Coronavírus pode ter pico na Bahia em maio, avisa Sesab

A projeção é de que os casos se multipliquem por 10 a cada semana. Atualmente, estado tem 3 ocorrências confirmadas

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 12 de março de 2020 às 17:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr,/CORREIO

Novos casos de contaminação por coronavírus serão inevitáveis na Bahia. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (12), o secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas Boas, afirmou que pode ocorrer um pico de casos em maio. Ainda segundo ele, a projeção é de que os casos se multipliquem por 10 a cada semana. Atualmente, o estado tem três casos confirmados, todos em Feira de Santana, a 100 Km da capital.

O secretário explicou que, a partir de agora, após registro de transmissão local, a identificação de ocorrências suspeitas e confirmadas será mais complicada. No final de abril, já será possível observar uma acentuação no número de casos. Até agora, a Bahia teve 216 casos notificados, sendo que 66 continuam aguardando resultados laboratoriais, ou seja, ainda não suspeitos. Os demais foram descartados.“Estamos entrando em outra fase e, a partir de agora, começaremos a ter um número maior de casos no Brasil. Nós vamos sair dessa fase que a gente consegue mapear os casos suspeitos de pessoas que vieram de países da Europa e Ásia. Era fácil fazer a identificação do sintoma respiratório e associação com a epidemia”, explica o gestor.A estratégia que a secretaria pretende adotar para evitar esse pico é incentivar o distanciamento social entre as pessoas para diluir a ocorrência inevitável de casos ao longo das semanas. A medida é inspirada no que vem sendo feito em Hong Kong e Singapura, duas cidades autônomas da Ásia.

Distanciamento social

"A partir de agora precisamos fazer algo diferente do que nós, latinos, gostamos de fazer, que é abraçar, beijar no rosto. Teremos que ser resguardados e evitar a proximidade física para não haver contaminação”, recomendou o secretário. Para ele, essa é a forma mais eficiente de retardar a propagação da doença causada pelo vírus, a Covid-19, altamente contagiosa.

Entre as recomendações dadas pelo secretário à população estão: manutenção de distância de mais de um metro entre as pessoas para limitar a capacidade do vírus se espalhar; evitar reuniões de massa e o compartilhamento de objetos; se puder, escolher trabalhar em casa na chamada rotina home office.

"É basicamente não escostar no outro. Não apertar a mão, não dar tapinha nas costas, não abraçar, não beijar, o avô não carregar o neto, não levar visitas na casa do vovô e evitar almoços na casa do avô", exemplificou.

Ele sugeriu também que as organizações cancelem reuniões e eventos com aglomerações de pessoas. A Sesab recomentou, inclusive, a não realização do Micareta de Feira e da Caminhada Penitencial.“Há duas possibilidades. Podemos ter milhares de casos na Bahia em oito semanas ou ao longo de 20 semanas. A população vai de infectar, não tem como evitar. Nosso esforço é fazer com que dilua essa população vulnerável que irá se infectar. O pico é péssimo, muita gente doente num período curto, então o sistema de saúde não tem como dar conta”, esclarece.Ainda conforme o secretário, as três pessoas que testaram positivamente para o vírus na cidade de Feira de Santana têm estado de saúde estável, estão de quarentena e permanecem sendo acompanhadas pela vigilância epidemiológica. Vilas Boas garantiu que, enquanto os casos forem em quantidade que permita o deslocamento de servidores para monitoramento, a secretaria continuará enviando pessoal. 

O secretário disse ainda que solicitou R$ 1 bilhão ao Ministério da Saúde para preparar as redes hospitalares contra o coronavírus. No entanto, o gestor contou que o ministério liberará apenas R$ 200 milhões.

Respiradores

Atualmente, a principal limitação na rede pública de saúde é a quantidade de respiradores para ventilação mecânica, que bombeia ar para os pulmões de quem sente dificuldade respiratória. O secretário afirmou que mandou consertar todos os aparelhos que estavam quebrados no estado e também pediu que uma licitação em aberto fosse acelerada para a compra de novos respiradores.

Além disso, o estado possui um estoque adquirido para o Hospital Metropolitano, que ainda não foi inaugurado. O material está guardado em almoxarifado e será usado nas unidades de saúde, se for necessário. Também cogita-se a locação de equipamentos.

Na Bahia, o hospital de referência para possíveis casos graves é o Instituto Couto Maia (ICM), que possui 110 leitos, dos quais 20 são Unidades Tratamento Intensivo (UTI), sendo 10 pediátricas e 10 adultas. Como as crianças são mais resistentes ao vírus, a secretaria estuda a possibilidade de transformas os leitos pediátricos em adultos. 

A Sesab diz que, se houver necessidade, poderá transferir os pacientes de outras enfermidades infecto-contagiosas para outros hospitais a fim de manter o ICM inteiro apenas para atendimento de contaminação por coronavírus. Em Salvador, o Hospital Geral do Estado (HGE), Roberto Santos e Octávio Mangabeira também têm leitos para receber possíveis pacientes. O secretário não informou a totalidade de leitos na Bahia para o atendimento de internação por coronavírus.

Aulas suspensas

A secretaria se posicionou contra a suspensão de aulas nas escolas e universidades, como foi feito em Brasília. Vilas Boas justificou que a população infantil e jovem é a que menos corre risco com relação à Covid-19 e não vê motivos, ainda, para o cancelamento da rotina letiva.

A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, no entando, optou por adiar as aulas práticas ambulatoriais do curso. A decisão foi tomada devido ao número reduzido de profissionais de higienização e limpeza. Com a suspensão as aulas, os serviços que a faculdade oferecia para a população estão suspensos até que a equipe seja readequada. Apenas a urgência da unidade continua funcionando.

Em nota conjunta com a Secretaria Estadual de Educação (SEC), a Sesab indicou medidas institucionais e individuais que podem ser adotadas na prevenção da transmissão.

São recomendações das secretarias para as instituições de ensino: divulgação das medidas preventivas; atividades educativas de higiene das mãos e etiqueta ao tossir e espirrar; aquisição de sabonete líquido e álcool em gel 70%; limpeza e desinfecção das superfícies das salas de aula e demais espaços após o uso; evitar o compatilhamento de copos e vasilhas; manter ambientes arejados por ventilação natural; evitar atividades de aglomeração; manter a atenção para indivíduos que apresentem febre e sintomas respiratórios (tosse e coriza); orientar a procura por serviço médico.

Quando às medidas individuais contra a contaminação, indica-se: higienização das mãos antes das refeições, após tossir, espirrar ou usar o banheiro; evitar tocar olhos, boca e nariz; não compartilhar alimentos, copos, toalhas e outros objetos de uso pessoal; criança que apresentar febre abaixo de 37,8ºC com tosse deve permanecer em casa; procurar serviço médico se existir febre acima de 37,8ºC que persista por mais de 24h;