Fora do armário e dentro do mercado global

Paulo Barbosa e a Closet Clothing partilham o segredo do sucesso no mercado de moda voltada para o público LGBTQIAP+

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 17 de agosto de 2022 às 22:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Ele começou com o próprio negócio em 2014, com R$415,00 emprestados do cartão de crédito  do avô. Mas empreendia desde os sete anos, quando se apropriou dos conhecimentos e habilidades herdados da avó, que era costureira, e do bisavô, um caixeiro viajante. Desde então, não parou mais. Foi buscar todos os conhecimentos e força na fé e na ancestralidade para ampliar e internacionalizar a marca Closet Clothing(@sungacloset), aproveitando também para levantar a bandeira de uma moda mais inclusiva e respeitosa com o humano e suas muitas variações. 

Com determinação, ousadia, disposição e vontade de se ‘amostrar’, o empresário Paulo Barbosa e o marido Robert Alex são os proprietários da marca de roupa voltada para o público LGBTQIAP+ e foram os convidados da consultora Flávia Paixão para o programa ao vivo Empregos e Soluções dessa quarta-feira, 17, na página do Jornal Correio, no Instagram. Robert e Paulo comemoraram os dois anos do Empregos e Soluções ao vivo e as conquistas da marca Closet Clothing nesse período de desafios (Fotos: Reprodução/Instagram) Durante uma hora, o empresário dividiu com a audiência as experiências vivenciadas em 2020, num dos momentos mais delicados da pandemia, quando lançavam uma loja em São Paulo e se preparavam para comercializar as peças e sungas no exterior. Dois anos depois, no retorno ao programa, Paulo fez questão de comemorar o sucesso da loja paulista, que permitiu parcerias com personalidades como o cantor baiano Baco Exu do Blues, do ator Reynaldo Gianechini e da artista Pablo Vittar.

Paulo também aproveitou a oportunidade para falar sobre as mudanças e expansões vividas pela marca, que se prepara para inaugurar, no próximo dia 27, uma nova loja, dessa vez em Feira de Santana. “Essa será uma loja modelo, com 150 metros quadrados e direito a um pequeno pub e espaço para desfile”, revelou.

Inclusão

Segundo o empreendedor, que é formado em dança e turismo, a ideia de estabelecer uma loja na Princesinha do Sertão surgiu antes da pandemia, mas na época, ele não deu a devida importância à proposta. “Queria retomar a loja do Rio de Janeiro, mas a história de vida de um amigo que é de Feira e hoje será nosso parceiro, motivou a conhecer a cidade e o público. Hoje, posso dizer que Feira merece uma Closet e daremos esse presente a ela”, destacou. Inquieto, Paulo fez questão de dizer que é importante mostrar e respeitar a diversidade de corpos, por isso, a marca vem investindo em coleções ainda mais diversas Paulo fez questão de ressaltar que além da nova loja em Feira, a Closet Clothing vem preparando muita coisa boa para o público, a exemplo de uma nova perspectiva de inclusão com manequins 52 e a presença de peças over size da nova coleção. “Não viemos nesse mundo a passeio e, por isso mesmo, defendo que precisamos mostrar e se amostrar: as novidades, a diversidade dos corpos, a religiosidade, a fé, a coragem, quem somos e os valores que temos”, reforçou.   

O empresário fez questão de pontuar que essa valorização da identidade  sempre foi o norte da marca, mesmo quando ainda não sonhava em ter uma loja ou mesmo uma marca. “No início, minha preocupação era ter renda, sobreviver. Com o tempo, fui percebendo que as peças da Closet ajudavam as pessoas a se valorizarem, a se assumirem, pois colocar uma sunga exige que a pessoa esteja bem com ela mesma. Então, a marca ganhou um propósito maior”, afirmou. 

Evolução

Se, no início, as vendas eram feitas em casa ou como sacoleiro, hoje, elas ocorrem nas lojas físicas e no e-commerce, mas os empresários também analisam um contrato com uma agência norte-americana para globalizar a venda dos produtos. 

Segundo Paulo, desde a época do Orkut, os empresários estão atentos e usando as ferramentas ofertadas pela tecnologia e pelas redes sociais para mostrar ao público tudo o que é produzido.   “Na época mais dura da pandemia, aproveitamos a reclusão para nos ‘amostrar’ bastante, então fizemos provadores em casa e tomamos cuidado de adaptar nosso produto para a realidade do cliente com as sungas para malhar em casa, as leggins e tudo que o público precisava no momento”, rememorou.   O empresário destacou a importância de defender e acreditar nos projetos pessoais para que eles possam nascer e prosperar (Foto: Instagram) O cuidado teve resultado e a marca foi referenciada pelo Google por três vezes. Na oportunidade, a consultora Flávia Paixão reforçou a importância de analisar as métricas oferecidas nas redes sociais e no e-commerce como um guia para os negócios, como os empresários fizeram, além de observar com muito cuidado as reais demandas dos clientes para que o negócio possa prosperar.

Para finalizar, Paulo citou um ditado iorubá que diz que o Orixá não abençoa aquilo que o ori (a acabeça) não acredita. “Acredite que você capaz. Temos que ser os maiores defensores dos nossos sonhos e estar pronto para trabalhar para concretizar aquilo que nutre nossa alma no tempo certo, respeitando o próprio caminho”, aconselhou.

Vale lembrar que todas as semanas, sempre às quartas-feiras, à partir das 18 horas, o programa Empregos e Soluções traz uma história inspiradora de empreendedorismo e que os episódios ficam gravados para possibilitar assistir a qualquer hora ou rever os melhores relatos.