Desafio Farol a Farol traz inclusão e diversão a pessoas com deficiência de Salvador

Misto de ciclismo e corrida acontecerá neste domingo (25) com saída do Farol de Itapuã 

Publicado em 23 de julho de 2021 às 15:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A orla da capital baiana receberá neste domingo (25), a partir das 5h30, a primeira edição da Corrida Farol a Farol Meu Sorriso: do Farol de Itapuã ao Farol da Barra, com percurso de 23,5 km. A mobilização busca estimular o convívio social, pela atividade física, de Pessoas Com Deficiências (PCDs) e suas famílias. Outro objetivo da iniciativa da Associação Meu Sorriso é chamar a atenção da sociedade para a importância de tornar a cidade propícia à prática esportiva para quem enfrenta limitações de mobilidade.

Permitir que outros pais desfrutem de momentos de lazer ao lado dos filhos com deficiência foi a motivação de Frederico Matos, de 52 anos, para fundar a Organização Meu Sorriso, uma associação sem fins lucrativos, criada em 2019, fruto de uma reunião de amigos. A filha do engenheiro mecânico, Amanda, que atualmente tem 13 anos, nasceu com uma deleção parcial no braço longo do cromossomo 18, uma síndrome sem nome, que traz como consequências mais importantes o forte atraso cognitivo e hipotonia, ou seja, perda de tônus muscular. Com a prática esportiva em família, eles têm desfrutado juntos de momentos de alegria.   “Nossa missão é atuar como um projeto social amplo na disponibilização de recursos e desenvolvimento de projetos que estimulem a integração de pessoas com deficiências (PCDs) e suas famílias. Nosso intuito é buscar a viabilização técnica e econômica dos recursos necessários para a participação dessas PCDs e famílias nas atividades sociais da cidade, assim como no desenvolvimento de ações e processos que estimulem essa a presença”, conta Frederico que morou nos EUA com a filha por dois anos, onde conseguiu desfrutar de uma realidade muito mais inclusiva. “Esse tempo morando fora nos mostrou o quanto em nossa cidade as pessoas com deficiência e suas famílias encontram dificuldades ou mesmo inviabilidade de usufruir de atividades de lazer ou estarem integradas aos mecanismos sociais de qualificação humana, como escolas e oficinas, causando um significativo prejuízo à socialização do PCD e seus familiares”, avalia.   As dificuldades citadas pelo engenheiro estão relacionadas à carência de dispositivos, infraestrutura e processos adaptados que viabilizem não somente o acesso a esses locais, mas a efetiva participação dos PCDs nas atividades cotidianas. “Essas barreiras impactam fortemente na vida social desses núcleos familiares, cenário agravado quanto maior for a complexidade da deficiência envolvida, assim como a idade do PCD. Raramente observamos a presença de adolescentes ou adultos PCDs em convívio social. Por isso, pretendemos disponibilizar os equipamentos através de cessão a uso por associações de bairro, que atuem com famílias de PCDs ou empresas prestadoras de serviço na área relacionada ao equipamento”, explica.

Segundo ele, o desafio não é exatamente uma corrida, é mais uma proposta para ajudar a integrar pessoas de todas as idades e potencialidades. “Por exemplo: tem mãe que vai simplesmente andar por 30 minutos com a filha em uma parte do circuito. Tenho a confiança que essa experiência colocará em sua mente que é possível, fácil e super prazeroso estar com ela no meio dos demais. Tem pais que vão correr 10km. Eu vou correr 23km ao lado de um paraplégico em uma cadeira de atletismo. Dois handbikers irão em velocidade pela rua. Já outros dois se desafiarão em buscar terminar”.

O número de participantes será limitado a 70 inscritos, devido à pandemia. Para dispersar o grupo e mitigar os riscos, as largadas acontecerão em escalas, sempre um PCD com um grupo de corredores ou ciclistas, com intervalos de dois minutos.