Divisão de base, Ramires e o mercado

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Ivan Dias Marques
  • Ivan Dias Marques

Publicado em 3 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Sem Ramires, já na Suíça, onde assinaria com o Basel, e Marco Antônio, que usou uma medicação que poderia ser tratada como doping, o Bahia não teve nenhum jogador oriundo das divisões de base na partida do último sábado, contra o CSA, pela Série A.

Ramires, aliás, foi o único jogador formado no clube utilizado pelo tricolor nas 17 rodadas até aqui da competição. Até o dia 23 do mês passado, segundo o Globoesporte.com, o Esquadrão, ao lado do Palmeiras, eram as piores no quesito entre os 20 participantes. O líder era o Botafogo, com 14 atletas usados.

É muito pouco se levarmos em conta que o Bahia gastou mais de R$ 10 milhões em investimentos nas suas divisões de base em cada um dos dois últimos anos. Em 2019, o número previsto é semelhante.

Em uma avaliação até superficial, podem ser detectados alguns problemas. O primeiro deles é a gestão da divisão de base, que não é bem feita. Se a base serve mais para formar do que para levantar taças, como sempre é dito pelos profissionais que a coordenam, pior ainda. Nem forma e nem conquista títulos de expressão.

O segundo problema é a transição mal feita. Ramires só estreou no profissional por falta de opção. Marco Antônio treinava bem há mais de seis meses e foi a última opção de Guto Ferreira, quando estreou. Na Série A de 2019, o jovem meia viu Clayton ter diversas chances, por exemplo, e nada para ele. 

O time Sub-23 surgiu para melhorar a transição, mas esse trabalho ainda engatinha. Apenas dois jogadores formados da base são titulares atualmente: Cristiano e Caíque, ambos com rápidas passagens no time de cima.

O terceiro - e talvez mais grave - problema é a falta de chances. Edimundo ou Douglas Borel não fariam menos que Ezequiel na lateral-direita. Não se justifica trazer Xandão com Everson no elenco. Aí fica complicado cobrar até motivação para quem está sem perspectivas.

Foi assim, sem chance de afirmação no Bahia, que Rodrigo Becão acabou emprestado para o CSKA Moscou e, de lá, para a italiana Udinese, onde já está sendo monitorado pelo técnico Tite, da Seleção Brasileira. No tricolor, ao sinal do menor erro, a cruz já estava pronta.

“Mas torcida tem parcela de culpa, já que tem menos paciência com os garotos do que com os jogadores que vêm de fora?”, alguns devem questionar. 

Sim, mas quando há convicção nas escolhas, na gestão e na qualidade do jogador, por todo o caminho dele no clube, fica muito mais fácil ele ter a confiança necessária para dar um retorno dentro de campo antes de ser vendido. 

Basel A venda de Ramires para o Basel é ruim, mas é boa. Explico: claro que o jovem meia poderia dar um retorno técnico maior em campo ainda. Por outro lado, o Bahia segue com uma percentagem dos direitos e faz mais uma negociação direta com a Europa, sem intermediários. 

Dentro do processo de afirmação do tricolor e de sua democracia, é um preço quase obrigatório ‘desistir’ de uma promessa como Ramires em nome da necessidade de manter as contas em dia, assim como foi com Junior Brumado ou Talisca.

Ivan Dias Marques é subeditor do CORREIO e escreve às terças-feiras