'Fui estuprada e não vou me calar', diz jovem ao denunciar ataque em Caraíva; leia relato

Maria do Carmo diz que acordou durante estupro, mas homem 'continuou como se nada tivesse acontecido'; apesar da fuga, ela encontrou e denunciou o suspeito

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 17:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: Reprodução

Foto: Reprodução Moradora de Caraíva, paraíso turístico do Extremo Sul da Bahia, Maria do Carmo Ribeiro relatou em suas redes sociais um ataque sexual ocorrido enquanto dormia, dentro de sua casa. Segundo a jovem de 27 anos, na última terça-feira (21), às 5h30, ela acordou com um homem em cima dela, se masturbando, enquanto tocava o corpo dela.

"Uma camisa vermelha encobria seu nariz e sua boca. Assim que me viu abrir os olhos, ele continuou, como se nada tivesse acontecido", afirma Maria.

Ela diz ter reagido e ter batido no estuprador. "Ele se esquivava e tentava segurar meus braços. (...) Foi aí que ouvimos meu companheiro despertar e perguntar o que houve". Em seguida, o agressor correu e conseguiu escapara por uma parte destelhada da casa.

No dia seguinte ao estupro, o homem, que portava o celular da vítima, foi reconhecido por ela numa praça e conduzido à delegacia. "À sua conduta, foram imputados dois crimes: IMPORTUNAÇÃO SEXUAL e FURTO SIMPLES, crimes brandos, cuja pena mínima é um ano!!!!", relata a vítima.

De acordo com Maria do Carmo, há outras vítimas do mesmo estuprador que estão com medo de depor. O autor pode ter liberdade provisória caso realize o pagamento de R$ 3,5 mil correspondente à fiança.

A vítima está pedindo que os internautas colaborem com uma doação de qualquer valor para que possa contratar um advogado. (Ver informação no final do texto).

Abaixo, confira a íntegra do relato de Maria do Carmo nas redes sociais:

"Fui estuprada e não vou me calar.

Me chamo Maria, tenho 27 anos e moro em Caraíva, no extremo sul da Bahia. Às 5h30 da manhã do dia 21 de janeiro de 2020, na última terça-feira, acordei na minha cama e havia um homem em cima de mim. Suas pernas estavam sobre as minhas, uma de suas mãos estava esfregando minha vagina e com a outra ele se masturbava. Uma camisa vermelha encobria seu nariz e sua boca. Assim que me viu abrir os olhos ele continuou, como se nada tivesse acontecidon. Nunca esquecerei daqueles olhos frios e daquele corpo asqueroso sobre o meu. Não sei de onde tirei forças - comecei a bater nele e levantar. Ele se esquivava e tentava segurar meus braços, comecei a gritar e xingar. Foi aí que ouvimos meu companheiro, que eu não sabia que dormia no cômodo ao lado, despertar e perguntar o que houve. Num pulo o agressor, que agora sei que chama xxxxxxxxxxxxxx, abriu a porta do banheiro, pegou impulso no vaso e na máquina de lavar e pulou pela parte destelhada da casa.

Meu companheiro passou a procurá-lo às voltas da casas enquanto aos gritos eu lhe informava da camisa vermelha. Enquanto meu companheiro buscava voltei ao quarto e notei que havia sumido meu celular. E uma cueca e um protetor solar que ele usou como lubrificante em mim repousavam sobre a cama.

O estuprador estava escondido atrás de uma moita e fugiu na direção oposta a que fomos procurar, fato que soubemos posteriormente, através do meu vizinho que o viu atravessar seu quintal. Sem camisa. Com uma tatuagem nas costas e boné preto. Encontramos a camisa vermelha numa moita.

Passei o dia inteiro descrevendo o fato e o homem pra pessoas do vilarejo e mostrando os pertences que ele deixou pra trás. Buscamos incansavelmente por ele e pistas. À noite já sabíamos o nome de quem me estuprou - a descrição, a tatuagem, a camisa e o fato de ele ter um histórico de acusações anteriores nos levou a identificá-lo. Só faltava ele aparecer.

Na noite do dia seguinte, na certeza de que nada aconteceria, ele foi à vila e foi contido. Imediatamente me chamaram pra reconhecê-lo. Arrogantemente ele portava meu celular, com a mesma capinha e película que eu usava. Reconheci o aparelho e o homem na hora.

A polícia veio à Caraíva pra leva-lo, saímos às 1h30 da manhã e chegamos às 3h30 na delegacia de Porto Seguro, onde prestei declarações, enquanto ele ainda teve a pachorra de negar o crime. Meu celular me foi restituído e voltei pra casa. Exausta, abalada, exaurida.

À sua conduta foram imputados dois crimes: IMPORTUNAÇÃO SEXUAL e FURTO SIMPLES, crimes brandos cuja pena mínima é 1 ano!!!!!!!!!

Nesse meio tempo muita gente me procurou pra dizer que há outras vítimas dele com medo de se manifestar, pq sua família é numerosa. Muitas confirmaram seu perfil agressivo e frio. Meu vizinho está com medo de depor. Mulheres estão com medo de represálias. Amigos e conhecidos que ajudaram na identificação do estuprador pediram que eu não citasse seus nomes.

A justiça, sem saber destes detalhes, concedeu a ele liberdade provisória mediante o pagamento de fiança no valor mínimo. Ou seja - se pagar 3.500 reais, xxxxxxxxxxxx, que me estuprou há menos de uma semana, vai voltar às ruas da pequena vila onde resido, oferecendo perigo para mim em especial, mas também para outras potenciais vítimas. Além disso, uma onda de denúncias vem se alastrando por aqui e + casos começaram a pipocar com minha denúncia, o que indica que a liberdade desse criminoso vai ajuda-los a se sentirem livres e protegidos pra seguir nos estuprando, violando e agredindo.

Por mim e por todas as mulheres, quero contratar um advogado para acompanhar o andamento do procedimento policial e garantir que a justiça tome conhecimento do perigo de sua soltura. Este homem precisa ser afastado e punido pelos bárbaros crimes que cometeu.

Me expor depois de tanta violência, responder ao sem fim de perguntas e passar madrugadas entre pesadelos reais e também pelos gerados por meu inconsciente abalado tem sido muito difícil.

Mas para mim seria mais difícil deixar tudo como está. Me esconder. Deixá-lo tomar as rédeas da minha vida, da minha integridade e dignidade e das minhas escolhas.

Falo isso porque preciso de proteção! Preciso de divulgação massiva! E porque quero justiça! Este e outros abusadores não podem pensar que vão seguir violando nossa dignidade, nossa integridade física e emocional, tampouco objetificando nossas vidas e corpos!

Sou mulher e mereço segurança. Mereço respeito. Mereço dormir e acordar em meu quarto sem que um homem se ache no direito de me invadir, machucar, violar.

Além disso, preciso muito da ajuda de vocês para custear gastos e honorários do advogado, porque não tenho esse dinheiro! Qualquer ajuda é bem vinda.

Conto com a ajuda de vocês. Deixem essa história ir o mais longe possível. Não deixemos mais que isso aconteça, nem na nossa amada Caraíva nem em lugar algum.

Meus dados bancários: Banco Nu Pagamentos (código 260) Agência 0001 Conta Corrente n. 86608572-1 Maria do Carmo Ribeiro CPF 141.964.947-73"