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Gil Santos
Publicado em 3 de novembro de 2018 às 13:46
- Atualizado há 2 anos
Familiares e amigos do atendente de telemarketing Walter Fernandes do Santos, 21 anos, fizeram uma manifestação na manhã deste sábado (3) para cobrar agilidade na resolução do caso. O jovem foi espancado por um grupo de cinco homens quando saía do trabalho, na noite do dia 28 de outubro, no bairro do Comércio. A suspeita é de que ele tenha sido vítima de homofobia.>
Com faixas e cartazes, os manifestantes cobraram por justiça e pediram celeridade na apuração do caso. O namorado da vítima, Antônio Júnior, contou que Walter segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral do Estado, em coma induzido.>
“O estado de saúde dele ainda é grave. Ele está sedado e reagindo aos poucos aos medicamentos. Hoje faz seis dias que tudo aconteceu e até agora a polícia ainda não nos disse nada. Queremos uma resposta do governador”, disse. Walter foi espancado quando voltava do trabalho (Foto: Arquivo Pessoal) Os agressores não levaram os pertences da vítima, por isso, a família não acredita que esse seja um caso de assalto, mas de homofobia. Walter tem o sonho de se tornar publicitário e faria o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (4).>
“Mas isso foi impossibilitado pela falta de segurança. O bairro do Comércio é terra de ninguém à noite e quem estava na rua naquele domingo era quem estava comemorando o resultado das eleições. Queremos uma resposta”, afirmou Antônio.>
A ação atraiu a atenção de quem passava pela região e algumas pessoas aproveitaram para registrar o momento em fotos e vídeos. Os pais de Walter e uma das supervisoras dele foram ouvidas pela polícia. O CORREIO ainda não conseguiu contato com a delegacia responsável pela investigação do caso.>
A dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia (Sinttel Bahia), Sandra Dias, contou que a organização está recolhendo assinaturas de comerciantes e trabalhadores que atuam no bairro para exigir mais segurança.>
“Vamos fazer um abaixo assinado pedindo mais segurança e iluminação pública porque o bairro é muito escuro. Há algum tempo existia até uma base da polícia que ficava naquela região, mas isso se perdeu com o tempo”, disse. Manifestantes gritaram por 'justiça' e 'homofobia não' (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Ataque Walter trabalha em uma empresa de telemarketing que fica no início da Ladeira da Montanha. Quando encerra seu expediente, por volta das 21h, normalmente ele segue andando para o ponto de ônibus localizado em frente ao Elevador Lacerda.>
No último domingo, algumas horas após o candidato Jair Bolsonaro (PSL) vencer a eleição para Presidente da República, Walter deixou o prédio da empresa e deveria ter chegado em casa, no Uruguai. No entanto, o atendente de telemarketing foi encontrado desmaiado na rua algumas horas depois. Ele foi socorrido e deu entrada no HGE às 22h16. Crime aconteceu próximo à praça da Mãozinha (Foto: Arquivo CORREIO) Uma testemunha, amiga da família, passava de ônibus pouco antes das 22h e viu o momento em que cinco homens atacavam Walter nas imediações do Edifício Citibank, na Avenida Jequitaia, a cerca de 200 metros onde o rapaz foi encontrado desfalecido.>
“Ele estava no chão quando ela viu os chutes na cabaça. Até então, ela não sabia que era Walter. Só ontem, no final do dia, que a família recebeu a informação dela dizendo que viu a agressão”, contou o namorado da vítima.>
A 3ª Delegacia (Bonfim), responsável pela investigação do caso, solicitou exames periciais na vítima e imagens das câmeras de segurança do local onde Walter foi agredido, para que sejam analisadas.>
Na próxima terça-feira (6), amigos e colegas do atendente farão uma manifestação na porta da empresa de telemarketing a partir das 14h. Todos estarão de branco e pedindo por paz e agilidade na investigação.>