Dia do Orgasmo: conheça profissionais baianos que vivem do prazer alheio

Confira histórias de quem trabalha com sexo, mas não transa em serviço

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  • Rafaela Fleur

Publicado em 31 de julho de 2018 às 13:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock/Reprodução

O sexo pode demorar horas, ele, apenas alguns segundos. E olhe lá, viu? Às vezes, sequer aparece. Tem quem, inclusive, prefira buscá-lo em momentos de solidão, sem companhia. Não há como negar: orgasmo é coisa importante. Prova disso, é que existe até um dia todinho dedicado à ele. Hoje, terça-feirça, 31 de julho, é o Dia Mundial do Orgasmo. 

Para celebrar a data, o BAZAR reuniu quatro histórias de puro prazer. Esses baianos lidam com o sexo todos os dias, mas não se rendem às tentações do ofício. Se limitam, apenas, a ganhar dinheiro às custas do prazer alheio. 

Cadastre seu e-mail e receba novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, tecnologia, bem-estar, pets, decoração e as melhores coisas de Salvador e da Bahia: (Colagens de Quintino Andrade com Creative Commonses) O Galvão Bueno do cabaré

Humberto Santos, 37, é narrador. Sua voz extremamente grave, porém, passa longe de jogo de futebol. Ao invés de Neymar ou Messi, ele fala de moças curvilíneas e rapazes bombados. 

Confira trechos de narrações de Beto:

É assim desde 2003, quando ele, pela primeira vez, usou o vozeirão para descrever os movimentos sinuosos de dançarinos de casas noturnas. E já rolou caso com coelhinha da Playboy, participação especial com casais em casa de swing e até um relacionamento de quase 10 anos com uma striper.

“Fui convidado pela esposa do casal. Depois do expediente, eles me chamaram e fomos para outro lugar”, relata. Essas investidas, garante, acontecem sempre. Mas o rapaz é difícil, nem sempre aceita. “Dão muito em cima de mim, as pessoas ficam curiosas, perguntam se eu me empolgo, se quero interagir. Mas procuro sempre manter o profissionalismo”, alega ele, que é compromissado. Além disso, Betotambém é DJ (@djbetosantos). Foi assim que tudo começou.

Confira trechos de duas narrações:

Com experiência em agitos noturnos, foi convidado para tocar numa boate. Lá, ficou sabendo que precisaria anunciar a chegada triunfal de uma dançarina. Tremeu na base. “Fiquei muito tímido, foi diferente. Mas na segunda vez que me chamaram, já tinha pegado o jeito”, comenta, saudoso da casa noturna Blue Night, que ficava perto da praça Castro Alves, onde iniciou a carreira. Nas narrações de Beto, não faltam palavras como magia e erotismo, sempre em tom de mistério. “O objetivo é fazer o público prestar atenção no que vai rolar no palco. Eu chego antes, combino com os dançarinos as músicas com os movimentos”, explica. Uma noite com suas falas de plano de fundo custa R$ 350. Quando não está na madrugada, ele trabalha como técnico de sonorização e operador de teleprompter em uma emissora de TV. Cheia dos brinquedos

Entre a venda e o feedback positivo não demora. Dentre os itens mais elogiados, destaque para o Sete Sensações (R$ 32), um lubrificante anal. Quem usa, assegura que é pura magia. Nos depoimentos recebidos, tem quem diga que vai criar uma igreja para adoração do produto. 

Thuane Daebs, 28, fundadora do sex shop online Sexto Sentido, não tem do que reclamar. Além do lubrificante, chocolates com formatos eróticos, jogos sensuais, vibradores e brinquedos para sexo oral fazem parte do site, lançado em 2015. A moça tinha dois mil reais na conta e resolveu investir. “Me incomodava o tabu em torno do sexo. Até as lojas são sempre escondidas, em subsolos. As propagandas são heteronormativas”, observa. Seu sex shop precisava ser divertido e inclusivo.

Apesar da venda online, ocasionalmente, Thuane leva o Sexto Sentido para as ruas. Como n’A Feira da Cidade, onde ficou por seis edições em 2016. O resultado? “Às vezes tinha fila pra entrar no stand, criamos muitos vínculos. Tinha gente que no final voltava pra beber com a gente”, comenta. Outras experiências marcantes foram duas paradas LGBT de Salvador. Em uma, chegou a subir no palco para dançar com as drags e saiu distribuindo amostras do Sete Sensações.

Tem mais: a moça já foi até madrinha de casamento de uma cliente. “Ela amou o atendimento, disse que as coisas em casa melhoraram”, conta. A família, segundo ela, estranhou no início. “São muito religiosos. Era um tabu dentro de casa. Algumas relações ficaram estranhas, mas eu não me importo”, garante.

