De peruca, sutiã, ligando para mãe: reveja momentos marcantes de Boechat

Apresentador tinha lado divertido e usava leveza para abordar temas

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  • Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 14:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Jornalista experiente, contundente em suas opiniões, âncora que estava presente no início do dia de muitos brasileiros. Ricardo Boechat era um dos nomes de mais importantes e de maior destaque no jornalismo brasileiro, também porque além do seu lado sério, que cobrava e criticava, tinha um lado irreverente. Citava sua vida pessoal, brincava com os ouvintes, tinha leveza. Veja alguns desses momentos na carreira de Boechat.

Ligando para a mãe

Os escândalos constantes de corrupção no Brasil sempre receberam comentários e críticas de Boechat. Em 2015, ele ironizou depoimentos de deputados envolvidos em propinas em escândalo na Petrobras. Na bancada do jornal, pediu um minutinho, retirou o celular do bolso e fingiu que falava com a mãe. “Foi você quem recebeu os dinheiros das empreiteiras? Não? Os deputados da CPI também tão dizendo que não…”. Depois, explicou: "Eu acho o seguinte, o noticiário político tem dia que tem que sair no Pânico, tem que ir pro humor, pra galhofa, porque não dá para levar a sério".

De sutiã

Em 2015, Boechat fez uma chamada no Facebook para divulgar a campanha de vacinação contra a gripe. Ele está em um posto médico e diz que vai tomar a vacina, divulgando as datas. "Estou dando esse recado só para os velhos como eu: vacine-se contra a gripe, faça como eu vou fazer agora". O inesperado vem depois: ele tira a camisa para receber a vacina e está de sutiã rosa. 

Embate com Malafaia

Um dos pontos mais lembrados foi o conflito entre Boechat e o pastor Silas Malafaia, que não gostou de comentários do jornalista sobre o papel das igrejas neopetencostais no incentivo à intolerância religiosa. "Avisa ao jornalista Boechat que está falando asneira", escreveu o pastor no Twitter. Ao vivo na rádio, Boechat rebateu. "Ô, Malafaia, vai procurar uma rola, vai. Não me enche o saco. Você é um idiota, um paspalhão, um pilantra, torrador de grana de fiel, explorador da fé alheia. E agora vai querer me processar pelo que eu acabei de falar, porque é isso que você faz. Você gosta muito de palanque, e eu não vou te dar palanque porque você é um otário. Você é homofóbico, uma figura execrável, horrorosa, e que toma dinheiro das pessoas a partir da fé”. 

Abrindo guarda-chuva no jornal

Em 2009, depois da notícia de que um satélite desativado estava a caminho de cair na terra, o jornalista surpreendeu ao abrir um guarda-chuva durante o jornal para se proteger dos escombros espaciais. Colega de bancada, Joelmir Beting entra na mesma brincadeira e olha para cima como a procura do lixo espacial. "Desejamos sorte a todos os terráqueos, prometendo voltar amanhã, claro, se esse ferro velho espacial não atrapalhar".

De peruca

Depois de uma matéria sobre calvície, Boechat apareceu no encerramento do Jornal da Band usando uma peruca. Se despediu dos telespectadores sério, sem piadinhas. Ao lado dele, a colega de bancada parece segurar um sorriso.

Boechat-robô

Em novembro do ano passado, novo recurso cênico: depois de uma matéria sobre produção de robôs na China, inclusive substituindo jornalistas, Boechat deixou a bancada e foi substituído por uma versão automatizada que fez as chamadas para o bloco seguinte.

Crise de depressão

O jornalista usou seu espaço na rádio para abrir uma conversa sobre saúde mental, depois de revelar que teve uma crise depressiva que o deixou imobilizado, em 2015, quando se afastou do programa. "Se não reservarmos um tempo para nos sentirmos bem, sem dúvida, depois, teremos que despender tempo para passar mal. Essa é a grande lição que aprendi", disse.

Último comentário

Ontem pela manhã, antes de viajar para Campinas, Boechat fez o que seria seu último comentário na BandNews FM. Ele falou sobre a sucessão de tragédias no Brasil, com centro no rompimento da barragem de Brumadinho e no incêndio que matou dez garotos da base do Flamengo, e no papel que a impunidade tem em tudo isso.“O que temos de colocar em cima da mesa, diante de nós mesmos, como sociedade, é se queremos continuar lidando com essas tragédias, pranteando-as no início e esquecendo-as logo depois. A tragédia de Brumadinho já sumiu das primeiras páginas", afirmou ele.