Como fica o mercado com o decreto de Bolsonaro

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  • Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 11:24

- Atualizado há um ano

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A ampliação do direito de possuir armas de fogo aponta novos rumos para o mercado de venda de armas no Brasil. A expectativa, agora realidade decretada, do cidadão comum manter uma arma em casa ou no trabalho - desde que o dono da arma seja o responsável pelo estabelecimento -  exigirá dos fabricantes de armas de fogo um posicionamento mercadológico mais agressivo e consistente.

Saindo de um circuito mais restrito, a venda - e a produção de armas - torna-se um nicho a ser visto com relevância por investidores e consumidores, ainda mais que o decreto prevê que cumprindo os requisitos de “efetiva necessidade” a serem examinados pela Polícia Federal, o indivíduo poderá portar até quatro armas, limite este que poderá ser ultrapassado em casos específicos. Vemos que isso vai criar, dessa forma, a mais pura lei da oferta e procura.

Se, antes, a venda de armas era para poucos, a partir do decreto de Bolsonaro, o interesse da população cresce. Tal popularização obrigará as empresas produtoras de armas a terem uma artilharia pesada (permitindo aqui o trocadilho) para se sobressair nesse novo ramo econômico. A abertura do mercado de armas fará com que os fabricantes repensem suas estratégias de marketing, seus posicionamentos nas redes sociais, seu diálogo sustentável com os investidores, além, é claro, do relacionamento com o consumidor.

Nesse aspecto, as empresas terão de se basear em um papel focado para atender clientes de personas indefinidas, porém com o anseio único de se protegerem da violência urbana que assola o país há tempos. É preciso correr contra o tempo, uma vez que toda essa movimentação curiosa da população já é assistida desde a campanha eleitoral de Bolsonaro.

Vamos falar da Taurus, por exemplo. A expectativa pela facilitação de vendas de armas fez com os papéis da maior fabricante do país elevassem mais de 60% nos primeiros dias de 2019. No final do ano passado, a disparada chegou a 150% em ações preferenciais. Hoje, a realidade é outra. Os papéis da Taurus tiveram uma desvalorização de mais de 20% na terça-feira, quando Bolsonaro assinou o decreto. Além da informação de que o governo prepara um estudo para a abertura de mercado para a produção de armas no Brasil, outra especulação para tal declínio da Taurus é a entrada de fabricantes estrangeiros no Brasil. Uma possibilidade não muito remota frente ao viés liberal da gestão bolsonarista.

Esses cenários nos dão a ideia de que a lei da oferta e da procura vai reger o mercado de armas no Brasil. Entretanto, a batalha será demarcada na empresa que conseguirá dialogar de maneira sustentável e efetiva com todos os seus stakeholders diante da latente competividade de um nicho que tem tudo para ganhar força popular este ano.

Mais seguros, aguardaremos as cenas dos próximos capítulos.

*Daniel Domeneghetti é CEO da DOM Strategy Partners