Fossas ecológicas estão sendo implantadas no Baixo Sul da Bahia

Somente na região Nordeste, 48,2% dos domicílios não têm fossas ligadas às redes de saneamento

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  • Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2018 às 22:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Para alguns moradores da zona urbana, a ideia de que saneamento básico pode representar um problema parece bem distante. No entanto, mais de 30% das casas brasileiras ainda não estão conectadas à rede de esgoto. Os dados, divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2017, apontam ainda que, somente na região Nordeste, 48,2% dos domicílios não têm fossas ligadas às redes de saneamento. Na zona rural, onde esse problema tende a ser intensificado – de acordo com a PNAD de 2013, mais de 70% dos moradores dessas regiões não possuía sistema de fossas -, a pesquisa por metodologias alternativas que melhorem a vida da população é constante. O programa beneficiou 23 famílias da região do Baixo Sul (Foto: Divulgação) Em 2012, a Organização de Conservação da Terra (OCT), instituição apoiada pela Fundação Odebrecht no Baixo Sul da Bahia, identificou como um problema no meio rural a falta de fossas sépticas adequadas em 23 imóveis rurais beneficiados pelo Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), iniciativa que oferece aos agricultores orientação e apoio financeiro para o planejamento integrado de suas propriedades. “Quando fizemos um diagnóstico socioambiental das famílias envolvidas no Programa de PSA, observamos que 100% delas não possuíam um sistema de tratamento de esgoto adequado, contaminando assim o solo, as águas e a saúde das famílias. Esse quadro nos despertou a atenção para buscamos soluções”, relata Rogério Ribeiro, coordenador da Conservação Ambiental da OCT.

Assim, a instituição resolveu implantar na região as fossas sépticas ecológicas, baseadas no modelo de fossas sépticas econômicas desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Caratinga (MG) e certificada, em 2011, pela Fundação Banco do Brasil. Uma alternativa de adequação de sistemas de saneamento básico no meio rural a ser replicada na própria região, o mecanismo é um sistema fechado de tratamento de esgoto doméstico pensado para evitar a contaminação do solo e da água. Utiliza três bombas plásticas de 200 litros para uma residência com até cinco moradores. Essa tecnologia possibilita tratar o esgoto por meio dos processos de sedimentação e decomposição realizados por bactérias.

Adeilsa dos Santos, moradora da comunidade Sabão-Buris, Ibirapitanga (BA), foi uma das pessoas beneficiadas pelas fossas sépticas ecológicas. “A minha casa não tinha fossa”, conta. “Antes, nós usávamos o banheiro dos vizinhos”. Segundo Ribeiro, a instalação desse sistema possibilita conciliar a questão ambiental e econômica no aproveitamento da área no entorno das residências, destacando a implantação de sistemas produtivos agroflorestais. “O quintal é muito simbólico para a família do ponto de vista do resgate cultural, da saúde familiar e da economia”, explica ele. “Qualquer pessoa consegue instalar essa Unidade FSE melhorando a qualidade de vida. Isso despertou a atenção dos agricultores”. Com essa proposta educacional, a OCT tem a expectativa de, até o final de 2018, realizar cinco oficinas com a instalação de 40 fossas sépticas ecológicas na adequação de quintais produtivos para famílias do Baixo Sul.