Chapada Diamantina começa a produzir o Catchup de Morango, que já está no mercado

Molho criado pelo chef Renato Lobão reúne ingredientes produzidos por agricultores da região

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  • Ronaldo Jacobina

Publicado em 16 de janeiro de 2021 às 10:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Contrariando a teoria de que nada se cria tudo se copia, o chef de cozinha, Renato Matos Lobão, que comanda o restaurante Sertãozinho Burger & Steak, na cidade de Mucugê, na Chapada Diamantina, inventou um catchup de morango que já começa devagarinho a trilhar o caminho do mercado. 

O produto, apresentado em potinhos de vidro de 240 ml e 330 ml, foi patenteado e já pode ser adquirido, inclusive na versão zero açúcar, em três pontos de venda da capital baiana: Confraria das Ostras (em Alphaville e na Ceasinha do Rio Vermelho) e na loja Puro Saudável, na Praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba.   (Divulgação) O produto está disponível em dois tamanhos em lojas da capital baiana De sabor levemente adocicado, como é praxe nos catchups tradicionais, o da Chapada é mais leve e tem sabor mais equilibrado que predomina o gosto da apetitosa fruta vermelha, com ligeiro toque do tomate. 

À mistura dos dois ingredientes junta-se gengibre, tamarindo, açúcar, mix de pimentas, manteiga de garrafa, cachaça e vinagre de arroz e está pronta a pasta que tem aroma sutil e boa cremosidade. 

Para quem está acostumado ao catchup tradicional, aquele industrializado, a diferença pode ser quase imperceptível ao paladar comum, mas o sabor mais apurado, resultado do equilíbrio e do frescor dos ingredientes naturais – todos produzidos na região – faz dele um produto superior e mais versátil.  (Divulgação) Chef autodidata Renato Matos Lobão é o inventor do catchup de morango Para além dos sanduíches, o catchup de morango pode ser usado em diversos outros pratos devido ao seu leve e sutil sabor agridoce que cai bem com carnes, peixes e aves, especialmente o pato, que por sinal é uma das matérias-primas do hambúrguer produzido por Lobão. 

Fica a dica para os experientes e atentos chefs de cozinha que primam por ingredientes que valorizam a cadeia produtiva que envolve todo o sistema da agricultura familiar. 

Descoberta por acaso

A ideia do catchup de Morango surgiu meio que por acaso como aliás, segundo o inventor, tem sido praticamente todos os pratos criados por ele que é chef autodidata e que já ganhou elogios do midiático Claude Troisgros quando este visitou seu restaurante enquanto passava pela região do cerrado baiano em uma de suas viagens de motocicleta pelo país. 

“Difícil de comer na histórica Mucugê. Encontrei um hambúrguer todo caseiro no Sertãozinho, delicioso! Comi 2”, escreveu o chef francês em suas redes sociais. (Reprodução/Instagram) Chef francês Claude Troisgros no Sertãozinho, em Mucugê O hambúrguer ao qual Troisgros se refere é o carro-chefe do restaurante do baiano que surgiu durante uma de suas despretensiosas incursões na cozinha. “Estava preparando polpetone para jantar e durante o preparo o bolinho de carne caiu da minha mão e achatou, daí resolvi transformar num hambúrguer”, conta.

Os amigos aprovaram a criação e já no São João daquele ano lá estava Lobão com uma barraca montada na rua vendendo seu hambúrguer. “Vendi 400 durante os dias de festa”, lembra. 

Daí para abrir o endereço fixo que tem hoje foi uma longa jornada que passou por uma ida ao Rio de Janeiro, prevista para durar quatro dias e que acabou se estendendo por nove meses. 

“Um dos amigos do Claude Troisgros que esteve com ele aqui me ligou e me convidou para abrir um restaurante no Rio que acabei desistindo da parceria por discordar da proposta ou talvez por imaturidade naquela época”, diz. 

Mas essa é outra história. De volta a Chapada Diamantina, Lobão decidiu que se firmaria ali, deixando para trás a carreira de Direito – curso que concluiu, mas nunca entregou a monografia – e o trabalho na área de publicidade. 

Desde que montou o restaurante o objetivo era explorar ingredientes da região valorizando a agricultura familiar local e garantindo a qualidade dos pratos que servia.  (Divulgação) O morango usado na produção do catchup é cultivado na Chapada  “A riqueza da produção agrícola na Chapada, especialmente a de morangos, me encantou e queria criar alguma coisa com a fruta, mas não sabia ao certo o que seria”, diz. 

Certa feita, enquanto preparava uma geleia de tomate, deu o clique. “Vi aquele doce vermelho e pensei: o morango também é vermelho, tudo é doce, posso misturar os dois e acrescentar outros ingredientes, inclusive azedos, que vai funcionar”, brinca. Adicionou tamarindo e gengibre e conseguiu o sabor agridoce que esperava. Estava pronto o catchup.

“Minha cozinha é intuitiva e sempre dá certo de primeira, não sou de ficar experimentando, vou levando na intuição, combinando os sabores e acabo acertando”, conta o chef sem falsa modéstia.

Foi assim, nessa onda intuitiva que introduziu o seu catchup no seu restaurante. “As pessoas experimentavam e queriam levar pra casa, era uma perseguição”, brinca.

Até que um dia, quando o catchup já era famoso localmente, o chef recebeu a visita de um representante do Sebrae que incutiu na sua cabeça que estava na hora de patentear o produto. “O pessoal do Sebrae foi que me orientou e me ajudou a registrar o produto”. 

Feito, agora Lobão aguarda sair o restante da documentação dos órgãos de controle para ampliar a produção que atualmente é de cerca de mil unidades/mês. 

Para isso, diz ele, é preciso encontrar investidores interessados na sua criação para montar uma unidade fabril e assim poder produzir em escala para alcançar o mercado nacional.  (Divulgação) O chutney de banana da Terra também está no portefólio da Sertãozinho  No momento, com a ajuda do Sebrae, o chef está em tratativas com os mercados europeus e asiáticos para comercializar a patente do catchup e de outros dois itens que está produzindo em pequena escala: chutney de banana da terra (potinho com 270 ml) e barbecue de café (270 ml e 330 ml). 

Não fosse a pandemia, o baiano estaria embarcando para a China para participar da Feira de Xangai. “Os chineses já haviam me convidado e estávamos nos preparando para levar o produto, mas aí veio a crise sanitária e os planos, pelo menos por enquanto, foram adiados”, lamenta.

Por enquanto, sua linha de produtos artesanais vai ficando restrita ao mercado local, mas, se depender do entusiasmo do criador, seu catchup vai ganhar o mundo. “Tenho o produto, testado e aprovado, disposição para produzi-lo em larga escala, e estou aberto a propostas de investidores para juntos leva-lo para o mercado, inclusive o global”, aposta. Potencial tem!

ONDE ENCONTRAR:

Sertãozinho Alimentos Naturais: Renato Lobão 75 98322 5924 @purosaudavel @confrariadasostras @sertaozinho_mucuge