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Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2022 às 23:25
- Atualizado há 2 anos
Ao menos duas pessoas ficaram feridas durante um conflito nesta quarta-feira (17) no território indígena Pataxó, em Porto Seguro, no sul do estado. Vídeos feitos pelos moradores mostram a região da aldeia Barra Velha sendo alvo de tiros. Ao CORREIO, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que está apurando o conflito e reforçou o policiamento ostensivo no local. >
Por conta do ataque, cerca de 600 famílias precisaram deixar suas moradias e esconder na mata, segundo Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe, coordenador Geral do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba). >
"Por volta das 15h eles me ligaram dizendo que os fazendeiros estavam fazendo um cerco nas aldeias Boca da Mata e Cassiana. Imediatamente fiz contato com as polícias de Salvador e com a Justiça para informar o que estava acontecendo", disse Agnaldo. >
A disputa entre os indígenas e fazendeiros, por terras demarcadas, já está em processo no Ministério da Justiça e também é investigada pela Polícia Federal. >
Tiros Agnaldo Pataxó contou ainda que, ao anoitecer, recebeu novas ligações de membros do Mupoiba, que estão no local, para informar que houve ataques com disparos de arma de fogo e invasão das casas. >
"Me falaram que tinham duas pessoas mortas e alguns parentes feridos. Orientamos que todos eles deixassem suas casas e buscassem proteção em um lugar seguro. Estão todos escondidos na mata. Agora é pedir forças para que não achem e não matem ninguém", explicou o representante indígena. >
Informações obtidas pelo CORREIO apontam que dois policias militares, que trabalham como segurança para fazendeiros, também ficaram feridos no conflito e precisaram ser socorridos. Um dos PMs seria da reserva. Os dois foram levados para um hospital da região. >
Tensão Indígenas relataram que os disparos começaram por volta das 15h. Em áudios enviados pelos nativos para Agnaldo Pataxó é possível ouvir disparos em meio ao relato de desespero de uma mulher que trabalha na escola.>
"Os tiros estão vindo tudo por cima das casas aqui na Boca da Mata. Estão atacando a aldeia. A escola está cheia de criança. Eles estão do outro lado do rio atirando e jogando bombas", diz a mulher aflita. >
Em outro áudio, a mulher diz que levou as crianças para os fundos do imóvel usado como escola e pede socorro. "Gente, tem que ter intervenção agora. Estão todos saindo de casa e indo para o mato. Tem muita criança na beira do campo e presa aqui na escola. A gente liga pra os pais e não podem socorrer os filhos", completou. >
Ainda de acordo com Agnaldo Pataxó, da Mupoiba, a tensão começou há cerca de 15 dias, quando os homens armados cercaram a região. Desde então, a população das aldeias está com dificuldade de ir até o centro urbano da cidade para conseguir suprimentos e até mesmo alimentos. "Fizemos uma campanha para conseguir atravessar o cerco, mas ficou muito difícil", disse. >
Em nota, a Polícia Militar informou que a 7ª Companhia Independente de Polícia Militar (7ª CIPM/Eunápolis), unidade responsável pelo policiamento na região, ainda não tinha confirmação sobre o conflito, pois além do difícil acesso, o local não possui sinal de internet.>
O CORREIO entrou em contato com as polícias Federal e Civil, e o Ministério Público Federal, mas não obteve retorno até esta publicação. A SSP não confirmou a ocorrência de indígenas feridos ou mortos. >