Cinco investimentos para ter uma aposentadoria sossegada

Especialistas indicam aplicações mais rentáveis que os planos de previdência privada

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  • Priscila Natividade

Publicado em 3 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Morgana Miranda/ CORREIO

Diante de uma iminente Reforma da Previdência Social, a preocupação dos brasileiros com a aposentadoria tem crescido. Só para se ter uma ideia, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprev), as reservas dos planos de previdência privada aberta totalizaram R$ 857,9 bilhões no primeiro trimestre de 2019, volume 10% superior em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Normalmente a previdência privada é um dos principais produtos recomendados pelos gerentes dos bancos como aplicação pra quem quer uma aposentadoria complementar. Na prática, nos planos PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), ambos são conservadores e de longo prazo. 

A diferença está no benefício fiscal. No primeiro, o Imposto de Renda (IR) só vai ser descontado no resgate ou da renda recebida quando ao fim do plano. O VGBL, por outro lado, é válido para quem vai demorar um tempo maior para resgatar. O IR vai incidir sobre os rendimentos do plano e não sobre o total de depósitos acumulado.

As aplicações não deixam de ser uma possibilidade de reserva financeira para daqui a 30 anos. Porém, as taxas de administração, carregamento e de resgate, por exemplo, podem comprometer o rendimento e acabar tornando a previdência privada uma mera poupança. 

Por isso, especialistas em finanças pessoais e investimentos junto com o CORREIO trazem, pelo menos, cinco opções de investimentos de longo prazo que podem garantir uma aposentadoria tranquila lá na frente - seja para os investidores com perfil mais conservador ou para aqueles mais arrojados (veja abaixo). 

Entre as opções listadas está o Tesouro IPCA, os fundos de Renda Fixa Simples, Fundos Imobiliários, os Robôs de Investimentos e as ações. “É difícil projetar se a proposta vai passar rápido pelo Congresso e como vai sair de lá. Independente das mudanças, quanto mais cedo o investidor começar a tocar esse pé de meia complementar, mais fácil ter uma estimativa quanto a sua renda lá no futuro", destaca diretor de produto e tecnologia do Guiabolso, Julio Duram. 

Antes de montar a sua carteira de investimento, um passo importante é identificar o perfil de risco, enquanto investidor. “A primeira armadilha a evitar é a da baixa rentabilidade. Compare o ganho proporcionado com o de outras opções. E nessa conta deve-se considerar os impostos e se o seu perfil é de alguém que quer mais segurança ou está disposto a arriscar”, acrescenta. 

APLICAÇÕES EM 30 ANOS* Veja na simulação o ganho líquido de cinco investimentos com aportes  de R$ 150 ao mês Ativo Valor aplicado Rentabilidade Total líquido Tesouro IPCA + R$ 54.000,00 7,99% R$ 187.353,40 Tesouro Selic R$ 54.000,00 7,57% R$ 173.813,72 Fundo de Renda Fixa R$ 54.000,00 7,35% R$ 167.173,03 Fundo Multimercado R$ 54.000,00 11,3% R$ 329.548,75 Fundo de Ações R$ 54.000,00 28,62% R$ 12.114.438,88 * Fonte: Simulação elaborada pelo educador financeiro e colunista do CORREIO, Edísio Freire. Em todos os cálculos, o total líquido já está descontado o Imposto de Renda (IR).

Plano B

Se o investidor está se perguntando se é preciso ser rico ou ganhar muito bem para começar a investir em um uma reserva financeira para a aposentadoria, a resposta é não. Há aplicações com aportes a partir de R$ 30, como no caso do Tesouro Direto, como explica o diretor comercial da Easynvest, Fabio Macedo, que destaca ainda o cuidado na hora de definir os prazos: 

“Dependendo de quanto tempo você dispõe até se aposentar, você poderá definir o quanto de risco poderá assumir no investimento", diz. "Outra dica é escolher instituições sólidas para investir, pois, como estamos falando de longo prazo, é essencial  ter segurança de que sua carteira estará segura até lá”, completa. 

