há nove meses foi demitido de uma empresa onde atuava com Serviços Gerais e, desde então, busca recolocação. Ele é apenas um de 1,2 milhão de pessoas na Bahia que estão desocupadas, ou seja, não estão trabalhando e estão procurando trabalho.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do segundo trimestre, do total da Bahia, a capital concentra 301 mil pessoas desocupadas, a 3ª maior desocupação dentre as capitais.

Em busca do emprego e com um filho recém-nascido, Sandro tenta a vida na cidade vizinha e mudou-se de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), para a capital, há cerca de um mês, em busca de um novo emprego. “Vim para morar na casa do meu pai. Cheguei há uma semana e já estive no SIMM [Serviço Municipal de Intermediação de Mão-de-obra] duas vezes, mas até o momento não consegui encontrar nada. Fiz um curso de segurança para tentar apostar em outra área”, conta.

A ideia da campanha, que ainda está sendo estruturada, é de que as empresas contratem o profissional por pelo menos três meses – o período de experiência – e, a depender do desempenho dele, que o novo colaborador se mantenha empregado após esse período. O regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e os direitos trabalhistas devem ser assegurados pelos empresários.

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A medida também pode auxiliar a busca de Alcimar Pacheco, 50, que atualmente se vira como pode trabalhando com pequenos reparos feitos em residências. Para ele, ser autônomo tem suas vantagens: não precisar bater ponto e poder rejeitar algum serviço caso não o agrade.

Trabalhar por conta própria, no entanto, não lhe assegura alguns direitos garantidos pela CLT, como férias e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Por conta disso, Alcimar decidiu ir em busca de um emprego formal, na manhã desta terça (13), no SIMM, no bairro do Comércio, mesmo sabendo que o seu faturamento em uma empresa pode ser bem menor em relação aa que ganha hoje, algo em torno de R$ 2 mil.

Há quatro anos, o autônomo pensando em entrar no mercado de trabalho formal, iniciou um curso de vigilante, que lhe custou R$ 800. Na área da segurança, ele pretende, além de ter os direitos trabalhistas, ter uma rotina mais tranquila. A última vez que teve a carteira assinada foi por uma empresa da construção civil há sete anos.

“O meu corpo já tá demonstrando que eu preciso de algo mais leve. A construção civil é uma área que demanda muito esforço e quero ter algum tipo de segurança no futuro, mas está complicado voltar novamente ao mercado. Hoje, por exemplo, não tinha nada que eu pudesse me encaixar; semana passada também, não”, conta Alcimar.

Adesão O vice-presidente da Fieb, João Baptista Ferreira, tem indústria de panificação e empresas do ramo de alimentação em Feira de Santana. Ele afirmou que contatará três ou quatro funcionários por conta da campanha.“Quando o empresário pensa e vê que ele pode fazer muito com muito pouco dinheiro, deixa-se de ter uma despesa e vira um investimento. E é um valor pequeno que pode dar um resultado muito grande”, observou.O empresário ainda ressaltou que espalhou a ideia em todas as últimas reuniões grandes que teve e que, com isso, já conseguiu apoio de outras empresas na região.

Assim como ele, o empresário Lúcio Rocha, diretor da rede Imaginarium em Salvador e em Sergipe, afirmou que também contratará funcionários por conta da campanha. “Eu tenho seis empresas, sendo cinco na Bahia. Devo contratar entre seis e 10 pessoas. Ainda estamos analisando, mas é importante aderir à campanha, e eu vou auxiliá-lo. Essas pessoas terão seus contratos de experiência, seus 90 dias para comprovarem a que vieram”, disse.

Empregômetro No início do mês que vem a campanha será difundida em São Paulo e em Brasília. A ida às capitais se dá por conta de suas importâncias econômica e política, respectivamente. “Teremos um grande lançamento em São Paulo, que é a vitrine econômica do nosso país, e depois iremos caminhar para Brasília, 'a capital do poder', vamos dizer assim”, disse Raul Menezes, presidente do Sindcosmetic-BA.

Para acompanhar a quantidade de empresas que vai aderir à campanha e as pessoas que procuram essas vagas, um sistema está sendo desenvolvido pelos empresários baianos.

O nome que está sendo estudado é “empregômetro”, uma comparação com o “impostômetro”, que mostra o total de impostos e taxas pagos pelos brasileiros. Ele mostraria a quantidade de empresas que aderiram e de empregos que foram gerados.

“O sistema vai quantificar geralmente essa oferta e procura da campanha. A ideia é ter essa plataforma com ofertas de vagas e com as pessoas que estão em busca de um emprego”, explicou o diretor da Fieb, Murilo Xavier. Murilo Xavier, diretor da Fieb (Foto: Marina Silva/CORREIO)