'Ele me enforcou, disse que ia me matar', narra mulher que acusa DJ de agressão

João Espinheira, que responde a outros processos na Justiça criminal, diz que é inocente

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  • Laura Fernades

Publicado em 6 de janeiro de 2019 às 13:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo Pessoal

“Eu estava pensando em pular da janela do primeiro andar, para fugir dele. Só não fiz porque ele me deu um murro e eu caí de novo”, narra a bacharel em direito Juliana Galdino, 26 anos, sobre a agressão que sofreu do ex-namorado, João René Espinheira Moreira, 33, conhecido como DJ John Oliver.

A vítima contou que os dois moravam juntos há mais de dois anos, mas o relacionamento acabou há um mês e ele não aceitou o término. Já João contou ao CORREIO que foi ele quem terminou e Juliana, por não aceitar, o agrediu. “Eu revidei, apenas, e fiz o que qualquer pessoa faria”, disse.

Segundo Juliana, a agressão aconteceu depois que John Oliver entrou em contato com ela, na madrugada de sexta (4) para sábado (5), querendo conversar para “não ficar esse clima ruim”. A jovem, que estava na casa da mãe, aceitou, porque havia uma pendência financeira de TV a cabo e internet a ser resolvida. “Ele disse: ‘vou pagar o que devo a você e pronto, cada um segue sua vida. Ele queria que eu fosse pra casa dele, mas não fui. Então recebi ele no hall do meu prédio”, lembrou Juliana. (Foto: Acervo Pessoal) A vítima contou que o DJ chegou com um copo de whisky na mão e, depois de uma conversa inicial “tranquila”, ele pediu para ir ao banheiro. “Ele disse que estava apertado e no meu prédio não tem banheiro, nem porteiro, porque é um prédio antigo. Ele insistiu muito e a gente subiu. Quando ele viu que eu estava sozinha em casa, porque todo mundo viajou para Guarajuba, já saiu do banheiro dizendo, ‘vou te matar, desgraça’”, disse.

Juliana afirmou que demorou para entender o que estava acontecendo, quando recebeu a primeira “pisada”. “Ele me chutou, me deu murro na cabeça, tirou meu ar e eu gritando ‘socorro’, ‘socorro’, mas os vizinhos não fizeram nada”, disse Juliana, que ficou sem enxergar temporariamente por causa do sangue no rosto e perdeu o equilíbrio.“Ele me enforcou mesmo, disse que ia me matar. Ele é louco. Nunca pensei que isso fosse acontecer dentro da minha própria casa”, contou emocionada.O DJ John Oliver disse ao CORREIO que, na verdade, após ser agredido e se defender, Juliana caiu e bateu a cabeça. “Eu ainda prestei socorro a ela, com a ajuda de minha mãe, que é enfermeira”, afirmou. João diz que também foi agredido pela ex-namorada (Foto: Acervo pessoal) Arrependido Durante a briga, a vítima disse que o DJ parou de repente e chorou, dizendo que “não queria que isso tivesse acontecido”. “Ele é um artista, isso sim. O banheiro estava todo ensanguentado e ele ligou para um amigo que foi lá limpar tudo. Eu estava fora de mim, sem equilíbrio e sem entender mais nada”, narrou.

Juliana disse que, apesar do seu estado, o DJ não quis levar ela no hospital. João Espinheira rebateu a acusação e disse que foi a jovem quem se recusou a ser atendida em uma emergência e preferiu esperar a mãe voltar.

“Ele deu um ponto falso na minha cabeça, com um esparadrapo, porque estava sangrando muito, e foi embora. Só aí que eu consegui falar com minha mãe, que saiu de Guarajuba correndo pra cá”, completou. Com a mãe, Juliana seguiu direto para a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), em Brotas, onde recebeu a orientação de seguir para uma emergência. Juliana levou pontos na cabeça após agressões sofridas dentro de casa (Fotos: Acervo Pessoal) Depois de ser atendida no Hospital da Bahia, onde levou ponto no corte de 7 cm que teve na cabeça, Juliana voltou para prestar depoimento. O documento foi registrado às 17h56 deste sábado (5) pela delegada Izabella Fernanda Santo Chamadoiro. Na ocorrência consta que as agressões sofridas por Juliana causaram lesões na cabeça, face, pescoço e braços.

