Gente de todo lugar: Réveillon de Salvador recebe turistas de vários cantos

2 milhões de pessoas virão para Salvador pelo Festival Virada

  • D
  • Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2018 às 16:25

- Atualizado há um ano

Do Farol da Barra ao Pelourinho, da Ponta de Humaitá até o litoral norte, turistas de várias regiões do mundo querem aproveitar a festa de Ano Novo para conhecer lugares de Salvador e proximidades. É o caso do estilista Gustavo Mateus, 21, saiu de Maceió para conhecer Salvador neste Verão.  Ele é um dos 700 mil turistas que aportaram na capital baiana para passar o Réveillon no  Festival da Virada 2019, na Boca do Rio, de um total de 2 milhões que passaram pelo evento nos cinco dias de festa. 

Na Arena Daniela Mercury ele estará na companhia do amigo Carlos Leão, 25, que está na capital baiana pela segunda vez. No ano passado, Carlos passou o Réveillon na cidade. Durante a estadia, não quer perder a chance de voltar ao Pelourinho.“Na mala, não pode faltar short muito curto”, diz Gustavo, que trouxe pelo menos oito peças desse tipo para os três dias de viagem. 

O desafio, de acordo com a Prefeitura de Salvador é justamente fazer com que os visitantes que vieram dar adeus a 2018, digam até breve à capital baiana e retornem ao longo do ano.  Para o trade turístico, o caminho para fidelizar os turistas do Réveillon passa pelo fortalecimento de um calendário de eventos em diferentes meses ,  pelo aperfeiçoamento do serviço e uma maior divulgação das atrações da cidade.

"Com todo esse fluxo, a cidade espera movimentar R$ 500 milhões em sua economia, gerando emprego e renda tanto para o comerciante informal quanto para o empresário e dono de grandes hotéis. Por isso, essa festa é tão importante do ponto de vista de geração de receita  para Salvador. Todos saem ganhando", disse o titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Cláudio Tinoco.

Da última sexta-feira (28) até amanhã (31), 375 voos vão pousar no aeroporto internacional da cidade, segundo dados da assessoria de comunicação da instituição. Entre pousos e decolagens, ao todo, 745 voos serão realizados. Pelo aeroporto foi por onde chegou em Salvador a assistente social Regiane Miranda, de 45 anos, que está pela primeira vez na capital baiana e veio junto com a família para passar o Ano Novo na Costa do Sauípe, em Mata de São João, a cerca de 61 quilômetros da capital. Ela é de Belém do Pará, mas mora em São Paulo há 17 anos. “Todo mundo fala que é muito bom, agora estou tendo a oportunidade de conhecer. Acho que o clima daqui é aconchegante e caloroso”, conta.

Os filhos dela, Juliana Miranda, 15, e Rafael Miranda, 12, ambos paulistas, também ainda não tinham pisado em terras soteropolitanas. “Quero muito conhecer as comidas”, confessa Rafael, que está ansioso para experimentar pratos com frutos do mar. Já Juliana prefere provar as frutas diferentes que encontrar.

Quem também quer aproveitar a temporada de férias em Salvador é a fotógrafa Renata Gelfi, 36, e o marido dela, o diretor financeiro Marcos Gelfi, 41. O casal, que é paulista mas mora em Chicago, no Estados Unidos,  está na capital junto com as três filhas Carolina, Manuela e Gabriela, de 10, 8 e 6 anos, respectivamente. “É um lugar bem feliz”, avalia Renata. Na bagagem da família, segundo ela, não pode faltar protetor solar, roupa de banho e rasteirinhas. “E chapéu!”, completa a filha mais velha, Carolina. A família vai passar a virada do ano na praia de Busca Vida, em Lauro de Freitas, mas não quer perder a chance de visitar o Centro Histórico de Salvador.  Animação com a festa O Festival Virada Salvador é um dos atrativos para segurar o turista na capital por mais tempo e não somente no dia da virada de ano. Em sua quinta visita à capital, o casal feirense Débora e Rafael Araújo decidiram que desta vez iriam conhecer o Festival Virada Salvador com opção de diversão para o período de Réveillon. “Assim que saiu a programação, resolvemos que desta vez iríamos ver”, afirmou Rafael, que além da mulher veio acompanhado de três cunhadas, todos fãs de Luan Santana e Zezé de Camargo e Luciano.

 O advogado piauiense Noac Almeida já havia visitado Salvador em três ocasiões, mas pela primeira vez está na cidade na virada do ano. “Vamos aproveitar para ir ao festival”, conta o advogado, que viajou em companhia do professor Arnon Santos, estreante na cidade. Arnon Santos e Noac Almeida vieram para Salvador curtir a virada de ano  Foto: Almiro Lopes/CORREIO Nas férias e em cada feriadão, esse público que, de avião ou ônibus, está a poucas horas de Salvador ajuda a aumentar o número de viagens em táxis e serviços de aplicativos, refeições em bares e restaurantes e estadia em hotéis e pousadas. “É perceptível um aumento nas corridas, eu diria que em torno de 20% em comparação  ao ano passado”, avalia o presidente da Associação Geral dos Taxistas (Agtxai), Ademilton Paim.

Luciano Lopes, diretor de marketing da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) – Bahia, explica que o caminho para atrair esses turistas em diferentes ocasiões passa por um calendário de eventos e pelo bom atendimento aos clientes. “Estamos na expectativa de atingir 100% de ocupação na virada. Na última medição, há dez dias, estávamos com 96%”, comemora. 

O diagnóstico da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) – Bahia quanto à qualidade do serviço é parecido, mas nesse caso há uma peculiaridade.  O setor também busca uma forma de aumentar a estadia dos visitantes, que é em média de quatro a cinco dias. “O ideal é que os turistas chegassem dois dias antes e partissem dois dias depois do festival”, explica o presidente executivo da Abrasel , Luiz Henrique do Amaral.

“A cidade tem conseguido construir um  certo calendário, com feiras, festivais e as corridas de rua. É preciso avançar cada vez mais nesse sentido”, avalia Paulo Gaudenzi,  vice-presidente de Relações Institucionais da Salvador Destination, empresa que presta assessoria na captação de eventos para a cidade.

Calendário  Dono da pousada Noa Noa, no Farol da Barra, o francês Nicolás Barrois-Lescop está com o seu estabelecimento lotado, sobretudo por famílias brasileiras, turistas de classe média e classe média baixa, que por causa da alta do dólar tende a viajar dentro das fronteiras do país e aproveitar ao máximo atrações gratuitas. “Eu diria que 95% dos meus hóspedes são brasileiros. Faltam outros eventos e também maior divulgação dos destinos na Bahia. Os europeus que vêm a Salvador normalmente voltam, mas é preciso mostrar a quem não veio que aqui é um lugar seguro”, opina Barrois-Lescop, que vive há 15 anos na cidade.  

O presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington destaca a alta estação 2018/2019 será ainda maior, o que impulsionará o turismo de Salvador. "Esse ano, nossa alta estação será ainda mais longa, isso porque o Carnaval acaba em março. Nesse período, teremos o Festival Virada Salvador, maior festa de fim de ano do Brasil, já estamos a pleno vapor com o calendário de festas populares, que culmina com as Lavagens de Itapuã, 2 de fevereiro e Lavagem do Bonfim, e faremos um pré-Carnaval ainda mais animado. Quer dizer, serão meses intensos de ações para os próprios soteropolitanos, assim como para os turistas, optarem por ter uma estadia longa em nossa cidade", reforça o presidente. 

A expectativa da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) é de atrair 460 mil turistas para Salvador, resultando em um acréscimo de 7,2% em comparação ao evento do ano passado, quando a capital baiana recebeu 430 mil visitantes. O festival deverá movimentar  R$ 500 milhões na economia da cidade, gerando emprego e renda para uma cadeia produtiva que vai desde o comércio informal até o setor empresarial. 

A Secult estima que cada visitante movimentará, em média, R$ 980, subdivididos nos setores de alimentação (35%), deslocamento interno (29%), compras (18%), hospedagem (14%), guias e excursões (2%) e espetáculos em geral (2%). De acordo com a Associação Integrada de Vendedores Ambulantes e Feirantes da Cidade de Salvador (Assidivam), a arrecadação média esperada para os festejos de fim de ano gira em torno de R$ 500 e R$ 1.500 diários, relativos à comercialização de bebidas, lanches, balas e souvenirs.

*é integrante da 13º turma do programa CORREIO de Futuro com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier