Cantina da Lua tem mesas e cadeiras recolhidas após dívida trabalhista

A dívida atualizada está em mais de R$ 12 mil

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  • Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2018 às 19:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Roberto Viana/Arquivo CORREIO

A manhã desta quinta-feira (3) para Clarindo Silva, proprietário da Cantina da Lua, um dos mais tradicionais bares do Pelourinho, em Salvador, foi atípica. Um oficial de Justiça visitou o local para recolher 17 conjuntos de mesas e cadeiras como pagamento de uma dívida trabalhista que chega a R$ 12.588. Ainda assim, uma parte não foi quitada.

Clarindo foi processado em 2011 por uma ex-funcionária da cantina. Em 2012, houve um acordo entre as partes, e o empresário negociou para pagar a dívida em 11 parcelas, que somavam, na época, R$ 15 mil. A determinação não foi cumprida.

Com a falta de pagamento, a Justiça do Trabalho promoveu um leilão dos conjuntos de mesas e cadeiras em agosto de 2017. Os bens foram arrematados no pregão."Meu advogado entrou com um recurso na Justiça alegando que eles [conjuntos de mesas e cadeiras] são meus instrumentos de trabalho. Mas o juiz não acatou", explicou Clarindo, sentado em uma das novas mesas postas no local.Ele contou que, com a ajuda de amigos, pretende comprar de volta os móveis levados pela Justiça.

Apesar da situação financeira, Clarindo descarta a possibilidade de fechar a Cantina da Lua. "Isso aqui é um marco de resistência do Centro Histórico. Espero que eles [Justiça] tenham a sensibilidade de ver que isso aqui não é um bar qualquer", comentou. 

Cantina da Lua O restaurante foi inaugurado em 1945, no Largo Terreiro de Jesus, no Pelourinho. Porém, Clarindo Silva assumiu o estabelecimento em 1971, e se tornou uma figura ilustre do Centro Histórico, junto com seu estabelecimento.

Desde então, a Cantina da Lua recebeu a visita de figuras ilustres e o reconhecimento da população e do estado pelo seu papel social. Não à toa, Clarindo recebeu alguns títulos e homenagens. Entre eles, a posição de Comendador da Cultura e das Artes da Bahia em 2007, dado pela Universidade Corporativa das Américas. 

"A Cantina da Lua é a porta do Pelourinho. Vários eventos foram realizados aqui, além de lançamentos de livros. Isso não pode ficar assim", desabafava a escritora Hildete Cordeiro, amiga e admiradora do trabalho de Clarindo, que foi visitá-lo após a medida judicial.