Vale também pensar em uma carteira diversificada. A orientação é da sócia da BP Investimentos, Patrícia Falcão. “É muito importante na construção desta carteira balancear ativos de renda fixa, fundos imobiliários, renda variável. A diversificação de fundos vai permitir ir mudando ao longo dos anos, sem necessidade de resgate”, aconselha. 

Planejamento

Tornar o pé de meia realidade depende muito menos do INSS e muito mais de planejamento. Isto porque, de acordo com uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), oito em cada 10 brasileiros contam exclusivamente com a previdência pública para se aposentar. Só 19% tem um plano financeiro traçado para alcançar objetivos no que está por vim. Mas, de onde tirar a grana? 

O presidente da entidade, Reinaldo Domingos, recomenda que o valor aplicado dê um rendimento que seja o dobro do padrão de vida desejado. A orientação é rever prioridades e colocar a aposentadoria confortável no topo da lista dos sonhos. “Junto com a reforma da previdência as pessoas precisam mudar a relação com o dinheiro. Rever o seu custo de vida real e tornar a estabilidade futura uma meta de vida”. 

Na hora de montar este plano de aposentadoria, vale responder algumas perguntas. A sugestão é do sócio-fundador da plataforma de investimentos Mais Retorno, Danilo Ardenghi. “Muitos fatores têm que ser avaliados para construir um planejamento de aposentadoria. Aí temos quatro questões: 1) Com qual idade deseja se aposentar? 2)Quanto pode aportar mensalmente em seu plano? 3) Qual o valor gostaria de receber ao se aposentar? 4) deseja receber o valor mensalmente ou resgatar de uma vez?”, ensina.  

RENDA VITALÍCIA OU TUDO DE UMA VEZ? 

Uma dúvida que acaba tomando conta do investidor que opta pelo plano de previdência privada é se ele deve sacar de uma vez só aquele recurso que ficou ali guardado ou torná-lo uma renda vitalícia. Para o diretor de produto e tecnologia do Guiabolso, Julio Duram, a escolha vai depender do perfil deste investidor: 

“Normalmente uma opção de aposentadoria é uma ação de médio ou longo prazo. E até o dia chegar é muito tempo, muita coisa pode acontecer, principalmente na economia. Aí seria interessante ter todo o dinheiro na mão pra reaplicá-lo e talvez ganhar ainda mais”. 

A partir daí é diversificar  a carteira, como aconselha a  sócia da BP Investimentos, Patrícia Falcão “O melhor será ele usar este volume acumulado para investir em outros ativos, pois assim a tendência de ter melhores resultados é maior. Quando se opta por renda vitalícia as seguradoras acabam dando um rendimento nesta posição menor que a taxa de juros básicas do Brasil”. 

CINCO PLANOS ALTERNATIVOS 'A modalidade IPCA oferece rendimento de acordo com a taxa básica de juros', pontua o diretor comercial da Easyinvest, Fábio Macedo (Foto: Divulgação) 1. Tesouro IPCA  É muito simples investir: basta escolher uma plataforma de investimentos.  Há cotas a partir de R$ 30.  O Tesouro Direto é tão seguro quanto a poupança. A modalidade IPCA oferece rendimento de acordo com a taxa básica de juros, porém, protegendo da inflação, o que significa ter um ganho real no futuro. Caso o investidor mude de planos e queira resgatar o dinheiro antes do prazo do título, ele pode correr o risco de resgatar menos do que aplicou, pois este tipo de título é suscetível à marcação ao mercado – preço de venda do título no dia. Por isso, é importantíssimo o planejamento financeiro. Fabio Macedo é diretor comercial da Easynvest