“Estou aqui, toda enfaixada. Ainda ando desequilibrada, não conseguia nem falar. Às vezes falta ar. Enfaixaram minha cabeça, estou tomando remédio de hora em hora.”, contou Juliana, antes de prestar depoimento na delegacia. A vítima também contou que o ex-namorado levou a carteira e o celular dela, além de ter apagado mensagens e mexido nas redes sociais da jovem. “Ele ficava falando de amor. Que amor? Tá louco? Ele é doente, é psicopata”.

‘Tentativa de homicídio’

Em dois anos e três meses de relacionamento, Juliana conta que John Oliver mostrava sinais de um comportamento explosivo, com agressões verbais e grosserias “quando chegava estressado do trabalho”, por exemplo.

“Ele já chegou em casa bêbado jogando tudo pra cima, mas nunca nesse nível, porque isso, para mim, foi uma tentativa de homicídio”, afirmou, sobre o que viveu no último sábado (5).

Já o DJ John Oliver disse ao CORREIO que a ex-namorada quer “armar” para cima dele. “As mulheres são assim. E agora, com a Lei Maria da Penha, elas se aproveitam e, em qualquer briga, por qualquer motivo, registram ocorrência contra o homem. Depois aquilo fica lá, não tem como apagar”, declarou ele, que responde a outros três processos na Justiça criminal por agressões a mulheres, sendo uma das vítimas a própria irmã. "Já respondi a três, mas de dois eu fui absolvido", rebate o DJ.

‘Gratidão’

“Ela deveria ser grata a mim, porque, quando a gente se conheceu, ela ia ser presa por ter agredido o irmão, que é policial. E agora ela quer me colocar na cadeia”, disse João Espinheira contra a ex-namorada. O DJ, para se defender, ainda afirmou que, desde o término, Juliana tem ligado insistentemente para o celular dele.

“Ela já está com outra pessoa, assim como eu. Mas, ela quer infernizar a minha vida. Ela se aproveitou de meu ‘calcanhar de Aquiles’, do meu histórico, mesmo eu tendo sido absolvido, para tentar me incriminar. Eu tenho minhas provas e também fui agredido. Se a polícia bater em minha porta, eu vou abrir”, declarou o DJ.

De acordo com o advogado da vítima, Dielson Monteiro, o caso está sendo investigado e a delegada responsável por realizar o boletim de ocorrência já enviou ao juiz um pedido de prisão preventiva. "Essa agressão preenche todos os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal e eu acredito que esse pedido seja atendido de imediato", afirmou.

Veja onde buscar ajuda: Creas - O Centro de Referência Especializada de Assistência Social atende pessoas em situação de violência ou de violação de direitos. Telefone: 3115-1568 (coordenação estadual) e 3176-4754 (coordenação municipal)

CRLV - O Centro de Referência Loreta Valadares promove atenção à mulher em situação violenta, com atendimento jurídico, psicológico e social. Endereço: Praça Almirante Coelho Neto, nº 1 – Barris, em frente à Delegacia do Idoso. Telefone: 3235-4268

Deam Brotas - (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) - Rua Padre José Filgueiras, s/n – Engenho Velho de Brotas. Telefone: 3116-7000

Deam Periperi - Rua Doutor José de Almeida, Praça do Sol, s/n – Periperi. Telefone: 3117-8217

Disque Denúncia - As mulheres são atendidas pelo Disque 180, da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres

Fundação Cidade Mãe - Órgão municipal que presta assistência a crianças em situação de risco. Endereço: Rua Prof. Aloísio de Carvalho – Engenho Velho de Brotas

Gedem - O Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher do Ministério Público da Bahia atua na proteção e na defesa dos direitos das mulheres em situação de violência. Endereço: Avenida Joana Angélica, nº 1.312, sala 309 – Nazaré. Telefone: 3103-6407/6406/6424.

* Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro