Como fazer slime? Saiba tudo sobre a meleca da moda, inclusive os riscos

Apesar de fazer sucesso com a criançada, geleca pode ter ingrediente 'altamente tóxico'

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 08:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock/Reprodução

Slime. Se essa palavra não está no seu vocabulário, é bem provável que você não seja pai ou mãe de uma criança. É esse o nome da maior febre, atualmente, da garotada - que pode passar horas apertando daqui e criando novos formatos dali.  Afinal, dá para fazer bolhas gigantes, esticar, enrolar... Sem falar dos barulhinhos que faz. Deve ser até terapêutico. Ao apertar, o slime faz barulhinhos agradáveis (Foto: Shutterstock/Reprodução) O brinquedo é uma espécie de geleca - lembra da amoeba, que fez muito sucesso nos anos 80? Pois é, é nesse estilo.

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E fica melhor se levar em consideração os tipos diferentes. Tem transparentes, opacos, com glitter, com bolinhas,  degradês... Tem os que parecem nuvens e os supercoloridos... Ufa! O brinquedo tem vários tipos diferentes, como o de glitter (Foto: Shutterstock/Reprodução) Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração, tecnologia, pets, bem-estar e as melhores coisas de Salvador e da Bahia: Essas várias versões, aliás, fazem o item ficar ainda mais viciante. Afinal, cada um tem uma receita diferente. Isso mesmo: são  as crianças  que, normalmente, criam seus próprios slimes.

Sofia Farias Teixeira, de 11 anos, é uma das pequenas que entraram nessa onda. Ela conta que conheceu o objeto na escola. “E vendo alguns vídeos na internet”, diz.  Sofia e um dos slimes criados por ela (Foto: Renato Santana/CORREIO) O YouTube é apontado como o principal responsável por essa moda. Há milhares de publicações dedicadas, exclusivamente, a esse universo. O Instagram também não fica atrás: na conta @slime, são 1,6 milhão de seguidores. A conta @slime, no Instagram, tem mais de 1,6 milhão de seguidores (Foto: Shutterstock/Reprodução) Para fazer a própria geleca, Sofia usa ingredientes como glitter e bolinhas de isopor. “Mas a receita base é cola e ativador”. Esse segundo ingrediente é o bórax ou água boricada, que pode ser encontrado em farmácias de manipulação. Na A Fórmula, por exemplo, 50 ml custam R$ 64. A bolha é um dos formatos que dá para se fazer com o item (Foto: Shutterstock/Reprodução) Empreendedorismo Verdadeira mestra na produção de slimes, Sofia decidiu, um dia, começar a vendê-los. “No começo, era só por brincadeira. Depois foi se tornando sério e, agora, virou comércio”. 

Sério. Ela esteve na última edição da Boa Praça, nos dias 1º e 2 deste mês, na Pituba, e vendeu mais de 100 unidades. O potinho com um variava de R$ 7 a R$ 10 e a paleta, com sete slimes, custava R$ 30.

Bombou tanto que já foi convidada para participar da próxima edição, no fim de semana que vem, na praça Ana Lúcia Magalhães. Ah, e ainda vende online, pelo Instagram @_sofi_slimes. O potinho e a paleta vendidos por Sofia (Foto: Renato Santana/CORREIO) Mariana Marcelino, 11, Paula Pinheiro, 12, e Maria Clara Tavares, 11, também produzem seus próprios slimes - você pode vê-los na conta @picole_fofo_slimes. 

Elas, aliás, que tiveram a ideia de fazer o encontrinho de slimers na Boa Praça, ainda em novembro, que virou esse sucesso absoluto. Nenhuma das meninas, porém, revela a receita utilizada - afinal, é comércio, não é mesmo? O amor pelos slimes é tanto que as crianças estão o transformando em comércio (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Quando eu ouvi falar, fui tentar fazer, vendo vídeos do YouTube. Mas não consegui. Usava cola, espuma de barbear, água boricada e bicarbonato de sódio”, lembra Mariana. Foi Paula quem descobriu a fórmula correta. “Fiz logo uns sete de vez”, comenta. A espuma de barbear pode virar ingrediente para a geleca (Foto: Shutterstock/Reprodução) Com a alquimia acertada, elas foram se aperfeiçoando. E contaram com a ajuda dos pais. A mãe de Maria Clara comprou uma cola especial nos Estados Unidos - que, segundo as meninas, é melhor, pois deixa o slime mais transparente. A de Mariana trouxe uma mala de São Paulo recheada de ingredientes para slimes. 