'Nos últimos 12 meses, a rentabilidade do fundo ficou em torno de 5,3%', aponta o diretor de produto e tecnologia do Guiabolso, Julio Duram (Foto: Divulgação) 2. Fundos de Renda Fixa Simples  O investimento pode ser uma boa alternativa para os mais conservadores. Em alguns casos, pode ser mais arriscado, mas oferece uma boa rentabilidade em relação à poupança e pode ter uma baixa taxa de administração. Para investir é preciso procurar uma corretora ou um banco que ofereça essa opção. Nos últimos 12 meses, a rentabilidade do fundo de renda fixa ficou em torno de 5,3%. Caso você encontre um fundo com uma taxa de administração pequena (menos de 1%) é possível ter um ganho ainda maior. É importante ficar atento a estas taxas. Julio Duram é diretor de produto e tecnologia do Guiabolso

'Vale ter cuidado com as oscilações da cota', alerta a sócia daBP Investimentos, Patrícia Falcão (Foto: Divulgação) 3. Fundos Imobiliários Os fundos aplicados fazem muito sentido quando falamos de um investimento para longo prazo. O mercado financeiro é muito dinâmico, então o que está bom hoje não necessariamente estará bom daqui a 5 anos. É possível investir nos fundos imobiliários através de corretora. Vale ter cuidado com as oscilações do valor da cota. É uma aplicação indicada para o investidor de perfil moderado. Entre as vantagens está o fato receber mensalmente proventos isentos de Imposto de Renda (IR), além do potencial de valorização da cota do fundo. Patrícia Falcão é sócia da BP Investimentos

'Há opções com depósitos a partir de R$ 100', destaca o fundador do Yubb, Bernardo Pascowitch (Foto: Divulgação) 4. Robôs de Investimento O robô é uma empresa (fintech) que aloca o dinheiro do investidor em uma carteira personalizada de acordo com o objetivo da sua reserva financeira. Para a aposentadoria, é uma grande oportunidade de construir um patrimônio de acordo com o que deseja para o futuro. Quem quer investir precisa abrir uma conta na empresa escolhida. Há opções com depósitos a partir de R$ 100. Como é um serviço novo no mercado e uma parte do patrimônio é alocada em renda variável, os robôs são indicados para investidores com perfil de moderado a arrojado. Bernardo Pascowitch é fundador do buscador de investimentos Yubb

'Quem não sabe como escolher as ações, o melhor caminho é escolher os fundos de ações', orienta o sócio da Mais Retorno, Danilo Ardenghi (Foto: Divulgação) 5. Ações O investimento em ações está atrativo neste momento de bolsa em alta. Comprar uma ação é bem simples, assim como o fundo imobiliário ou previdência privada, basta ter um cadastro em uma boa corretora de valores e comprar através do Home Broker. Para quem não sabe como escolher as ações de sua carteira, o melhor caminho é optar por  alguns fundos de ações  que contemplam o investimento em várias ações, como é o caso do BOVA11, DIVO11, PIBB11. Como se trata de renda variável, o ativo é recomendado para investidores com perfil arrojado ou agressivo. Danilo Ardenghi é sócio-fundador da  Mais Retorno

NA HORA DA ESCOLHA

Contrato Antes de optar por qualquer produto,  é importante lembrar que os gerentes de banco têm metas mensais que precisam ser batidas. Algumas delas envolvem a venda de produtos como a previdência. Fique atento às condições de contratação, taxas de administração, resgate e rentabilidade. 

Ganho  Por falar em rentabilidade, não deixe de comparar também as taxas cobradas em cada tipo de aplicação. E nessa conta deve-se considerar o ganho real. Dependendo do valor, essas taxinhas podem acabar com os ganhos tão desejados e oferecer um resultado final parecido ou até menor que opções mais comuns, como a poupança.

Perfil  Escolha um investimento compatível com seu perfil: conservador, moderado ou arrojado. Também é importante ter planejamento financeiro. É ele que irá ajudar a escolher os melhores investimentos e a quantia a ser investida.

Diversificação  Aqui vale o velho ditado de não colocar todos os ovos na mesma cesta.  A diversificação é importante para reduzir risco.