CONDENADA

Record terá que pagar R$ 20 mil para atriz que teve casa apedrejada após reportagem

A reportagem, segundo o desembargador Alexandre Coelho, continha "distorções e inverdades" e sua divulgação causou "desastrosas consequências"

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Publicado em 7 de maio de 2024 às 21:27

Atriz Tânia Regina de Mello Salgado
Atriz Tânia Regina de Mello Salgado Crédito: Reprodução/Redes Sociais

A Record foi condenada a pagar uma indenização de R$ 20 mil à atriz Tânia Regina, de 65 anos, que foi alvo de agressões após uma reportagem do programa Balanço Geral em 2021. As informações foram divulgadas pelo colunista Rogério Gentile, do UOL.

A reportagem, segundo o desembargador Alexandre Coelho, continha "distorções e inverdades" e sua divulgação causou "desastrosas consequências". A casa da atriz, no interior paulista, foi apedrejada, e ela sofreu ofensas nas ruas. Uma pessoa chegou a cuspir em Tânia.

No início dos anos 1980, Tânia estava voltando de uma gravação da novela Rosa Baiana, em Salvador, quando viu uma mulher tentar matar uma criança e parou para ajudá-la. Não era a primeira vez que a mãe biológica tentava tirar a vida da menina, então com cinco anos.

Com apoio de um policial, a atriz levou a criança para o hotel em que estava hospedada e adotou a menina. Um ano depois, ela levou a criança para São Paulo, onde morava. Na época, houve uma investigação pelas circunstâncias atípicas da adoção, mas a Justiça deu razão à atriz, que passou a ser a tutora da criança.

A reportagem da Record

Em 2021, a filha adotiva, já uma mulher de 46 anos, procurou a Record a fim de tentar localizar algum parente biológico. A emissora e a atriz conseguiram, então, achar um irmão dela, que morava na África do Sul.

A reportagem foi exibida no Balanço Geral com o título "Quem é a atriz de novelas que foi acusada de sequestrar menina após adotá-la?". Além de usar a palavra "sequestro" na chamada, a matéria, conforme a Justiça, acabou distorcendo fatos, dando a entender que a atriz agredia a criança.

O que diz a Record

Na defesa apresentada à Justiça, a emissora afirmou que não teve a intenção de prejudicar Tânia. Disse que a reportagem, em nenhum momento, "sugere que ela era responsável pelas agruras sofridas por sua filha adotiva" e negou que tenha havido manipulação e sensacionalismo.

"O relato refere-se ao período anterior à adoção e, para se chegar a esta conclusão, basta a mera visualização da reportagem", disse a Record à Justiça.

"A matéria deu ênfase à nobre e heroica atitude da atriz em adotar a menina, provavelmente lhe poupando um destino trágico". A Record ainda pode recorrer da decisão.