Defesa de Luís Felipe Manvailer diz que acusação é 'peça de ficção'

Advogados dizem que, na narrativa da acusação, a vítima teria morrido duas vezes

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  • Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2018 às 17:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Os advogados do professor Luís Felipe Manvailer, acusado de agredir e matar a esposa, a advogada Tatiane Spitzner, em julho deste ano, no apartamento em que moravam em Guarapuava, no Paraná, apresentaram a defesa nos autos do processo, na última quinta-feira (18), e consideraram a acusação do Ministério Público do Paraná (MPPR) uma “peça de ficção”. 

Segundo a defesa, a acusação não consegue determinar o que causou a morte de Tatiane. Os advogados ainda afirmam que, na narrativa da acusação, a vítima teria morrido duas vezes: a primeira por esganadura e a segunda por politraumatismo, causado pela queda do apartamento.

O MPPR já tinha entrado com um pedido de aditamento de acusação, em setembro, para anexar laudos da causa morte de Tatiane e destacar o homicídio qualificado por “intenso sofrimento físico e psíquico na vítima” e as “diversas marcas, equimoses e ferimentos produzidos pelas agressões sofridas ainda em vida”. Para a defesa de Manvailer, a tentativa de alterar a denúncia é uma “aleatoriedade”. No entanto, a alteração foi aceita pela Justiça.

“Criou-se, assim, uma peça vazia, uma denúncia siamesa, com duas linhas alternativas, absolutamente inepta, que não é capaz sequer de indicar quando, onde e de que modo Tatiane teria morrido […]. […] A denúncia oferecida pelo Ministério Público foi uma peça de ficção, sem mínimo respaldo probatório”, afirmou a defesa. “O aditamento à denúncia não se mostrou apto a afastar a irregularidade inicial, antes o contrário, a tentativa de correção dos rumos acusatórios mostra a aleatoriedade com que se guia o Parquet, elegendo e descartando hipóteses acusatórias sem mínima base segura em elementos probatórios seguros”, continuou o documento. 

Nos autos, a defesa pede à Justiça que desconsidere as atas notariais anexadas ao processo em que mostram conversas de WhatsApp de Tatiane com uma amiga. Nas mensagens, a advogada desabafa o descontentamento com o relacionamento. Para os advogados de Manvailer, as mensagens estão fora de contexto e a dinâmica das imagens que capturaram a conversa distorcem e inviabilizam a interpretação das mensagens. A defesa ainda pede que o celular seja periciado.

Os advogados também afirmam que Luís Felipe é inocente de todas as acusações e arrolou 23 testemunhas para contribuir com a defesa no processo. Uma das testemunhas está na Alemanha, local em que o casal morou por cerca de dois anos. 

Entenda o caso Tatiane Spitzner foi encontrada morta no dia 22 de julho após cair do quarto andar do prédio em que morava com Luís Felipe Manvailer. Imagens do circuito de segurança mostraram a advogada sendo agredida pelo marido antes de entrar no prédio, no estacionamento e no elevador.

Após a queda, as imagens também registraram Luís Felipe buscando o corpo da advogada, levando ao apartamento e limpando os vestígios de sangue do corredor e do elevador. Ele fugiu por uma saída alternativa do estacionamento.