Estagiário na Série C

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  • Elton Serra

Publicado em 22 de abril de 2018 às 05:04

- Atualizado há um ano

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A Desportiva Juazeirense alcançou algo que muitos clubes baianos tentaram nos últimos 10 anos: subir à terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Disputando a Série C pela primeira vez, o time do norte do estado vive agora uma realidade proporcional à da dupla Ba-Vi na Série A – um abismo financeiro e técnico capaz de distanciá-lo de um objetivo mais ousado na temporada.

Mesmo não sendo disputada em pontos corridos, a terceirona requer regularidade. São 18 jogos na primeira fase, além de um mata-mata que vale uma vaga na Série B. Clubes tradicionais, como Remo, penam para alcançar este objetivo. O Fortaleza, por exemplo, passou oito anos tentando mudar de divisão. Não é uma tarefa fácil. A Juazeirense sabe, mais do que ninguém, que a missão é muito difícil.

Resta ao Cancão de Fogo tentar se manter na Série C, e aprender com ela. Como um estagiário em seu primeiro emprego, buscar conhecer todos os caminhos que levam ao sucesso. Beber de uma água que nunca havia visto. Em bom português, absorver o máximo de conteúdo que uma competição nacional de regularidade exige.

A Série C não oferece grandes cifras. A CBF banca passagens aéreas para viagens acima de 700km de distância, além de duas diárias para alimentação. Não há receitas com cotas de televisão. Então, como aprender com uma competição ainda tão deficitária?

A Juazeirense passou a conviver com equipes mais tradicionais do futebol brasileiro. Irá enfrentar Santa Cruz, Náutico, Remo e ABC, que são clubes que conseguem mobilizar grandes públicos em seus estádios. Esse intercâmbio de experiências ajuda a moldar uma gestão mais profissional, por mais que os dirigentes brasileiros, em sua maioria, passem longe do profissionalismo. Ter um calendário com 18 jogos – sendo nove deles no Adauto Moraes – ajuda a criar uma política de planejamento a médio e longo prazos. Se aproximar dos líderes do futebol brasileiro também é importante para a equipe.

Além de aprender, o objetivo da Juazeirense precisa ser o de se manter na Série C. Não dá, ainda, para pensar mais alto que isso. No regulamento atual, os dois últimos de cada grupo são rebaixados para a Série D e, por isso, o time de Juazeiro precisa alcançar, no mínimo, a oitava colocação na sua chave. Na média dos últimos quatro campeonatos, quem atingiu 20 pontos conseguiu se manter na terceira divisão. Seis vitórias e dois empates é a meta.

Assim como acontece na maioria dos clubes brasileiros, a Juazeirense mudou de técnico na semana passada. Luís Antônio Zaluar comandou o time em apenas 13 jogos na temporada, e deixou o Cancão de Fogo criticando a sua estrutura e ressaltando que “Série C não é Campeonato Baiano”. Logicamente, o clube precisa investir para crescer, mas o passo precisa ser dado com cuidado. Porém, independentemente dos motivos, trocar um treinador com poucos jogos e curto tempo de trabalho não é uma prática que trará evolução de gestão à Juazeirense.

Em sua estreia na Série C, o time gerido pelo deputado Roberto Carlos (PDT) levou apenas 376 torcedores ao Adauto Morais – menor público das três divisões do Campeonato Brasileiro até agora. Sinal de que ainda tem muito caminho a ser percorrido. Conquistar a torcida de Juazeiro, talvez, seja o maior dos desafios. É aproveitar o estágio, conquistado com muito suor em 2017, e conseguir uma graduação no concorrido mercado do futebol nacional.