Filho de Maílson, zagueiro é titular da nova sensação do Baianão

Maílson Júnior defende o Atlético de Alagoinhas, que ganhou do Bahia e, na abertura da semifinal, goleou a Juazeirense

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  • Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2020 às 11:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Maílson Júnior/Atlético/Divulgação

Recém-chegado ao Atlético de Alagoinhas, Maílson já estreou em prova de fogo. Em Pituaçu, o zagueiro de 29 anos foi titular na apertada vitória contra o Bahia por 1x0 na quinta-feira passada (23), que abria caminho para uma vaga no G4 e deixava a classificação para a semifinal do Baiano mais próxima. No jogo seguinte, foi a vez de enfrentar o líder Jacuipense. Mais uma vez a defesa do Carcará segurou o adversário, venceu também por 1x0, e o 2º lugar estava garantido. 

A intensa rotina de jogos que Maílson está enfrentando com o time baiano é mais uma das diversas fases que passou na carreira. Mesmo antes de completar 30 anos, o baiano já vestiu a camisa de mais de dez clubes, inclusive com passagem fora do Brasil. Agora, no Atlético, tem a missão de ajudar o clube a conquistar um inédito título de Campeonato Baiano. “Estou na minha melhor fase. Com experiência para passar segurança aos meus companheiros, sempre visando o coletivo”, garante. 

Para aqueles que ainda não o identificaram, seu nome completo é Maílson Souza Duarte Júnior. O último "sobrenome" dá a dica para um ídolo que o torcedor do Bahia conhece bem. Lateral-direito campeão baiano em 1988, 91, 93 e 94, Maílson, o pai, é figura memorável entre os jogadores que vestiram a camisa do Esquadrão. Na campanha do bicampeonato brasileiro ele estava no elenco, recém-saído da base.

O início da carreira se deu da mesma forma para os dois, já que Maílson Júnior também começou a carreira no Bahia, em 2009. Depois de disputar um amistoso pela escolinha do Real Salvador, treinado por Ademir Lima, contra o tricolor, o zagueiro foi chamado para o Esquadrão: “Lembro que depois de uma partida muito boa contra eles, me pediram para levar meus documentos e então comecei a jogar pelo sub-23 do Bahia”, conta.

O momento de estreia no futebol profissional também marcou a primeira aproximação entre pai e filho. “Meu pai e minha mãe se separaram quando eu era muito novo. Eu tive um contato mais próximo e comecei a ter influência dele quando já tinha meus 18 ou 20 anos. Ele chegou a acompanhar alguns treinos meus”, relata o zagueiro.

Hoje aos 52 anos, o ex lateral direito convive com uma grave doença degenerativa (esclerose lateral amiotrófica) que compromete os movimentos de mãos, pernas e até da fala. Ele é auxiliado pelo programa criado pelo Bahia, o Dignidade aos ídolos. Maílson chegou no Atlético de Alagoinhas duas semanas antes da estreia contra o Bahia (Foto: Divulgação) Carreira rodada

Depois que deixou o Bahia, Maílson Júnior jogou o Campeonato Baiano pelo Camaçari, em 2012, e pelo Juazeiro, em 2013. Nesse último, chegou à semifinal em uma ótima campanha do Juazeiro, mas foi eliminado pelo próprio Bahia, que venceu a partida na Fonte Nova por 2x0 e jogando no Adauto Moraes ganhou pelo placar mínimo. 

Foi nesse time do Bahia que Maílson enfrentou o atacante que, para ele, foi o mais difícil de marcar em toda sua carreira: Fernandão. “Ele me deu muito trabalho nos dois jogos. O time do Bahia naquele ano tinha bons jogadores, como Titi, Talisca, Fahel e Lomba”, lembra Maílson. E para segurar bons atacantes, nada melhor do que uma boa referência. Para ele, o xerifão que serve de exemplo é o experiente Dedé, zagueiro do Cruzeiro.

Nos anos seguintes, Maílson defendeu o Serrano e a Catuense. Fora do estado, jogou no Primavera e União Barbarense, de São Paulo, e no Audax, do Rio. Entre as passagens por clubes brasileiros, se aventurou num país pouco conhecido, Malta. Lá, atuou por um ano e meio no Naxxar Lions, atualmente na segunda divisão do país. 

Geograficamente falando, a minúscula cidade de Naxxar, com apenas 15 mil habitantes, tem belas paisagens costeiras e uma arquitetura gótica-medieval. Mas em campo, como bem lembra Maílson, o jogo era bem o ‘feijão com arroz’.“Aqui eu tenho dificuldade na hora de marcar os jogadores, mas lá é mais simples. Se o cara é habilidoso ele só dribla, se ele for alto, só cabeceia”, explica, rindo. Apesar do baixo nível técnico, a experiência no arquipélado situado no Mediterrâneo foi a mais marcante de toda a carreira. “Cheguei no clube e estávamos a nove jogos sem ganhar e na zona de rebaixamento. Depois que joguei, com mais dois jogadores brasileiros, fizemos bons jogos e mantivemos o Naxxar na primeira divisão”, relembra Maílson. Nos treinamentos, reconhece também que a rotina que vive hoje é mais dura: “Lá, eram treinamentos de um turno, aqui trabalhamos mais o físico”, continua. 

De volta ao Brasil 

Antes de chegar ao time de Alagoinhas, estava no Real Noroeste, clube capixaba, e no início do ano foi para o Macaé, onde disputou as seletivas para o Carioca. Com a pandemia, o contrato encerrou e ele ficou disponível no mercado. Já estava em solo baiano, onde passava a quarentena, quando recebeu o contato do Carcará.

Agora, conta que o foco está totalmente voltado para as partidas contra a Juazeirense. “São os dois jogos mais importantes até agora para a equipe. Apesar de jogarmos a primeira fora de casa, a forma e o ritmo não mudam”, disse, horas antes da goleada por 4x1 no Adauto Moraes, em Juazeiro, na noite de quarta-feira (29). A volta será domingo (2), às 16h, no Carneirão, em Alagoinhas.

A força do elenco ele acredita que esteja no coletivo, mas o nome de Magno Alves, de 44 anos, sempre se destaca. “A cobrança é em cima de todos, mas por conta da rodagem ele passa segurança para todos nós”, afirma o zagueiro.

Depois do Baiano, o Carcará ainda tem a disputa da Série D a partir de setembro, mas até lá, como o próprio Maílson destaca, “ainda teremos tempo para treinar e pensar melhor no campeonato”.

Sob orientação do editor Herbem Gramacho