Do terreiro para os palcos: romance conta a saga de astro pop baiano

História de artista do Engenho Velho de Brotas será lançada nesta sexta-feira (2)

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  • Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2021 às 18:00

- Atualizado há um ano

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Capa do romance Ani Todos os Felas do Mundo, do escritor Nelson Maca por Divulgação

Em seu primeiro romance, o escritor Nelson Maca leva para o universo da ficção a negritude, a educação e a música, elementos fundamentais em sua trajetória. Eles são a base do livro Ani: Todos os Felas do Mundo, que será apresentado com uma série de atividades virtuais no mês de julho, sendo a primeira nesta sexta-feira (2), às 20h, no YouTube da Blackitude.

O evento on-line reunirá, além do autor, o ilustrador Alexandre de Maio, projetado na cena do hip hop paulista. O livro custa R$ 40 (mais frete) e pode ser adquirido pelo Whatsapp (71) 99210-1487 e pelo Instagram @ani_romance.

A obra conta a história do astro pop Ani Brown, nascido e criado dentro de um terreiro de candomblé no Engenho Velho de Brotas, em Salvador, onde recebeu os fundamentos para sua vida e trajetória artística. Neto da famosa Ialorixá Mãe Francisca de Oxum, Ani é escolhido ainda criança, diretamente por Xangô, para ser o alabê da casa, ou seja, o sacerdote responsável para tocar os atabaques para os orixás nas cerimônias. E tem como mestre exigente e dedicado o percussionista e alabê Jorjão Bafafé.

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O romance acompanha a vida de Ani até o momento em que ele se torna um cantor reconhecido internacionalmente e realiza seu grande sonho de se apresentar no continente africano. No seu caminho, o garoto vai somando os ensinamentos recebidos no terreiro com os de outros mestres que cruzam sua trajetória, como o trompetista Saul Trumpet, o dançarino Negrizu, o poeta José Carlos Limeira, o pan-africanista cubano Carlos Moore e vários outros personagens – muitos inspirados em pessoas reais.

Ani é fã de Fela Kuti, Miles Davis, James Brown, Joãozinho da Gomeia, do Afoxé Badauê... Seu nome, Anikulapo Conceição, já diz muito sobre ele: é uma homenagem ao nigeriano Fela “Anikulapo” Kuti e ao maestro baiano Vivaldo Conceição, agradando aos desejos do pai, que era músico, e da mãe, dançarina e fã de Fela.

Lado B: muito além das violências Autor dos livros Gramática da Ira (poesia/2015) e Relatos da Guerra Preta ou Bahia Baixa Estação (conto/2020), Nelson Maca afirma que queria mostrar um lado B de sua escrita já publicada: ou seja, uma leitura que tira do primeiro plano o racismo e as muitas violências sofridas pelo povo preto.

“Eu precisava escrever sobre um menino que fosse 10. Um erê de uma comunidade coesa de Salvador. Um jovem que conquistasse o mundo com sua arte. Que não abandonasse a ancestralidade”, resume Maca, 55 anos. Por isso, diz, o romance juvenil pode ser lido como um livro de formação. “Na verdade, é um livro sobre educação”, afirma.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

PROGRAMAÇÃO (YouTube/Blackitude)

Dia 2/7, às 20h, live de apresentação do livro Com Nelson Maca e Alexandre de Maio

Dia 9/7, às 20h  live Cultura Negra no Engenho Velho de Brotas Apresentação: Nelson Maca Convidados: Chicco Assis, Jacira Sacramento, Jorjão Nafafé e Negrizu

Dia 16/7, às 20h live  Narrativas Negras na Educação da Juventude Apresentação: Nelson Maca Educadores convidadas: Ana Carla Portela (IFBA), Iraildes Nascimento (Escola Eugênia Anna dos Santos Anna/Ilê Axé Opô Afonjá), Maria das Graças Gonçalves (UFF), Marly Silveira (UnB/Ceert)