Imóveis tombados de quatro municípios serão restaurados pelo Iphan

A ordem de serviço dos cinco prédios foi assinada nesta segunda-feira (5)

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  • Thais Borges

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 15:49

- Atualizado há um ano

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Na Igreja Matriz de São Bartolomeu, em Maragogipe, no Recôncavo do estado, o pároco Reginaldo Moraes observa o telhado do templo. Fundada em meados de 1650, a igreja que comporta cerca de 1,5 mil pessoas tem mais de 30 mil telhas. “São muito antigas. Por causa do tempo, quase 400 anos, elas estão quase se diluindo”, conta o padre. 

Agora, todas as 30 mil telhas são substituídas. A igreja de Maragogipe é um dos cinco bens tombados que tiveram ordem de serviço assinada nesta segunda-feira (5), pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em uma solenidade na Casa dos Sete Candeeiros, no Centro Histórico. 

Ao todo, serão investidos cerca de R$ 18 milhões pelo órgão para a preservação desses bens, que ficam em quatro cidades – além de Maragogipe, haverá obras nos municípios de Itaparica, Santo Amaro e São Félix (a primeira na Região Metropolitana de Salvador, enquanto as últimas ficam no Recôncavo). 

De acordo com a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, esses bens foram escolhidos entre as cidades tombadas. “O critério era ver os monumentos com nível de degradação muito grande e as prefeituras tinham que fazer os planos de ação. Esse patrimônio é absurdamente importante para o país e para um estado que respira cultura”, afirmou. 

Para o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que participou da solenidade, o patrimônio histórico é uma das prioridades da pasta. Ele defendeu que os locais que serão restaurados tenham programas de uso sustentável. 

“É fundamental que estejamos empenhados no esforço de preservar esses imóveis, para que a gente não tenha que daqui a 10, 20 anos restaurar de novo. É preciso que os proprietários – seja o poder público, seja a igreja, sejam eventualmente privados – assumam, de fato, o compromisso com a manutenção desses espaços”, afirmou, citando exemplos como a economia criativa. 

Ele explica que, em um cenário de dificuldades orçamentárias, a escolha dos monumentos que serão priorizados leva em conta três critérios: a urgência, que é observada a partir do estado dos imóveis com deterioração; a relevância cultural e arquitetônica e, por fim, se há um projeto de uso sustentável que garanta que as atividades ali desenvolvidas vão garantir a preservação e a manutenção. 

“É um desafio buscar fazer mais com menos pelas restrições que temos, como o déficit fiscal. Com base nesses critérios, a gente vai atacando à medida que há disponibilização de recursos, mas diria que o governo federal tem disponibilizado recursos expressivos para o patrimônio”. 

As requalificações  No caso específico da Igreja Matriz de São Bartolomeu, em Maragogipe, os recursos serão de pouco mais de R$ 6 milhões. Tombada pelo Iphan desde 1941, a igreja terá toda a estrutura do templo restaurada, além dos móveis e bens integrados. 

De acordo com o padre Reginaldo Moraes, pároco do templo, além do telhado, outros espaços da igreja também sofreram com a ação do tempo. “Os assoalhos, a escada do sino... Já fizemos algumas restaurações, como o altar mor e a Capela do Santíssimo, mas agora vai ser de todo o prédio, de tudo que precisar”, explica.  Ministro diz que patrimônio histórico é uma das prioridades de sua pasta (Foto: Marina Silva/CORREIO) No último domingo de janeiro (28), foi celebrada a missa que marcou o encerramento temporário das atividades. A partir de agora, a igreja ficará fechada durante todo o período de realização das obras, previstas para durarem um ano e seis meses. 

Enquanto isso, o pároco procura, entre as capelas da paróquia, um prédio que possa abrigar os fiéis durante esse período. “Essa é uma igreja muito visitada, é tão querida que é quase como um santuário, tanto que fica aberta todos os dias da semana”. 

A situação da Casa de Câmara e Cadeia de Santo Amaro hoje também é parecida. O imóvel, onde hoje funcionam a prefeitura e a Câmara Municipal da cidade, foi construído em 1769 e tomado em 1941. No entanto, segundo o prefeito do município, Flaviano da Silva, as condições do prédio não são boas. 

“Está bem degradado. O telhado está para cair, o forro acabado, muito cupim. A situação é triste. Tinha que fechar. Graças a Deus, veio essa restauração e dentro em breve vamos entregar à população”, afirmou. As obras lá devem custar R$ 4 milhões e preveem o restauro integral do edifício, além de bens móveis e integrados. 

Já em Itaparica, duas igrejas vão passar por reforma: a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e a Igreja de São Lourenço, que, juntas, vão receber recursos de R$6,4 milhões. Segundo o Iphan, as duas serão restauradas em conjunto, assim como seus acervos. A Igreja Matriz vai receber ainda a instalação de um auditório que deverá ser usado para atividades litúrgicas. 

Enquanto isso, São Félix terá recursos de R$ 1,2 milhão para a reforma emergencial do Paço Municipal. O edifício, sede da prefeitura da cidade, teve desabamento parcial do forro de cobertura do pavimento superior. Lá, serão feitas intervenções para estabilização e restauração de elementos decorativos, pinturas artísticas e outras instalações prediais. 

Investimento Em Salvador, o Iphan já concluiu quatro obras através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. Duas já foram entregues - a restauração da Igreja da Ordem Terceira de São Domingos (R$11,08 milhões) e o Forte de São Marcelo (R$8,23 milhões) - e duas serão entregues nesta segunda-feira: a Casa do Carnaval (R$11,3 milhões) e a Igreja do Passo (R$10 milhões). 

Além dessas, o órgão federal também está executando a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro, e, em Salvador, as restaurações da Catedral Basílica, do antigo Hotel Castro Alves (sede da Fundação Gregório de Matos) e edificações do conjunto da Rua da Conceição da Praia.