De Ondina a Barra, só deu fuzuê

Mais de 30 atrações animaram a Barra neste sábado (3) a partir das 16h. Clima dos bailes de Carnaval marcou a festa

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  • Roberto Midlej

Publicado em 3 de fevereiro de 2018 às 21:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Evandro Veiga
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Fanfarras, máscaras, confete, serpentina, marchinhas... O clima dos antigos bailes de Carnaval que fizeram a alegria dos baianos nas décadas passadas foi relembrado neste sábado (3), no circuito Orlando Tapajós (Ondina/ Barra), durante o Fuzuê. Mais de 30 atrações se apresentaram e tinha para todos os gostos: desde as velhas charangas até grupos folclóricos que saíram do interior do Estado para se apresentar na festa.

Teve também muito folião que saiu de cidades da Região Metropolitana para curtir o pré-Carnaval soteropolitano. O vendedor Marcus Gomes, 55 anos, estava com a mulher e três netos que tinham entre seis meses de idade e 10 anos, todos vestidos de palhaços. “O Carnaval está no sangue da família, por isso, trouxe ele”, disse, referindo-se a Gabriel, a mais nova das crianças, que estava no colo do pai. “Somos todos de Catu, mas fazemos questão de vir à festa. O Fuzuê é ótimo: reúne o Carnaval do presente com o do passado.”

A festa foi aberta às 16h, com a Banda da Guarda Municipal. Também participou da abertura um grupo de cerca de 200 ciclistas. Uma parte deles havia saído do Jardim de Alah, e outra, do Rio Vermelho. A técnica de segurança Carla Costa faz parte de um grupo chamado PRI - Pedal Realmente Iniciante e saiu fantasiada de mosquito da dengue, para lembrar da importância de tomar os cuidados para evitar a doença. Os ciclistas promoveram um concurso de fantasias - bruxa, Super Mario, anjos, Chapolin. O vencedor era escolhido pela internet.

Diabinhas As amigas Larissa Araújo, Érica Araújo e Maria Cristina Almeida foram ao Fuzuê fantasiadas de diabinhas: “Já me chamaram também de capetinha. Já me perguntaram o significado da fantasia, mas acho que depende da interpretação que cada um quer dar, né?”, diz, rindo, Larissa, de 24 anos.

A prima dela, Érica, 36, diz que o Fuzuê é uma ótima alternativa ao Carnaval. “Eu gosto do Carnaval, mas aqui é mais tranquilo, clima mais ‘família’. O Furdunço do ano passado tava muito cheio e quando Léo Santana passou, foi uma confusão”, disse. O professor secundarista Igor Vivas, 34, também foi acompanhado do filho pequeno, Guilherme, de um ano e oito meses. Ele também apontou a segurança e a tranquilidade como os diferencias do Fuzuê em relação ao Carnaval. “Tem também o problema da mobilidade no Carnaval, que dificulta muito chegar ao circuito. Moro em Camaçari e vim pra cá hoje. E vou voltar hoje mesmo, umas 19 horas”, disse Vivas.

A festa foi também um pretexto para campanhas de apelo social, como a do bloco Mamãe Eu Quero Mamar, que reúne funcionários da Maternidade de Referência Prof. José Magalhães Neto. “Viemos ao Fuzuê para fazer uma campanha a favor do aleitamento materno e para incentivarmos a doação de leite. Queremos também estimular a amamentação em lugares públicos”, disse a diretora da Maternidade, Karine Valverde, enfermeira de 39 anos.

O Mamãe Eu Quero Mamar era animado pela Banda do Balão, formada por cerca de 25 músicos que moram na Avenida Vasco da Gama. O repertório tinha desde as velhas marchinhas até sucessos contemporâneos como Despacito. “A gente começa tocando frevo e passa por Harmonia do Samba, funk carioca, Xuxa...”, disse o trompetista Claudius Leal.

Grupos folclóricos também estiveram na Barra. Um deles era o Congo de Cairu, que fica a cerca de 300 quilômetros de Salvador. Do Recôncavo, veio a Careta Tradicional de Acupe, que tem quase 40 anos de existência e esteve no Fuzuê com 20 mascarados e uma bandinha.

O presidente da Saltur, Isaac Edington, falou sobre o caráter democrático do Fuzuê. “Tem um clima mais intimista, tranquilo. O Carnaval de Salvador começa assim, com a temperatura mais baixa e, com o Furdunço, a temperatura aumenta.” Que venha!