Cinco situações que podem atrapalhar sua promoção no trabalho

Medo do fracasso, comportamentos negativos, baixa autoestima: cuidado, você pode estar se autossabotando

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  • Priscila Natividade

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Morgana Miranda/ CORREIO

Há quem pense que o problema da promoção está no chefe, no colega da mesa ao lado, no ambiente de trabalho, mas, acredite, é provável que o real motivo esteja ali bem mais perto do que se imagina. O próprio profissional pode estar se sabotando. Se ele não acredita na sua capacidade em desempenhar uma tarefa, está sempre se comparando aos outros, tem comportamentos individualistas ou perfeccionistas demais, é preciso ligar o alerta. 

O conselho é do gerente sênior de Operação Norte-Nordeste da Recrutadora Michael Page, Marcelo Botelho. O especialista listou cinco situações que atrapalham sua promoção (veja abaixo). 

“A síndrome do impostor está relacionada a um tipo de fobia. Metas agressivas e inatingíveis, autocobrança exagerada, dificuldade trabalhar em equipe, baixa autoestima podem gerar ansiedade, estresse e até criar uma repulsa no ambiente de trabalho ou, em casos mais graves, chegar em um quadro depressivo”, explica o especialista.

O especialista defende ainda que é fundamental ter a capacidade de se autoquestionar. “O grande ponto é que as pessoas buscam sempre olhar para o lado antes de olhar a si próprio. ‘Será que eu realmente estou no ambiente certo?’, ‘Meu propósito está conectado com o da empresa?’. São perguntas que devem ser feitas ao invés de se comparar com os outros ou só reclamar que está sendo mal pago”, diz.

O receio de arriscar e sair da zona de conforto também é um vilão, como acrescenta Botelho: “ficar ali no mesmo processo, sem vislumbrar crescimento ou estar de olho em oportunidades dentro da empresa por se achar menos qualificado ou por insegurança acabam contribuindo para esta autossabotagem”. 

Hábitos sabotadores

Não foram poucas as vezes que a psicóloga organizacional Taís Santos acompanhou situações de autossabotagem que chegaram à área de Recursos Humanos da empresa onde trabalha. “Uma profissional estava em período de experiência e levou uma advertência. Chegou ao RH chorando pedindo demissão. Tentamos conversar com ela, mas estava irredutível. Dois dias depois ela voltou, pedindo para permanecer. Até ela entender que desistiu sem nem tentar foi um longo processo”, conta. 

A psicóloga pontua que há profissionais que se boicotam até mesmo na hora da entrega do currículo. “É complicado um trabalhador que chega pra gente e diz que aceita qualquer coisa, que faz qualquer serviço, mesmo que traga uma vasta experiência de outras empresas. E aí esse profissional já se coloca pra baixo, antes mesmo de ser contratado”. 

Para ela, o que há, na verdade, é uma dificuldade em “se vender” enquanto profissional. “A gente percebe que as pessoas que se autossabotam não confiam na sua capacidade, nem acreditam no seu potencial. O discurso delas é sempre 'eu não sei se está bom', 'não sei se fiz certo'; perguntam a outra pessoa, esperando uma aprovação e geralmente tende a ceder à opinião alheia, apesar de, muitas vezes, a própria ser mais coerente”, fala.

Botelho concorda com Taís, principalmente quando o profissional acaba apresentando comportamentos negativos sem nem perceber: “Por isso, o alinhamento das expectativas entre carreira e o lugar onde trabalha é extremamente importante”, completa.     

CINCO COMPORTAMENTOS QUE LIGAM O ALERTA DA SÍNDROME DO IMPOSTOR

1. Baixa autoestima:  Falta de confiança  Se achar incapaz ou que não merece estar naquela posição ou que não tem habilidade suficiente são só algumas características que apontam para uma baixa autoestima, como alerta o gerente sênior de operação da Michael Page, Marcelo Botelho: “o profissional acaba achando que não está preparado e isso começa a gerar problemas”. 

2. Medo do fracasso: E se não der certo?  A insegurança também pode ser um comportamento que está afastando o  profissional de uma possível promoção. “É outro ponto latente que incomoda muito. Há uma tendência muito grande deste profissional se achar menos competente do que o resto da equipe. Muitos acabam se mantendo naquela zona de conforto, o que não é legal”, avalia Botelho.

3. Comportamento negativo: Queixas e mais queixas  ‘Meu salário é ruim’, ‘Ñão sou valorizado como deveria’. A culpa é sempre do outro - do colega, da empresa, do gestor. Mas falta se perguntar: ‘o que eu estou fazendo para melhorar esta situação?’. O autoconhecimento é fundamental. É preciso entender o seu perfil  e se ele está conectado ao da empresa que trabalha”, destaca o especialista. 

4. Autossabotagem: boicote  O excesso de comparações com outros colegas para justificar suas entregas, assim como acabar se envolvendo em situações em que se expõe de forma negativa são alguns dos sinais de que o profissional está se autossabotando, como acrescenta Botelho: “Pessoas que têm um nível de oscilação comportamental muito forte precisam ficar atentas”. 

5. Perfeccionismo exagerado: metas inatingíveis  Tarefa entregue e feedback positivo. Mesmo assim o profissional fica com aquela sensação  de que poderia ter feito mais e melhor. O problema não é ser perfeccionista é beirar ao exagero: “Você olha para a tarefa e pensa que é a única pessoa capaz de executá-la, e então passa a achar que não precisa de ninguém. Não se cobre demais”, diz Botelho.