Comédia policial que se passa no Nordeste estreia na Netflix

Disponível nesta quinta-feira (18), Cabras da Peste tem Edmilson Filho e Matheus Nachtergaele no elenco

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  • Laura Fernades

Publicado em 17 de março de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Netflix/Divulgação

Parece o típico clichê nordestino nos primeiros minutos, mas o filme Cabras da Peste surpreende o telespectador. Cenas de ação inspiradas no melhor das artes marciais prendem a atenção de quem pensa em desistir da comédia protagonizada por Matheus Nachtergaele e Edmilson Filho, atores de Cine Holliúdy (2012) que voltam a contracenar na comédia que estreia nesta quinta-feira (18), na Netflix.    Detalhes sutis podem até remeter ao Auto da Compadecida (2000), com a querida dupla João Grilo (Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello), mas Cabras da Peste sai do interior do sertão do Ceará e ganha corpo em uma trama urbana. O humor, que poderia soar como mais do mesmo, se atualiza e dialoga com produções contemporâneas como Porta dos Fundos e Choque de Cultura.    Com leveza, o filme gravado em 2018 aborda temas relevantes como a violência policial, o desarmamento e a corrupção de políticos brasileiros. Tudo isso a partir da história de Bruceuilis (Edmilson Filho), um policial da pacata Guaramobim que viaja do interior do Ceará até São Paulo para resgatar Celestina, uma cabra considerada patrimônio da cidade.    Na capital paulista, Bruceuilis encontra Trindade (Matheus Nachtergaele), um escrivão da polícia que resolve se aventurar no trabalho de campo mesmo sem ter jogo de cintura para isso. Comédia policial “à brasileira”, nas palavras de Nachtergaele, Cabras da Peste mostra essa dupla que tem personalidades distintas se unindo para enfrentar um poderoso criminoso. 

Nordestinidade “A junção do Grilo com Francisgleydisson (personagem de Cine Holliúdy) mexe com a cabeça do espectador (risos). A gente conseguiu trazer isso tudo no Cabras, com um tom fresco que saiu da coisa de mostrar a miséria do sertão e o cangaço”, destaca Edmilson Filho, 44 anos (O Shaolin do Sertão/2016). O ator cearense, que mora nos Estados Unidos há mais de 20 anos, comemora poder mostrar “outra nordestinidade”.    “Todo mundo já sabe como é o Nordeste: não é uma coisa exótica. Tem banco, tem carro, gente, escada rolante, shopping. Não tem cobra nem jumento no meio do asfalto. É importante ter esse espaço no cinema”, elogia, sobre Cabras da Peste. Quem assina roteiro e a direção é Vitor Brandt e a produção fica a cargo de Halder Gomes, mesmo diretor de Cine Holliúdy e O Shaolin do Sertão.    Caldeirão de muitos humores, na opinião de Nachtergaele, 52 anos, Cabras da Peste “parece que vai ser um humor nordestino, mas não é”. Escrito por um paulistano, esse é um “filme de lutas marciais, filme policial, mas também de palhaço, tem Porta dos Fundos, Choque de Cultura, Falcão, Juliano Cazarré...”, enumera, citando o cantor e o ator que aparecem na trama. A atriz Letícia Lima, do Porta dos Fundos, interpreta uma delegada em Cabras da Peste (Foto: Netflix/DIvulgação) Ternura Tricampeão brasileiro de taekwondo, Edmilson leva sua performance corporal para o filme que também tece críticas à violência policial e às condutas ilícitas de uma sociedade que premia quem infringe a lei e pune quem tenta cumprir as regras. “Há essa crítica e há também um pedido antiarmaentista”, destaca Nachtergaele, que dá vida a um paulistano franzino.    Com um currículo que inclui filmes como O Que é Isso, Companheiro? (1997), Cidade de Deus (2002) e Zé do Caixão (2015), o intérprete do policial Trindade ressalta ainda que Cabras da Peste é “um pedido de aceitação das diferenças”. “Tudo isso com leveza e ternura. Não é um filme partidário, nem quer ser um chato de plantão. Quer divertir e entreter, é um filme para estarmos antenados”, convida.    De forma sutil, a comédia também mostra como a mão de obra nordestina faz de São Paulo uma capital. Para os protagonistas, dar representatividade é motivo de orgulho. “Tenho a missão de mostrar que a gente sabe fazer cinema, sabe contar histórias”, afirma Edmilson. “Importante servir de exemplo para outros cineastas”, defende, ao citar o “roteiro redondo que tem química e fuleragem”.    Sempre convidado para representar o tipo nordestino, mas “especialmente o tipo marginal, amarelinho”, Nachtergaele conta que tem orgulho de ter aceito esse chamado. “Me encanta percorrer o Brasil sendo o marginal de cada lugar que estou”, comemora. “E nessa estreia em tempos de pandemia, a gente deseja fazer as pessoas sorrirem com esses dois palhaços que amam o cinema brasileiro”, finaliza.