Fernandão relembra perda: 'É difícil enterrar uma filha'

Atacante do Bahia falou de depressão da esposa e pior momento da sua vida

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  • Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2019 às 21:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Felipe Oliveira/EC Bahia

O atacante Fernandão, do Bahia, relembrou os momentos difíceis que viveu na Arábia Saudita e a perda da filha, Rebeca, que morreu na barriga da mãe pouco antes do parto. "Eu tive que fazer tudo. É difícil a gente enterrar uma filha né? A gente não quer isso. Não é a lógica da vida, mas a gente nunca vai entender os planos que Deus. No fim, são melhores que os nosso", diz, em entrevista a O Globo.   (Foto: Reprodução/Instagram) O craque tricolor saiu do clube baiano em 2013, indo para o Bursaspor. Artilheiro com 22 gols no campeonato Turco, seguiu para o Fenerbahçe. De lá, seguiu em 2018 para o Al Wehda, da Arábia Saudita, onde começou uma fase de sua vida da qual não sente saudades. 

"Foi a pior experiência que eu tive na minha carreira e na vida pessoal. Estava num país totalmente restrito, que tem uma religião totalmente fechada. Minha família não podia andar à vontade. Não conseguimos nos adaptar à cultura e leis deles. Isso dificultou muito meu desempenho. Lá eu simplesmente não consegui jogar", relembrou.

Fernandão conta que era comum chegar em casa e achar a mulher, Daiana, chorando querendo voltar para o Brasil. Nessa mesma época, Daiana descobriu uma gravidez. Seria a primeira filha do casal, que já tem dois meninos. Já na reta final da gestação aconteceu o pior. "Infelizmente o coração da bebê parou de bater dentro da barriga da mãe. Foi o maior choque de nossa vida. Isso desestruturou tudo. Meu psicológico ficou muito abalado".

Foi nesse momento que a permanência na Arábia se tornou impossível. Daiana queria voltar para o Brasil para ficar mais perto de familiares e amigos. "Entrei em depressão e o Fernando teve que segurar a barra sozinho. Não tive força, nem estrutura emocional para enterrar minha filha. Não conseguia sequer ver as roupinhas dela. Tranquei o quarto e não queria mais sair na rua. Se eu visse algum bebê já começava a chorar", lembra.

Fernandão ajudou a mulher a enfrentar a depressão e diz que a fé ajudou os dois, que são evangélicos. "Hoje em dia a gente tem um cuidado muito grande e especial com a Daiana, porque foi a mais afetada. Carregar um bebê durante nove meses, perdê-lo, passar por todo o procedimento médico e não ter a criança em seus braços é muito doloroso. A atenção hoje é redobrada porque a depressão pode entrar por qualquer brecha e quando vem é para destruir", diz.

No festejado retorno ao Bahia, onde já tinha vivido uma das melhores fases da carreira, Fernandão chegou a falar da perda de Rebeca. “O que me motivou de estar no Bahia acho que todos sabem, sempre quis voltar ao Bahia. Teve outras oportunidades, não deu certo. Mas o grande motivo foi o acontecimento e acabou reforçando a minha vontade e da minha família de permanecer no Bahia. Então a primeira opção sempre foi o Bahia e a primeira coisa que eu fiz foi entrar em contato e dizer que eu queria voltar”, afirmou, ao chegar no Brasil, ainda antes da apresentação.

Daiana está grávida novamente, à espera de Levi, que se juntará a Davi, 11 anos, e Daniel, 5.