Como fica seu bolso em 2018? Economista analisa cenário e dá dicas

Especialista ouvido acredita que ano ainda requer cautela; leia entrevista

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  • Priscila Natividade

Publicado em 3 de janeiro de 2018 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Economista Gustavo Casseb prevê ano ainda de incertezas (Foto: Divulgação) O crescimento em 5,6% do varejo com as vendas de Natal até chegou a animar após o setor alcançar o melhor resultado desde 2011, diante de três anos consecutivos de queda. O décimo terceiro também acaba dando aquela sensação de que tem mais dinheiro na conta pra jogo e, com isso, estimulando o consumo – fundamental para a retomada da economia. No entanto, a melhoria nos números ainda é tímida e, por isso, o consumidor deve manter o pé no freio. O professor e presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-BA), Gustavo Casseb, alerta que 2018 vai continuar sendo um ano difícil para o orçamento das famílias até que a economia alcance um crescimento expressivo. Confira mais na entrevista: 

Qual a expectativa da economia para 2018 e o reflexo disso no bolso?   O ano de 2017 ainda deve fechar com uma baixa taxa de crescimento econômico, que deve gravitar em algo em torno de 0,7% a 1%. Não houve também crescimento na geração de empregos, o que tornou o ano bem difícil. O pouco que se cresceu foi praticamente nada. Com isso, 2018 chega com a expectativa de retomada.  O retorno dos investimentos deve impulsionar a geração de novos postos de trabalho, sobretudo, no regime intermitente criado pela reforma trabalhista. Só que isso não deve se refletir de imediato no bolso do trabalhador, o que vai continuar exigindo cautela.

Diante deste cenário, como fica a inflação e o que deve pesar mais no orçamento das famílias?

A inflação, que deve fechar o ano em 2,64%, é baixa. O IGP-M, índice que corrige o aluguel, termina 2017 com deflação de 0,52%. Ainda assim, os preços administrados como o do gás de cozinha e dos combustíveis, por exemplo, não acompanham esses índices e registram aumentos bem acima desse percentual. O salário, por sua vez, cresce no mesmo nível da inflação. Ou seja, a classe média vai continuar no aperto, sobretudo aquela família com renda em torno de três salários mínimos, já que os aumentos dos preços administrados muitas vezes ultrapassam o dobro da inflação e o salário não alcança isso na mesma proporção. Infelizmente, não há expectativa no aumento da renda.

Você falou dos aumentos no preço do gás e do combustível, que foram frequentes, com alta rotatividade e por muitas vezes surpreendeu os consumidores em 2017. Isso vai continuar no próximo ano?  

Acredito que os reajustes permanecem, mas os preços não devem ter aumentos tão consecutivos ou novas elevações tão acentuadas no patamar de 2017. Isso porque, este ano, houve um duplo movimento, tanto na questão da demanda, por conta das exportações, como  na recomposição de receita da Petrobras. A estatal teve prejuízos que depreciaram demais a companhia. 

A esfera política interferiu muito no comportamento da economia. A situação permanece em 2018?

A questão política vai continuar dando a tônica. A próxima moeda de troca vai ser a reforma da previdência que ficou para o início deste ano. O ano também é de eleições, o que torna o cenário ainda mais incerto e instável, pelo menos até o final do primeiro semestre. E isso é, sem dúvida, um “calcanhar de Aquiles” para a economia.