Dead Kennedys cancela shows no Brasil após polêmica com pôster promocional

Peça gráfica foi vista como crítica à Bolsonaro

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  • Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2019 às 17:28

- Atualizado há um ano

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"Eu amo o cheiro de pobres mortos na manhã", diz o filho do casal no pôster (Foto: Reprodução/Facebook) A banda de hardcore Dead Kennedys cancelou os shows no Brasil após polêmica em relação ao pôster promocional da turnê no país. O anúncio foi feito em um comunicado no Facebook em que o grupo reproduziu o cartaz com a mensagem "cancelado" sobre as datas e locais de apresentação.

De acordo com os integrantes, o motivo do cancelamento foi a "onda de ódio" que se formou desde a publicação da peça gráfica, que teve o aval dos músicos. Ainda segundo o comunicado, o adiantamento dos cachês dos shows será doado para uma instituição de caridade, que não foi divulgada.

As apresentações aconteceriam nos dias 23 de maio, no Circo Voador (Rio), 25 de maio, no Tropical Butantã (São Paulo), 26 de maio, no Toinha Brasil Show (Brasília) e 28 de maio, no Mister Rock (Belo Horizonte).

"O promotor no Brasil realmente não soube como gerenciar as coisas da forma correta. Sem nos contatar sobre o assunto, ações estúpidas foram tomadas e que fizeram com que os pregadores de ódio se manifestassem por todos os lados", escreveu o Dead Kennedys em português.

"Mesmo assim, nós consideramos que o pôster ficou bem legal e nós concordamos com a ideia. As consequências criaram uma situação bastante perigosa para nossos fãs que frequentam nossos shows. Nós nunca colocamos nosso público em risco, visto que isso não representa o que somos."

"Por esta razão, infelizmente estamos bastante tristes em informar que a banda não mais poderá tocar no Brasil este ano. Sentimos que esta é realmente a única alternativa de manter as pessoas seguras. Nós faremos uma doação da porcentagem dos rendimentos que nos foram antecipados para uma instituição de caridade."

Entenda a polêmica Na última segunda, o Dead Kennedys anunciou turnê no Brasil utilizando um pôster com a imagem de uma família de mote nazista, empunhando armas e vestida com a camisa da seleção brasileira e maquiagem de palhaço, no que seria uma referência ao apelido pejorativo "Bozo", dado por opositores do presidente Jair Bolsonaro.

No mesmo dia, o grupo chegou a publicar a imagem em suas redes sociais, mas, horas mais tarde, emitiu um comunicado afirmando que a ilustração não tinha autorização nem refletia a orientação política dos integrantes. O comunicado foi deletado certa de 50 minutos depois de ser postado no Facebook.

Em entrevista ao portal UOL, o ilustrador brasileiro contratado pela produtora EV7 Live para criar a arte, o alagoano Cristiano Suarez, afirmou que o pôster fazia uma crítica a classe média armamentista, não exatamente à figura de Jair Bolsonaro ou ao seu governo.