Diretores de penitenciária do complexo de Alcaçuz (RN) são exonerados

Pelo menos 26 presos foram mortos por detentos da unidade priosional no dia 14 de janeiro, forçando o governo estadual a pedir a ajuda da Força Nacional de Segurança Pública e das Forças Armadas.

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Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 14:19

- Atualizado há um ano

Dois dias após a mais longa rebelião do sistema carcerário do Rio Grande do Norte completar um mês, a Secretaria Estadual da Justiça e da Cidadania substituiu os diretores da Penitenciária Rogério Coutinho Madruga - conhecida como o Pavilhão Cinco da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, região metropolitana de Natal.Segundo a assessoria da pasta, o antigo diretor, Ivis Ferreira Barros, e seu vice, Rubian do Nascimento Rocha, já tinham pedido exoneração dos cargos há alguns dias, mas só foram atendidos após a secretaria definir quem os substituiria. O novo diretor e vice-diretor da unidade é Francisco Giovanny e e o vice, Hudson Luiz da Silva,.Giovanny e Silva são agentes penitenciários, tal como Barros e Rocha, que, após a exoneração, voltam a ocupar os antigos cargos.Pelo menos 26 presos foram mortos por detentos em Alcaçuz, no dia 14 de janeiro – dia em que integrantes de facções criminosas rivais depredaram e escaparam dos pavilhões 4 e 5, assumiram o controle do pátio por vários dias e passaram a protagonizar cenas de brutalidade e crueldade, forçando o governo estadual a pedir a ajuda da Força Nacional de Segurança Pública e das Forças Armadas. De acordo com autoridades estaduais, as mortes foram resultados da disputa entre organizações criminosas que disputam o controle do narcotráfico e das unidades prisionais estaduais.Já o coordenador do Observatório da Violência Letal Intencional do Rio Grande do Norte, grupo de pesquisa ligado à Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), a guerra entre facções criminosas explica apenas parcialmente os fatos recentes. A eintidade classificou o mês de janeiro como o mais violento da história do estado,“Há o fator estrutural, que tem a ver com a manutenção da desigualdade, que afeta principalmente a juventude. O sistema prisional não recebeu o investimento necessário e acaba apenas retroalimentando a criminalidade. A estrutura de segurança pública também não. Mal aparelhadas e com déficit de pessoal, as polícias Civil e Militar se tornaram disfuncionais, conforme revela o baixo índice de resolução dos crimes. Não há uma estrutura adequada de perícias, de investigação. Tudo isso contribui para um sentimento muito forte de impunidade. Poucos acusados por homicídios são levados aos tribunais de Justiça e menos ainda são condenados”, disse o sociólogo à Agência Brasil, em entrevista publicada nessa quinta-feira (16/2).