Formada em administração e pós-graduada em marketing, Thuane trabalha no setor financeiro de uma empresa. Quer voltar às ruas, mas, por enquanto, não dá. O motivo? Se chama Caetano e tem um ano. “Quando ele crescer mais, pretendo retornar”. Cheirinho de eucalipto

Com 13 anos de história, a Clube 11 (Rua José Duarte, 11, Tororó) realiza concursos como Meu Ovo é um Show, para a escolha do maior, do menor e do mais belo testículo. Tem também o Bumbum de Ouro, que elege o maior e mais bonito bumbum, e o Pica-Pau, que coroa pênis mais avantajado. Tudo criação de Valmick Braz, 56. E não é só a programação que é curiosa lá.

O empresário lembra casos inacreditáveis, como uma esposa que ligava para lá em busca do marido. “Ela sabia que ele frequentava e quando não conseguia falar com ele pelo celular, ligava para nosso telefone fixo e deixava recado”. E outro de um cliente que, de início, se fez de desentendido. “Dizendo ele que achava que era uma sauna hétero, reclamou porque não viu garotas, mas acabou ficando e interagindo com rapazes. Virou cliente assíduo. Às vezes, encontro no shopping com esposa e filhos, finjo que nem conheço. Discrição é fundamental”, garante.

A abertura da casa foi uma odisseia. A primeira vez que  visitou uma sauna foi em 1989, em terras cariocas. Na época, a chamada Rogers, que ficava em Copacabana, estava no auge do sucesso. “Fiquei deslumbrado com aquele ambiente. Funcionava num horário mais cedo, tinha conforto, quartos, suítes, área de shows, gogoboys. Se podia fazer sexo seguro, num local agradável, sem se arriscar nas ruas”, declara.

A partir daí, Valmick iniciou uma peregrinação por saunas brasileiras. “Sempre ia em saunas com com objetivo de conhecer. Passei quase 15 anos com projeto de abrir uma em Salvador, juntando recursos, inclusive, para comprar o imóvel, que é próprio”. 

Apesar de amar seu negócio, Valmick garante que não se rende aos prazeres do local. “Onde se ganha o pão, não se come a carne. Quando estou solteiro e quero fazer sexo, vou a outros espaços similares”. Crossfiteira íntima

Elas deitam no colchonete e ouvem, atentamente, as recomendações para exercitar a musculatura. Nada de bíceps ou coxas. O objetivo é pompoar, ou seja, fortalecer o assoalho pélvico através de contrações. No lugar de tops de lycra e leggings, saias e vestidos soltinhos.

Expert em pompoarismo, Bárbara Oliveira, 37, dá aulas a 11 anos. Já teve até academia, onde cobrava R$ 149 de mensalidade para duas visitas semanais. O empreendimento, que funcionava no Costa Azul, fechou ano passado, mas não foi por falta de público. O marido precisou se mudar para o sul e ela o acompanhou. As alunas, no entanto, continuaram atrás dos serviços. Para alegria das soteropolitanas, ela volta mês que vem com aulas particulares (R$ 80 cada). 

Começou em 2001. Nova Zelândia, lua de mel, só alegria. Com 20 anos, na época, Bárbara tinha acabado de se casar. Em meio às andanças pelo continente, avistou uma casa de striptease. Arrastou o marido pelo braço e entrou. Lá, além de dançarinas e drinques, notou uma movimentação diferente. O curso de pompoarismo estava prestes a começar. Culpou os astros e achou que foi um presente. “Durou 30 minutos, foi tudo muito prático. Foi meu primeiro contato com a técnica”, relata Bárbara. 

Ao chegar em Salvador, não encontrou nada parecido e resolveu, sozinha, se aperfeiçoar. Com vídeos no YouTube, livros e, claro, muito treino. “Pompoarismo é que nem musculação de academia, você tem que se exercitar, ir fazendo sem parar. Aí você vai evoluindo”, comenta. 

A aprendizagem durou 6 anos. Em 2007, pode-se dizer que ela era quase uma fisiculturista vaginal. Era hora de, enfim, compartilhar. Decidiu ser professora. “Na primeira turma vieram 50  mulheres e não parei mais”.

Além da academia e das aulas particulares, Bárbara já teve sex shop, deu palestras e até lançou um livro, em 2011 (O Prazer é Todo Meu). Contando os dias para o retorno à capital baiana, ela comenta, por alto, que vai voltar com novidades, como o curso de sexo oral. À quem interessar, o e-mail dela é: [email protected].  Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: