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Corpo de pintor morto no Engenho Velho da Federação é enterrado no Campo Santo


 

A morte do jovem resultou em um protesto que deixou a Avenida Cardeal da Silva bloqueada nesta terça

  • Gil Santos

Publicado em 02/08/2017 às 18:28:00
Atualizado em 17/04/2023 às 09:28:04

O corpo de Alisson foi sepultado sob aplausos (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)O corpo do pintor Alisson Silva Gonçalves dos Santos, 18 anos, foi sepultado na tarde desta quarta-feira (2), no cemitério do Campo Santo, na Federação. Moradores da comunidade do Forno, no Engenho Velho da Federação acusam policiais militares de terem matado o jovem durante uma operação no bairro, na manhã de terça (1º). Por conta do crime os ônibus ficaram sem circular no bairro até o final da manhã de hoje. 

O sepultamento foi realizado na Capela Nossa Senhora da Piedade, a igreja do cemitério. Cerca de 50 pessoas, a maioria vestidas de preto e com flores brancas, acompanharam o velório. Alisson morava com o pai e os avós desde garoto. Nesta terça, a avó e o pai dele precisaram ser amparados para acompanharem a cerimônia.Alisson deixou um filho de 5 meses (Foto: Acervo pessoal)Um pastor fez orações e entoou cânticos antes do corpo deixar a capela. Outro religioso também fez orações, logo após o sepultamento. Segundo a família de Alisson, ele era membro da igreja Universal há dois anos e frequentava a Catedral da Fé, no Iguatemi. O corpo deixou a capela por volta das 16h, ao som do sucesso de Elaine Martins. "Deus mudou a minha vida/ Também vai mudar a tua história/ Deus não deu o seu único Filho/ Pra morrer por nós em vão, outrora...". 

A mãe do jovem, a auxiliar administrativa Ana Cristina Silva, 33 anos, lamentou a perda do filho. "É triste perder um filho assim. Conversamos pela última vez na segunda-feira (um dia antes da morte) e ele contou que estava cheio de planos, estava vendo um emprego de carteira assinada que ia ajudar a sustentar o filho dele", contou.Moradores acusam quatro policiais militares de atirarem aleatoriamente durante uma operação no Engenho Velho da Federação e de balear Alisson. Ele foi atingido duas vezes, na face e no tórax, e morreu no local. Vizinhos levaram o corpo dele até a entrada do bairro, na Avenida Cardeal da Silva, e bloquearam a via durante um protesto. O corpo de Alisson foi colocado sobre a calçada (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO)InvestigaçãoSegundo a polícia Civil, Alisson foi morto por homens encapuzados, que teriam arrastado o corpo do jovem até o local onde os investigadores o encontraram. Os familiares da vítima já foram ouvidos, mas outras pessoas são aguardadas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ainda está semana.Em nota, a Polícia Militar disse que não teve registro de morte ou tiroteio no bairro e orientou os moradores a procurarem a ouvidoria ou a corregedoria da corporação.  A Secretaria de Segurança Pública (SSP), informou que o jovem foi apreendido quando era adolescente por envolvimento com o tráfico de drogas. Já a mãe dele contou que ele foi conduzido para averiguação em uma delegacia quando tinha 18 anos, em maio do ano passado, mas foi liberado logo depois. O final de linha foi improvisado na Ladeira da Av. Garibaldi (Foto: Mauro Akin Nasso/ CORREIO)Comunidade do FornoA localidade do Forno, no bairro do Engenho Velho da Federação, é disputada por duas fações. A região é comandada pelo Comando da Paz (CP), que briga para não perder o território para o Bonde do Maluco (BDM). Segundo investigadores da 7ª Delegacia (Rio Veremelho), a região é controlada pelos traficantes Henrique e Kékeu, ambos soltos há um mês após decisões judiciais – eles cumpriam pena no Complexo Penitenciário da Mata Escura. Policiais reforçam o policiamento no bairro (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO)Além do Forno, a facção tem domínio de bocas-de-fumo na Baixa da Égua, Lajinha e a Palmeira. Todas essas localidades estão na mira da facção BDM, que comando do final do final de linha do Engenho Velho da Federação até a Rua Xisto Bahia, que dá acesso à Avenida Vasco da Gama. O comado do BDM no Engenho Velho da Federação vem das grades. As ordens são passadas por Leozinho, traficante que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Mata Escura.