Com mudança na Uber, passageiros temem esperar mais por corrida

A empresa lançou visualização do destino final da viagem para os motoristas

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Publicado em 8 de agosto de 2019 às 11:29

- Atualizado há um ano

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Solicitar um transporte por aplicativo quando se tem pressa para chegar a locais em que os coletivos não circulam ou mesmo evitam perambular tarde da noite por questões de segurança. São nestas ocasiões em que a demora do serviço prestado provoca aperreios e temor aos passageiros. Acontece que a Uber anunciou que o destino do final da viagem será informado aos motoristas antes dele aceitar a corrida. Algo que já ocorre em plataformas concorrentes. Se por um lado, isso beneficia os profissionais, há, também, a possibilidade de que os cancelamentos sejam mais frequentes. Até a última semana, essa informação era acessada depois que o passageiro estava no carro e a viagem era iniciada. Os relatos são de desistência quando o trajeto é muito curto e, consequentemente, menos rentável, ou em casos de bairros mais distantes. Há também depoimentos de recusas quando o pagamento não é via cartão ou o passageiro não é bem pontuado no app. O questionamento que se levanta é: se havia negativas antes, poderão ocorrer mais com a nova logística? Isso aumentaria ainda mais o tempo de espera pelo carro?

A operadora de telemarketing Caliandra Ribeiro, 23, conta que já houve situações em que a viagem partindo de onde mora, no bairro Vila do Mar, em Fortaleza, foi cancelada. "Atrasei-me para o compromisso. Ele, pelo menos, poderia ter avisado que não viria", questiona.

De acordo com a empresa, a medida visa transparência para os trabalhadores. "Ter mais informações sobre a viagem antes de seu início é uma demanda recorrente dos motoristas e nosso objetivo é atender essa solicitação da melhor forma possível e sem impactar a experiência dos usuários", explica Fabio Plein, diretor de Operações da Uber no Brasil.

Questionada sobre o impacto negativo para os consumidores, a multinacional respondeu, por meio de nota, que existe um monitoramento para observar quando há cancelamentos e que a conduta está prevista na Política de Desativação.

O motorista de aplicativo Alisson Cavalcante, 44, relata que locais mais distantes e considerados como perigosos são evitados. No entanto, afirma que não se nega a continuar a rota após aceitar a corrida, mas agora faz uma análise antes de aceitá-la.

"Vou para todo lugar. Mas, há dois anos na atividade, a gente pega um certo feeling. Tem alguns lugares que são perigosos", diz, lembrando que já passou por situações perigosas. "Às vezes, a pontuação do passageiro não é muito boa e a gente tem que ser cautela", diz. Ele reclama que, para a categoria, há pouca possibilidade de garantir a segurança e que o cartão é uma certeza de que o cliente está cadastrado, eliminando mais um risco.

Os transtornos em casos de desistências são vários. A esteticistas Meire Lima, 33, não conseguiu chegar a tempo para consulta médica. "Acabei perdendo o compromisso e isso já aconteceu algumas vezes", lamenta.

De acordo com o presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB- CE), Sávio Aguiar, o cliente que se sentir lesado pode formalizar uma reclamação no Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon) ou Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon). "É uma negativa de prestação de serviço. O órgão vai apurar, abrir o processo, a empresa vai ser intimada para apresentar suas razões e fazer o julgamento se houve ou não fica a encargo dos órgãos", explica.

Personagem A administradora Renata Peixoto, 35, usa o serviço de transporte de aplicativo com frequência. Conta que foram poucas as ocasiões em que houve cancelamento. "Apenas quando não encontram o endereço e acabam cancelando", exemplifica. "Mas eu costumo mandar uma mensagem para o motorista explicado onde estou", complementa. Para ela, é positivo que os profissionais tenham a opção de saber o destino final e a escolha de aceitar ou não a corrida. Pondera, no entanto, que isso não deve ter custo ao usuário e somente ao condutor, como já ocorre. As informações são do Jornal O Povo.