Hoje é dia de simulado: veja mais 10 questões de português para a prova da PF

Seleção foi feita pela especialista em Gramática e Texto Kelle Catiane; perfil da banca exige maior atenção do candidato na hora de analisar as questões

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  • Priscila Natividade

Publicado em 16 de julho de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: EBC

Tem mais um simulado de Portuguesa para ajud-alo durante a preparação do Concurso da Polícia Federal. A seleção e resolução das questões foi feita pela especialista em Gramática e Texto Kelle Catiane. Ela é Professora de Língua Portuguesa e Redação para Concursos Públicos. "A Banca CEBRASPE (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos) compõe sua cobrança em torno de textos e contextos, o que provoca máxima atenção para se ler cada item, a fim de compreender o questionamento e localizar o fundamento cobrado. Uma orientação básica é saber a diferença entre “depreender” e “inferir”. O primeiro exige a compreensão mais próxima dos registros e carrega a letra inicial da expressão “devo entender”. Já o comando “inferir” indica as interpretações pressupostas", destaca a professora. 

Os itens de 1 a 5 referem-se ao texto seguinte:

Hoje, há dois tópicos que determinam a atitude tolerante-liberal em relação ao outro: o respeito à diferença, a receptividade a ela, e o temor obsessivo do molestamento – em síntese, o outro não representa problema, desde que sua presença não seja intrusiva, contanto que o outro não seja de fato o outro...

E é isto que vem emergindo com intensidade cada vez maior como o “direito humano” central na sociedade capitalista avançada: o direito de não ser molestado, isto é, de ser mantido a uma distância segura dos outros. Uma estrutura similar faz-se claramente presente na maneira como nos relacionamos com a exploração capitalista: não há nada de errado com tal exploração se ela for contrabalançada com atividades filantrópicas – primeiro, a pessoa acumula seus bilhões, depois, os restitui (em parte) aos necessitados. (Adaptado de Slavoj Zizek)

 Com base no texto apresentado acima, julgue os itens abaixo.

1.    A forma verbal existe pode substituir “há” (ℓ. 1) sem que haja prejuízo para a correção gramatical.

2.    Seria correta a inserção da vírgula antes do pronome relativo “que” (ℓ. 1), pois, no texto, ele introduz uma explicação a respeito dos dois tópicos que serão enumerados.

3.    A referência do pronome “ela” (ℓ. 2) é “atitude tolerante-liberal” (ℓ.1).

4.    O pronome “isto” (ℓ. 6) refere-se especificamente ao "direito de não ser molestado" (ℓ. 7-8).

5.    Sem necessidade de ajustes no período, o conector “se” (ℓ. 10) pode corretamente ser substituído pela conjunção caso.

6.    Os vocábulos feiíssimo e ínterim estão acentuados segundo a mesma razão gramatical.

Os itens de 7 a 10 referem-se ao texto seguinte:

Sintoma do arrefecimento da ideologia nos mais variados âmbitos da vida social, há uma distinção, presente no meio acadêmico, segundo a qual, enquanto nas décadas passadas as grandes celeumas intelectuais tinham como pano de fundo embates ideológicos, hoje as disputas girariam basicamente em torno de divergências metodológicas. A discussão em torno do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – cujo ranking divulgado este ano mostra um ligeiro avanço da pontuação do Brasil, embora o país continue na 75ª colocação – não poderia fugir à regra.

Criado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sen e calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Índice de Desenvolvimento Humano, ao longo dos anos, vem recebendo uma série de críticas da comunidade científica internacional. Críticas metodológicas, por pressuposto. Baseado em três dimensões fundamentais do desenvolvimento humano, o IDH combina indicadores socioeconômicos, relacionados à renda (medida pelo Produto Interno Bruto per capita), à saúde (entendida como a capacidade de se levar uma vida longa e saudável, expressa pela expectativa de vida ao nascer) e à educação (medida pela alfabetização da população acima de 15 anos associada às taxas de matrícula do ensino fundamental ao superior).(Jornal do Brasil, Editorial, 7/10/2009)

Com base no texto apresentado acima, julgue os itens abaixo.

7.    A expressão “arrefecimento” (ℓ. 1) está sendo empregada com o sentido de aquecimento, fortalecimento.

8.    O cálculo do IDH leva em consideração índices relativos à renda, à saúde e à educação no país.

9.    No meio acadêmico, os atuais embates ideológicos passam ao largo das divergências metodológicas.

10.    A palavra “celeumas” (ℓ. 3) está sendo empregada com o sentido de consenso.

GABARITO

1.    ERRADO. Ao substituir “haver”, o verbo “existir” admite sujeito, o que acarreta a concordância plena. No contexto citado, a forma verbal “existe” está inadequada para a função de “dois tópicos” que passa a ser o seu respectivo sujeito.

2.    ERRADO. O pronome relativo “que” está restringindo o sentido de “dois tópicos” (ℓ.1), o que não implica o uso da vírgula.

3.    ERRADO. O pronome “ela” faz alusão ao substantivo antecedente “diferença” (ℓ.2).

4.    CERTO. O pronome demonstrativo “isto” possui valor catafórico, ou seja, aponta sua referência após o uso dos dois pontos. 

5.    ERRADO. Embora o conector “caso” tenha o mesmo sentido de condição da conjunção “se”, a substituição implica adaptação da forma verbal. 

6.    CERTO. Os vocábulos “feiíssimo” e “ínterim” estão acentuados em obediência à regra de proparoxítona.

7.    ERRADO. O termo “arrefecimento” tem sentido de esfriamento, enfraquecimento.

8.    CERTO. O cálculo do IDH está baseado nas três dimensões fundamentais citadas no último período sintático do texto.

9.    ERRADO. Os embates ideológicos não são atuais. Conforme o texto, em seu primeiro parágrafo, eles representam as celeumas das décadas passadas.

10.    ERRADO. O termo “celeumas” tem sentido de conflito, embate, desacordo.