Na Boa Praça, venderam o pote pequeno, com 145ml, por R$ 5 ou R$ 6, a depender do tipo. O grande, com 250ml, saiu por R$ 10. Elas contam que esgotou rapidinho.

“A gente leva em conta o que cada pessoa gosta. A textura, se quer mais dura ou mole, o cheiro (sim, elas podem  adicionar essências). A gente tem que se arriscar e ter criatividade. Assim, ficamos diferentes dos outros e vendemos”, conta Maria Clara. Anotou a dica?  Os dois tamanhos de potinho vendidos pela Picolé Fofo Slimes (Foto: Giuliana Mancini/CORREIO) Na onda O sucesso é tanto que  shoppings da capital baiana, como o Barra e o Salvador Norte, estão com espaços dedicados exclusivamente à produção dessa febre. 

Uma das sócias dos espaços é Lilian Simões. Fisioterapeuta de formação, ela já era dona de uma loja de brinquedos infantis no Barra quando foi convidada para comandar o espaço, com oficinas de slime. A febre é tão grande que shoppings de Salvador estão com lojas dedicadas à produção da meleca (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Eu já conhecia, pois minhas filhas tinham me contado sobre isso. Elas, inclusive, já produziam os seus - e minha casa parecia uma loja disso, com mais de 80 diferentes”, ri.

No Salvador Norte, a oficina dura 30 minutos e custa R$ 20. Só podem participar crianças de 3 a 12 anos e o funcionamento é de segunda a sábado, das 9h às 22h, e domingo, das 13h às 21h. No Salvador Norte Shopping, a oficina custa R$ 20 (Foto: Divulgação) No Barra,  são R$ 25 por 45 minutos. Voltado para o público a partir de 4 anos, o espaço fica aberto de segunda a domingo, das 12h às 21h, sendo que, aos sábados, inicia às 9h.  

Muito cuidado! Independentemente da fórmula usada, o mais comum é a escolha de cola e água boricada (ou bórax). Só que isso pode trazer riscos às crianças, alerta Maria Fernanda Barros, farmacêutica responsável pelo Centro de Informação do Medicamento, do Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia.  Um dos itens mais comuns na fórmula do slime é o bórax (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Em 2011, a Anvisa proibiu o ácido bórico que estava presente em alguns cremes infantis, por dar reações adversas. Se ingerido ou entrar em contato com feridas, pode dar erupções cutâneas, gastrointerite, insuficiência renal, náuseas, vômitos, diarréias, convulsões... E, se cair no olho, ainda pode trazer ardor, queimação, inchaço”. 

Para se ter uma noção do risco, a Anvisa avalia o bórax, na classificação toxicológica, como classe II - ou seja, altamente tóxico. Apesar de utilizado na fórmula, o ingrediente é classificado como altamente tóxico (Foto: Shutterstock/Reprodução) Uma vítima foi Kathleen Quinn, de 11 anos. Moradora de Massachusetts, nos Estados Unidos, ela notou que suas mãos estavam muito quentes e formigando. No hospital, os médicos descobriram queimaduras de segundo e de terceiro grau. Segundo o jornal estadunidense Daily Mail, foi resultado da exposição à substância. Uma menina americana teve queimaduras e, segundo os médicos, foram causadas pelo slime (Foto: Shutterstock/Reprodução) “O que percebi é que o ingrediente serve, no slime, para aumentar a velocidade. Ajuda a chegar na consistência ideal mais rapidamente. O melhor é deixar a pressa de lado e não usar o bórax”, comenta Maria Fernanda. Outra possibilidade é  preferir as gelecas industrializadas, prontas. Mas só as que têm o selo do Inmetro, pois foram aprovadas em testes.