Edital Natura Musical abre inscrição para edição 2018

Artistas baianos podem concorrer na categoria nacional e regional

  • Foto do(a) author(a) Laura Fernades
  • Laura Fernades

Publicado em 12 de junho de 2018 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Um dos responsáveis por impulsionar a música baiana Brasil afora, o edital Natura Musical abre, nesta terça-feira (12), as inscrições para a edição 2018. Com o objetivo de contemplar “propostas que reflitam e contestem o momento de profunda transformação no qual vivemos”, o Natura Musical oferece R$ 4,5 milhões - combinando recursos próprios e da Lei Rouanet (nacional) e das leis estaduais -, para o lançamento de trabalhos em qualquer formato como álbum, EP, vinil, shows, clipes e livro.

A novidade deste ano é que o programa criou uma categoria inédita que abrange coletivos culturais: selos, grupos, blocos, casas de show de pequeno porte e centros de cultura que podem ser eleitos pela curadoria para a produção e realização de mostras, residências, intercâmbios e outras ações. As inscrições podem ser feitas até o dia 29 pelo site natura.sponsor.com.

Além de contemplar projetos musicais de todo o Brasil por meio da lei Rouanet, o Natura Musical abre uma seleção regional na Bahia, no Pará, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, via leis de incentivo à cultura estaduais. Só na Bahia, o edital já investiu um total de R$ 5,9 milhões em 30 projetos, desde 2012, quando foi feita a primeira seleção no estado.

“A história com a Bahia é de longa data. Tivemos projetos importantes e a gente reconhece a efervescência da indústria baiana, que não é de hoje e se renova a cada período. A gente está conseguindo capturar essa nova cena que tem uma pegada de groove, hip hop, com um discurso ativista, engajador como O Quadro, Larissa Luz, Josyara, Luedji Luna... A gente fica muito feliz de ver que esses artistas veem a Natura como forma de alavancar seus discursos”, destaca a gerente de marketing institucional da Natura, Fernanda Paiva, 40.

Contempladas em 2017, as cantoras baianas Larissa Luz e JosYara lançam um disco no segundo semestre e Luedji Luna circula com a turnê do elogiado álbum Um Corpo no Mundo. Os selecionados de 2018 serão divulgados até dezembro.  

Entrevista com Fernanda Paiva, gerente de marketing institucional da natura

1. O Natura Musical busca “propostas que reflitam e contestem o momento de profunda transformação no qual vivemos”. Por que escolheram esse caminho?

Isso faz parte de uma reflexão que surgiu quando o Natura Musical completou dez anos. Até então, a gente assumia que buscava projetos que revelassem e valorizassem a raiz da música brasileira, a questão identitária do país, e que ao mesmo tempo fosse uma antena com a capacidade de projetar essas influências e se renovar. Em 2015, a gente entendeu que isso dava conta apenas de uma camada estética da música brasileira.A música não tem a finalidade apenas estética, mas de levantar temas, causas, posicionamentos do que é discutido nas ruas. Então, não é só valorizar a música como antena, mas como engajamento de valores, causas e temas relevantes do mundo contemporâneo.2. Em 2018, a novidade do Natura Musical é a categoria inédita que abrange os coletivos culturais. Como isso reflete a transformação da indústria musical?

Todo o ecossistema da música vem sofrendo muitas mudanças. Há alguns anos, você tinha um controle hierárquico de produção, promoção e distribuição concentrado nas gravadoras. Com a mudança de mercado, tudo isso tornou-se mais pulverizado. Não basta patrocinar a produção criativa, mas reconhecer que existem coletivos que estão ocupando esses novos espaços da cadeia da música e que são tão importantes quanto. É importante amplificar o impacto que essa música brasileira ultracriativa e ultracontemporânea tem para se conectar com novos públicos. Por isso, a Natura Musical resolveu dedicar uma parte do investimento para atender esse novo mercado, essa emergência de novos formatos de trabalhar a música.

3. E essa nova forma de trabalhar a música inclui cada vez mais shows e cada vez menos discos físicos...

O CD é um produto importante para gerar um fato novo sobre aquele artista, mas muitas vezes a música nova nem vai estar mais no CD, sendo disponibilizada nos canais digitais. Um dos principais vetores de crescimento da carreira são os shows, que vão criar a base e a lealdade de fãs. É fundamental essa questão de poder circular cada vez mais. Por isso, no ano passado, a gente passou a apoiar um circuito de festivais, porque é uma forma de criar um circuito de shows com novos palcos para o artista se conectar com novos públicos. O show ao vivo cria a oportunidade de amplificar a base de fãs e reter a lealdade que vai se converter em plataformas de streaming, acompanhamento de turnês...O CD é um produto importante para gerar um fato novo sobre aquele artista, mas muitas vezes a música nova nem vai estar mais no CD, sendo disponibilizada nos canais digitais. Um dos principais vetores de crescimento da carreira são os shows, que vão criar a base e a lealdade de fãs.4. O que destaca sobre a Bahia, que tem apresentado uma cena cada vez mais fértil?

A história com a Bahia é de longa data. Nessa história, tivemos projetos importantes e a gente reconhece a efervescência da indústria baiana, que não é de hoje e se renova a cada período. Em 2012, a gente capturou uma nova estratégia e abriu novos centros de distribuição regionais, pelo Fazcultura. Além de poder concorrer via nacional, os baianos têm a oportunidade de concorrer a um edital dedicado aos projetos do Estado. Amplia o leque de oportunidades. De 2012 pra cá, foram investidos R$ 5,9 milhões em 30 projetos patrocinados. A cena fértil que vimos em 2017 faz parte dessa revelação da ‘nova música do momento da Bahia’. Tivemos a Tropicália, a Axé Music e tem essa cena de agora que é muito rica e não é só do ano passado. A gente está conseguindo capturar essa nova cena que está reinventando a linguagem da Bahia: tem uma pegada de groove, hip hop, um discurso ativista e engajador, como O Quadro, Larissa Luz, Josyara, Luedji Luna... A gente sempre teve muito bons projetos lançados a cada ano.