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Priscila Natividade
Publicado em 4 de abril de 2021 às 16:00
- Atualizado há 2 anos
Linha, agulha, tecido e uma memória afetiva. E, assim, o nó virou laço, desde que Marília Sousa, de 24 anos, tomou gosto pelo bordado logo no início da pandemia, quando decidiu aprender a técnica. O que era uma tentativa de afastar o tédio do isolamento necessário ao momento se tornou mais que um hobby para passar o tempo em casa, virou um negócio. Há quase um mês, ela criou a Nós por Nós Bordados e Crochê com Carinho (@nospor.noss).>
Em menos de 30 dias, já são 20 peças vendidas e também a bordagem de 50 ecobags para o lançamento de um livro. Assim como cada peça se constrói ponto a ponto, o faturamento do negócio também: mesmo no comecinho, o trabalho artesanal de Marília já lhe rendeu, até agora, quase R$ 2 mil.>
“Após terminar a faculdade, resolvi gerar uma renda através disso. Já foi um início muito gratificante para mim. Eu adoro transformar uma foto em bordado no tecido. E no crochê, eu gosto muito de tecer pets e personagens. Espero que conforme a loja vá crescendo eu possa ajudar meus pais nas contas de casa e me manter de forma independente”, afirma Marília, que se formou em janeiro em design de moda pela Unifacs.>
Não pense que ela aprendeu a bordar e tricotar com a avó. Foi no YouTube mesmo. “Comecei com vídeos em canais, depois fiz um curso online. Nunca tive contato com bordado antes, mas tinha com a costura. No tédio da pandemia, resolvi me aventurar para ver como era e me apaixonei”.>
As peças para pets são as mais procuradas. A depender do tamanho e da complexidade, Marília leva, geralmente, de 2h a 12h para finalizar um trabalho. Cada cliente gasta em média R$ 60. “A maioria quer eternizar fotos, animais, personagens e gosta de produtos feitos à mão. É incrível como nos sentimos parte de cada uma das encomendas. Uma peça que me marcou foi o Remy, do filme Ratatouille, da Disney, que fiz para um grande amigo chef de cozinha”, afirma.Os amigurumis também estão entre os preferidos. A técnica de crochê japonesa para a criação de bichinhos e bonecos de tricô surgiu nos anos 80 e faz sucesso pela fofura e capricho. “Minha primeira peça foi um gatinho laranjado. A ideia de trabalhar com eles veio, justamente, da possibilidade de personalização de cada bichinho”.>
Para ela, a exclusividade faz toda a diferença. “Converso bastante e tento absorver cada ideia do cliente. Na minha primeira peça fui atrás de um pingente daqueles de coleira para colocar no amigurumi e deixá-lo mais parecido com o pet de estimação”, pontua.>
Nós Em cada peça vai, ainda, uma dose de carinho, que Marília fez questão de colocar até no nome da marca. “Um dos motivos por ser Nós por Nós é a minha consciência de que, mesmo enquanto indivíduos, somos também coletivos e que nesse momento específico da pandemia a gente precisa muito se agarrar às conexões que temos e que queremos manter vivas, apesar dessa distância social que o vírus nos impôs”.>
O isolamento na pandemia impulsionou bastante o surgimento do negócio. “Essa questão toda do distanciamento tem mexido muito comigo. Sempre fui agitada, gosto de estar fazendo algo, porém, desde o início, eu tenho seguido bem a quarentena, mesmo não tendo conhecidos próximos que tiveram a doença ou pessoas do grupo de risco em casa. Acho que é mais que um dever diante do cenário que estamos vivendo”, defende.>
Nessa fase inicial, o dinheiro está sendo reinvestido na loja e a designer está estudando novas peças e técnicas de bordado e tricô. “É clichê dizer isso, mas é tudo treino. No começo parece difícil, no entanto, depois que você aprende, quanto mais treina, melhor fica. Tenho postado muito coisa no Instagram, usado bastante o reels e vejo que é uma ferramenta que atrai muitas pessoas. Além disso, tento fazer do perfil não só uma vitrine, mas um espaço de dicas e troca de aprendizados”. >
Marília acredita que os produtos feitos à mão são uma oportunidade de presentear e estar junto do outro, mesmo no isolamento. “Ou seja, lembrar as pessoas que longe também é perto. Uma forma de agradá-las com coisas que são importantes, manter acesa uma ligação com a própria identidade que, às vezes, parece estar indo embora”, acrescenta a empreendedora.>
A TÉCNICA DE MARÍLIA >
Acredite no seu trabalho Na sua motivação, naquilo que gosta de fazer>
Conexões Tenha coragem de expor o que faz e confie que seus clientes vão se identificar com isso>
Rede de Apoio Conte com família e amigos. Eles podem ajudar a divulgar a marca e a conquistar novas encomendas, fazendo com que seu trabalho alcance mais pessoas, principalmente pelas redes sociais>
Muito carinho, afeto e cuidado Crie um laço com o outro, em cada peça que produzir. >
QUEM É>
Marília Sousa se formou no inicio do ano em design de moda pela Unifacs. Atualmente, ela cursa o Bacharelado em Humanidades na Ufba. Há menos de um mês, Marília criou também a marca Nós por Nós Bordado e Crochê com Carinho. >