Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Ao todo, 77 mudas foram plantadas em área recuperada por grupo de moradores
Wendel de Novais
Publicado em 19 de maio de 2021 às 06:00
- Atualizado há um ano
Os banhistas que saem de casa para aproveitar um dia na Praia do Flamengo já sabem o caminho: chegando lá, toda rua à direita dá na praia. O que muitos não fazem ideia é que, se você decidir ir para a esquerda, em vez do mar, encontra uma lagoa. Local que, por um bom tempo, ficou sem limpeza e conservação. Coisa que, agora, está no passado. Isso graças ao trabalho dos moradores da região que, em conjunto, se articularam para organizar a recuperação da área, que envolve a limpeza e o plantio de espécies da restinga, vegetação nativa da região. Um trabalho que deu mais um passo nesta terça-feira (18), quando 77 mudas foram plantadas pelos colaboradores da causa.
Sempre bem-vindas em qualquer área verde, mudas de Cafezinho, Pau-Brasil e Aroeira, que são espécies nativas da Mata Atlântica, também foram plantadas na ação. Entre as mudas de restinga, tinha Bromélia, Antúria, Eugênia, Cajá Amarelo e Caroba. Um agrupamento de espécies que, segundo Anne Cristina Nogueira, coordenadora de empreendedorismo e ação social da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (ACEB), que apoia a ação, é fundamental para ampliar a presença de vegetação nativa no processo de recuperação do local.
“Manter o ecossistema das restingas vivo é preservar o meio ambiente. Estamos falando de uma vegetação diferenciada e que precisa ser mantida no trabalho de recuperação do espaço. Não podemos abrir mão disso”, declarou.
[[galeria]]
Bom para as casas
Além de vegetação de origem da região da Praia do Flamengo, a restinga é, naturalmente, uma ferramenta de absorção do salitre, que diminui a corrosão nas casas da região. Uma notícia que deixa a aposentada Ednalva Santiago, 61 anos, duplamente feliz. "Lá em casa, os móveis não costumam durar. O salitre corrói tudo. E a restinga combate isso, o que é uma ótima pra gente. Além de preservar e aumentar uma vegetação que já é daqui, nós ajudamos também diminuindo o impacto do salitre nas residências", disse Ednalva, que faz parte do grupo que se mobilizou pela recuperação do local. Ednalva não escondeu a felicidade pelo avanço no trabalho de recuperação da área (Foto: Marina Silva/CORREIO) Outra que também está animada com a possibilidade do grupo matar dois coelhos com uma cajadada só é Lindinalva Oliveira, 70, aposentada que também participou do plantio. "A restinga é a planta que já é daqui, né?! São elas as mais adaptadas ao ambiente e que se desenvolvem melhor aqui. Fora isso, tem a questão do salitre que pra todo mundo que mora em região de praia é fundamental. Então, dá orgulho participar de algo que faz bem de duas formas", afirmou.
Marília Oliveira, 60, que é diretora comercial e moradora da região, fez parte de todo o processo que, de acordo com ela, é fruto do interesse dos moradores. "A gente começou mobilizar a Limpurb para limpeza da área e moradores para ajudar. Depois, conseguimos ajuda financeira voluntária dos próprios moradores pra fazer, por exemplo, a limpeza da água. Aí, de repente, virou tudo isso que você tá vendo e deu muito certo porque todo mundo tem ajudado da maneira que pode", falou. Marília afirma que recuperação só foi possível por conta do engajamento dos moradores (Foto: Marina Silva/CORREIO) No caso da Unidunas, OSCIP que administra o ecossistema de dunas, lagoas e restingas da região, o auxílio veio por meio das plantas. Isso porque foi a organização que disponibilizou as 77 mudas do plantio que se juntaram às 49 que já estavam no local através de parceria com a Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa), que tem uma estação elevatória no local e decidiu apoiar a causa. Cainã explica porque o plantio é valioso para a àrea (Foto: Marina Silva/CORREIO) Cainã Freitas, gestor ambiental da Unidunas, afirma que a ação de plantio vai ser importante de diversas maneiras para a biodiversidade do local. "Essas mudas vão ajudar bastante a área, principalmente, por se tratar de um local de mata ciliar, que beira a lagoa. Pra toda comunidade, é importante que a restinga seja trazida de volta porque, além de ser natural daqui, ela é fundamental para a proteção da lagoa", concluiu.
*Com a supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro