Grãos e frutas fazem agropecuária baiana gerar mais de R$ 15,4 bilhões

Veja as dez cidades da Bahia com maior produção agrícola

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  • Georgina Maynart

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 10:01

- Atualizado há um ano

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Os municípios baianos estão entre as maiores economias agrícolas do país, na lista dos que mais produzem alimentos e mais geram riquezas, é o que confirma a Pesquisa Agrícola dos Municípios, a PAM, divulgada na manhã desta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Os dados apresentam os resultados consolidados de 2017 e incluem os valores da produção, o rendimento médio no campo e a quantidade produzida. Na área de grãos, os destaques vão para os municípios do Oeste da Bahia. 

De acordo com o IBGE, os produtores rurais de São Desidério arrecadaram no ano passado R$ 2,4 bilhões com a produção agrícola. A marca é 49,7% superior a 2016, e fez o município subir do 11º lugar para o 3º lugar, voltando ao pódio do ranking nacional da agricultura. O município baiano, que havia perdido a liderança devido a seca, agora está atrás apenas de Sorriso e Sapezal, no Mato Grosso.

[[galeria]]   São Desidério é o 2º maior produtor de soja do Brasil e o 3º maior produtor de algodão. As duas commodities são responsáveis, respectivamente, por 61% e 29% dos recursos gerados pelos agricultores do município.   Na mesma região, Formosa do Rio Preto, subiu do 17º para o 8º lugar no ranking nacional.  Barreiras avançou dezoito posições, saíndo do 42º para o 24º lugar. Já Luiz Eduardo Magalhães saltou 33 posições, indo do 61º para o 28º lugar. 

O estímulo para a produção de grãos foi impulsionado principalmente pelas chuvas abundantes e dentro do período esperado para o plantio, que ajudou no aumento da produtividade. Em 2017, os produtores de soja da região arrecadaram um valor 72,7% maior do que em 2016. 

“Os valores dizem respeito ao total arrecado pelos produtores rurais, mas eles acabam refletindo também no PIB e dinamizando a economia de cada município. Em geral, os agricultores investem este dinheiro no próprio estabelecimento. Isto se reverte ainda nos setores de serviços, no comércio da região e na dinamização das agroindústrias que também geram emprego”, avalia Mariana Viveiros, Supervisora de Disseminação de Informações do IBGE.  

Força da fruticultura  A fruticultura também se consolidou dentro do cenário nacional de produção agrícola. Três municípios baianos estão entre os vinte que mais produzem recursos com a produção geral de frutas no Brasil: são Juazeiro, Casa Nova e Bom Jesus da Lapa.

No norte da Bahia, Juazeiro, famoso produtor de uvas e mangas, subiu da 10ª para a 9ª posição. O município viu crescer em 48,1% os valores oriundos da fruticultura, alcançando R$ 355,4 milhões.

Ainda na região norte, Casa Nova passou da 38ª para a 11ª posição, com R$ 273,2 milhões, uma marca 123% maior do que em 2016. 

Já Bom Jesus da Lapa, polo produtor de banana no Vale do Médio São Francisco, passou da 23º para a 10º lugar. As lavouras do município geraram R$ 280 milhões, um aumento de 75,5% em relação ao ano anterior.

Do agreste da Bahia vem outro bom resultado. Rio Real adicionou a economia baiana mais de R$ 94,5 milhões com a produção de laranja. O município é o único fora de São Paulo a integrar a lista dos dez maiores produtores da fruta no país. Ocupa a 9ª posição nacional depois de produzir 270 mil toneladas de laranja em 2017.

Os dados também chamam a atenção para o desempenho negativo de Mucugê, na Chapada Diamantina. O município reduziu a produção em 2,9%, mas ainda ocupa a 7ª posição no estado, com R$ 497 milhões, provenientes principalmente das lavouras de batata e café.   Também entre os 10 maiores produtores da Bahia estão Jaborandi, no Extremo Oeste, e Prado, no Extremo Sul. Os dois municípios registraram crescimento de 4% e 35,9%, respectivamente. Juntos, eles somam mais de R$ 656 milhões em valor de produção. Além de soja, Jaborandi se destaca na criação de gado de leite e derivados. Prado vem se consolidando como grande produtor de café e frutas.

O ranking da PAM é esperado com grande expectativa pelos municípios porque influencia no planejamento de políticas públicas, bem como serve de referência para investimentos futuros das empresas privadas. 

Alerta no Brasil Dos 319,6 bilhões produzidos pela agricultura brasileira em 2017, mais de 15 bilhões e 400 milhões saíram das lavouras baianas. Levando em consideração as secas e os valores baixos de muitos produtos na hora da venda, o resultado não é considerado negativo. Ademais, com este desempenho a Bahia se manteve como o sétimo estado de maior participação no valor total da agricultura nacional. 

Porém, o valor é 1,7% menor do que em 2016, quando a produção agrícola baiana gerou 15,7 bilhões. O recuo reduziu também a participação da Bahia no valor da agricultura nacional. O Estado representava 4,9% do total em 2016, e passou para 4,8% em 2017.

Apesar da leve queda, esta foi a segunda perda consecutiva de participação. Em 2015 a Bahia representava 6,5% do valor total. São Paulo continua em primeiro lugar, seguido do Mato Grosso e do Paraná. 

Segundo o IBGE, o que puxou o valor da produção agrícola baiana para baixo foram as lavouras permanentes, entre elas as frutas. As lavouras permanentes, como próprio nome sugere, são aquelas que não precisam de replantio anual. Envolve, por exemplo, os pomares de limão.   Dois fatores influenciaram no resultado. Primeiro, o preço. Com a queda no valor de venda para o consumidor, estas lavouras geraram R$ 4,8 bilhões, o que significa 23,8% a menos do que em 2016, quando as vendas das frutas produziram R$ 6,3 bilhões. 

O segundo fator para a queda envolve o tamanho da área cultivada. Os pomares passaram a ocupar uma área 12,2% menor do que em 2016. Foram 528 mil hectares a menos. 

 “O ano de 2017 foi ainda muito difícil, muito ruim, em termos de chuva. Apesar de ter registrado recuperação de algumas culturas, em geral houve perda. Por isso, não foi um aumento de valor de produção disseminado em todo o estado”, acrescenta Viveiros.

Produtividade A produtividade obtida no campo se comportou de forma inversa a redução da área plantada e da área colhida. Enquanto estas caíram, os agricultores conseguiram produzir mais ocupando menos espaço.

Dos 46 produtos investigados na pesquisa do IBGE, 21 tiveram ganho de produtividade entre 2016 e 2017. Na Bahia, os destaques vão para a soja, o algodão, o amendoim, o café, a castanha de caju, o fumo, a manga, o marmelo e a uva. Estas foram as culturas que atingiram as melhores performances.  

Os agricultores conseguiram produzir 1.774 quilos de uva a mais por hectare. No caso do caju foram 81 quilos a mais na mesma área. Já o rendimento médio na produção da soja atingiu 1.128 quilos a mais por hectare. Os produtores baianos também colheram, em média, 936 quilos a mais em um hectare de cafezal.

Dos 46 produtos pesquisados, 32 registraram queda no valor da produção Foi o caso de Wenceslau Guimarães, no Baixo Sul da Bahia, grande produtor de banana da terra. Entre 2016 e 2017, o município apresentou queda de 43,9% na produção da fruta. Mas o preço da banana estava baixo e o valor total arrecadado pelos agricultores também recuou 59,6%, de R$ 207 milhões para R$ 83 milhões.

“O preço da banana chegou a cair 34,3% em 2017. Os produtores do estado como um todo arrecadaram R$ 931 milhões com banana. Bem menos que os R$ 1,4 bilhõesdo ano anterior. O mesmo aconteceu com o cacau, cujo valor de venda registrou uma perda de 33,4%. São produtos importantes para a economia do estado que influenciam no conjunto geral. Inclusive muitos ainda estão com preços em queda”, destaca a supervisora de informações do IBGE. 

Entretanto outros 13 produtos tiveram aumento nos preços. Quase todos são voltados para a exportação e sofreram influência da alta nas cotações do mercado internacional.

Os destaques absolutos são a soja, o algodão, o café e a manga. O valor da produção da soja subiu de R$ 3,4 bilhões para 5,3 bilhões. O algodão gerou R$ 1,9 bilhões, valor 62% superior ao ano anterior. 

O café, que em 2016 gerou R$ 304 milhões, no ano seguinte mais que dobrou o valor produzido, ultrapassando os R$ 616 milhões. Já a venda das mangas resultou em 424 milhões, um valor 77% maior do que em 2016.   

Colheita noturna O Oeste deve continuar se destacando nas futuras pesquisas. A produção é intensa na região, mesmo na entressafra da soja e do milho.

Neste momento, milhares de máquinas estão no campo terminando de colher a segunda maior safra de algodão da história. Este ano, serão mais de 1 milhão e 200 mil toneladas de algodão. 300 mil toneladas a mais do que no ano passado. 

Nem durante a madrugada, as colheitadeiras param. As equipes se revezam para retirar toda a fibra que ainda está nas lavouras. E a colheita tem data determinada para encerrar: 20 de setembro.

Nesta data começa o chamado “vazio sanitário”, período de no mínimo 60 dias em que não pode haver plantas vivas nas lavouras. A medida faz parte da defesa fitossanitária. Todas as espécies hospedeiras de pragas e doenças devem ser retiradas para evitar a proliferação e afastar os riscos para a safra posterior.

O “vazio sanitário” é considerado uma das medidas mais eficientes de prevenção e combate as principais pragas do algodoeiro, principalmente o bicudo. O inseto prejudica os botões florais da planta e pode provocar perdas de até 75% da lavoura. 

O vazio vem sendo adotado por 12 estados e pelo Distrito Federal também nas lavouras de soja e feijão. As datas e a duração do intervalo dependem da legislação de cada estado. Na Bahia, o vazio do algodão vai até o dia 20 de novembro. Já o vazio da soja, desde o ano passado, foi ampliado de 60 para 100 dias, e vai de 1 de julho até 08 de outubro. A fiscalização é realizada pela ADAB, Agência de Defesa Agropecuária do Estado.

Além de garantir a ausência de plantas, neste intervalo também não pode haver nova semeadura. Os agricultores que não cumprem o vazio pagam multa e sofrem sanções. Na Bahia a multa é de R$ 7.500 reais, independentemente da área plantada, e dobra em caso de reincidência. 

O agricultor também perde o incentivo do Proalba, um programa que permite uma redução de 50% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado sobre o produto beneficiado. 

De acordo com a Associação Baiana de Produtores de Algodão, faltando oito dias do fim do prazo, 95% do algodão do Oeste já tinham sido colhidos. São Desidério, que concentra a maior parte das plantações, tem todos os requisitos para alcançar pódios ainda mais elevados nas próximas pesquisas.  

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS NO VALOR TOTAL DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA Ranking Nacional do Valor de Produção Agrícola por Estado: São Paulo: 16,6% Mato Grosso: 13,6% Paraná: 11,9% Rio Grande do Sul: 11,2% Minas Gerais:9,8% Goiás:7,6% Bahia:4,8% Mato Grosso do Sul: 4,8% Pará:4,0% Santa Catarina:3,2% Espírito Santo:1,7% Maranhão:1,4% Piauí:1,2% Pernambuco:1,2% Tocantins:1,2% Rondônia:1,0% Ceará:0,8% Alagoas:0,7% Amazonas:0,5% Paraíba:0,4% Rio de Janeiro:0,4% Rio Grande do Norte:0,4% Sergipe:0,4% Distrito Federal:0,3% Acre:0,2% Roraima:0,2% Amapá:0,1%

10 MUNICÍPIOS BAIANOS COM MAIOR VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM 2017 São Desidério: 2,3 bilhões Formosa do Rio Preto: 1,7 bilhões Barreiras: 977 milhões Correntina: 903 milhões Luiz Eduardo Magalhães: 897 milhões Riachão das Neves: 662 milhões Mucugê: 497 milhões Juazeiro: 480 milhões Jaborandi: 371 milhões Prado: 284 milhões