Estudantes baianos vencem competição nacional com foco na redução de gás carbônico na atmosfera

Microalgas podem realizar a absorção de aproximadamente 1,8 kg de CO2 e converter em 1 kg de biomassa que pode ser utilizada para diversos fins, como aditivo alimentar, para fazer pigmentos, química fina, hormônios e biocombustíveis

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  • Murilo Gitel

Publicado em 8 de agosto de 2017 às 11:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Estudantes, professores que participaram da competição (foto: divulgação)

Um projeto que aproveita o metabolismo de microalgas com o propósito de reduzir a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera desenvolvido por estudantes do curso de Química da Escola Djalma Pessoa (Sesi Piatã) foi o grande vencedor do Desafio Redução CO2. A competição em nível nacional foi promovida pelo Instituto Akatu, ONG que atua na promoção de defesa do consumo consciente, em parceria com a DOW, multinacional do setor químico e petroquímico.

O resultado foi anunciado em cerimônia realizada na semana passada na cidade de  São Paulo. O trabalho foi escolhido por um júri com base em critérios como a utilização do consumo consciente como ferramenta para reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), colaborando para que o país atinja suas metas de redução e com a desaceleração do aquecimento global. "A gente tem potencial de aplicação na indústria, nos centros urbanos e nas zonas agrícolas, que são áreas de bastante emissão de CO2 e englobam praticamente todas as camadas da sociedade”, explica Marcos Felipe Pereira, estudante do grupo que ficou em primeiro lugar. Sua parceira de projeto, Tarley Costa, completou: “Um dos destaques do processo foi o trabalho em equipe”. O terceiro membro do grupo, João Vitor Oliveira, e o professor orientador, Fernando Moutinho, ficaram na torcida em Salvador.

A ideia do projeto nasceu a partir do estudo de microalgas e sua capacidade metabólica de fixar CO2 no processo de fotossíntese e da preocupação do grupo com o futuro do planeta por causa dos impactos ambientais registrados pelo aumento do efeito estufa.“Para nós, desenvolver este projeto é importante porque o excesso de CO2 antrópico na atmosfera acarreta em graves desequilíbrios ambientais e problemas de saúde em seres humanos. Grande parte da concentração deste CO2 é absorvida pelas águas oceânicas, o que reduz o PH marinho, provocando a corrosão de corais e afetando a biodiversidade marinha”, observa Moutinho.O professor orientador também alerta que o excesso de CO2 atmosférico pode provocar diversos problemas respiratórios à população. “Portanto, é fundamental o desenvolvimento de projetos visando a redução da emissão de CO2 antrópico”.

Projeto

A equipe baiana elaborou um projeto que produz tensoativo não iônico, proveniente da biomassa de microalgas marinhas, utilizando CO2 como fonte de crescimento destes micro-organismos. A solução proposta é implantar fotobiorreatores (equipamentos utilizados para cultivo de células em meio aquoso e luz) com culturas de microalgas em indústrias, com a função de reduzir a emissão de CO2 antrópico.

Durante o processo metabólico de fotossíntese das microalgas, elas podem realizar a absorção de aproximadamente 1,8 kg de CO2 e converter em 1 kg de biomassa microalgácea. Essa biomassa pode ser utilizada para diversos fins, como aditivo alimentar, na alimentação animal, para fazer pigmentos, química fina, hormônios e biocombustíveis e, portanto, possibilitando ser comercializada pela própria empresa produtora de biomassa microalgácea.

O ‘Desafio Redução CO2’ busca estimular jovens brasileiros, estudantes do ensino médio, dos cursos técnicos de Química e Meio Ambiente, a desenvolverem projetos de redução de emissões de CO2. A edição deste ano distribuiu aos vencedores mais de R$ 30 mil em prêmios para apoiar a execução dos projetos junto à comunidade escolar – as demais escolas finalistas também foram premiadas. Puderam participar do concurso alunos das cidades de Salvador (BA), Campinas e São Paulo (SP).

O segundo lugar ficou com a ETECAP, de Campinas (SP), que apresentou um projeto de captura de carbono a partir de esponjas utilizadas na limpeza doméstica . A terceira posição foi conquistada por estudantes do SENAI Fundação Zerrener, de São Paulo, com o projeto de um kit individual para identificar a qualidade da gasolina comercializada em postos de combustíveis. Já a quarta posição ficou com um grupo do ETEC Tiquatira, também de São Paulo, com a ideia de utilizar uma máquina para recolher rejeitos gasosos da produção industrial para reaproveitá-los na produção de fertilizantes.