Incêndio destrói 27 toneladas de velas em fábrica; prejuízo é de R$ 1 milhão

Fogo atingiu a Zuppani, na Avenida Aliomar Baleeiro, trecho do complexo de fábricas das Granjas Rurais

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  • Bruno Wendel

Publicado em 9 de maio de 2018 às 10:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Uma temperatura estimada de 400 °C formou uma barreira de calor sentida a quilômetros. As chamas chegaram a 10 metros de altura e o que sobrou da área de produção de uma fábrica de velas foi a alvenaria e um rastro de parafina - que se espalhou por 15 metros de extensão, ultrapassando os portões da Zuppani. Mais de 27 toneladas de parafina foi destruída no incêndio, causando um prejuízo estimado em R$ 1 milhão. 

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O incêndio que atingiu a Zuppani, na Avenida Aliomar Baleeiro, trecho do complexo de fábricas das Granjas Rurais, começou  por volta das 2h desta quarta-feira (9) e foi controlado por volta das 7h pelo Corpo de Bombeiros. O trabalho da equipe conseguiu evitar que o fogo se alastrasse para outros dois prédios da fábrica: a área administrativa e um depósito de papelões. Não houve feridos. 

Ainda não se sabe a causa do incêndio, que começou nos fundos da fábrica, onde estão concentradas as 20 máquinas de produção - cada uma custa, em média, R$ 30 mil. 

"Além das máquinas, dois dos quatro tanques que foram atingidos pelas chamas estavam cheios pela metade e ainda tinha uma carga pronta, 27 toneladas de velas, para ser levada para Goiás, matriz da empresa", contou o gerente da fábrica Francisco Soares Neto.  

Francisco não soube informar se os prédios, que são alugados, estão segurados. “Essa questão do seguro teremos que ver com a matriz”, disse ele. Um curto-circuito pode ter sido a causa do acidente. “Então, quando chegamos aqui logo cedo, houve um comentário de que houve um curto-circuito em uma das máquinas, mas só uma perícia para dizer”, declarou. 

A Zuppani faz parte de um grupo industrial que atua também na área de limpeza e saneamento e está há 13 anos em Salvador, onde produz velas para sete estados brasileiros, entre eles Mato Grosso, Brasília, Tocantins e Maranhão. Na fábrica trabalhavam 32 funcionários – a maioria na área de produção. 

O prédio que pegou fogo será demolido. "Com a temperatura, parte da lateral de umas das paredes desabou e as chamas também comprometeram parte da estrutura e por isso vamos demolir o prédio", declarou o engenheiro Celso Jorge Souza, engenheiro responsável pelo setor de demolição da Secretaria de Urbanismo da Prefeitura (Sedur). Segundo o comandante do 3º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM), major Ramon Diego, a temperatura no local atingiu 400 °C. 

Chamas Os funcionários se depararam com o incêndio assim que chegaram para trabalhar. "Quando chegamos para trabalhar, ficamos surpresos. Demos de cara com os bombeiros apagando o fogo. Agora é esperar Deus dar providência", lamentou a ajudante de produção Ana Cláudia Moreira, 40. Ela trabalha na fábrica há oito anos e 9 meses. Segundo os funcionários, que acompanharam o trabalho do Corpo de Bombeiros, o incêndio começou por volta das 2h. 

Inês da Silva, 35, que também trabalha na produção, disse que no dia anterior, como de costume, as medidas de segurança foram adotadas. “Saímos com tudo fechado, sem nenhum equipamento ligado, como de costume. Daí, a gente vem para trabalhar e se depara com uma cena dessa. É muito triste o que aconteceu”, lamentou.  

Os funcionários disseram que ainda não sabem quando retornarão a trabalhar. “Tudo é novo nesse momento. Não sabemos o que pode acontecer. Temos que aguardar o posicionamento da direção da empresa”, disse Leandro Santos, 32, encarregado de produção há nove anos.

Sem estrutura Evalice Vieira, que trabalha também há nove anos no setor administrativo, reclamou da demora do trabalho do Corpo de Bombeiro em controlar as chamas. “O primeiro caminhão chegou aqui praticamente seco. Os bombeiros não têm preparo para atuar em um incêndio desta magnitude. Eles têm até boa vontade, mas estão sem estrutura”, disse ela. 

A declaração dela foi reforçada pelo gerente da fábrica, Francisco Soares Neto. “Infelizmente, é a realidade. Inicialmente, eles usaram água para controlar as chamas. Só que o fogo agia na resina [material de fácil combustão]. Isso só fazia aumentar o tamanho das chamas. Nós usamos extintores, nunca água, que contém uma espuma que combate com mais eficácia contra o fogo que atua na resina”, declarou Francisco. 

À frente no comando do trabalho dos bombeiros, major Ramon Diego, contestou as declarações. Segundo ele, a primeira equipe não sabia que se tratava de uma fábrica de velas. “Inicialmente, fomos informados de que se tratava de um estabelecimento comercial. Quando a equipe chegou, não havia sequer um segurança da fábrica no local. Os bombeiros descobriram do que se tratava quando avançaram a barreira de calor, quebraram o cadeado e entraram. Óbvio, que para um incêndio desse tipo, com materiais de fácil combustão, tivemos que pedir apoio a outras guarnições e também o uso de carros-pipas”, disse o major, afirmando em seguida que a primeira equipe chegou com o reservatório de água cheio. 

Segundo ele, atuaram no combate ao incêndio 20 bombeiros, quatro equipes, dois carros-pipas da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), além de equipes da Coelba e da Defesa Civil de Salvador (Codesal). “A Coelba foi acionada para cortar a energia elétrica da fábrica e a Defesa Civil para fazer a retirada da resina”, contou o major Ramon Diego.  

Rescaldo Segundo ele, os bombeiros agiram corretamente. “Primeiramente, houve o combate e isolamento do foco das chamas, que era o fundo da fábrica. Para isso fizemos um acesso no fundo do prédio do depósito, por onde uma das equipes dos bombeiros agiu, enquanto outra cuidava do confronto do foco, que estava no entorno das 27 toneladas de velas que estavam prontas para serem distribuídas. Em seguida, fizemos o resfriamento para evitar que as chamas atingissem os outros dois prédios. Usamos o LGE, um líquido propagador de espuma, que forma uma camada que promove o abafamento das chamas”, relatou o major. 

Por volta das 10h30, os bombeiros tiveram que parar o trabalho de rescaldo das chamas. Eles aguardavam equipes e maquinários da Defesa Civil para a demolição do prédio. “Vamos começar pelas paredes e a fachada porque correm risco de cair sobre os bombeiros. Depois, quando terminarem, demoliremos o restante”, disse o engenheiro Celso Jorge Souza, engenheiro responsável pelo setor de demolição da Sedur.

Em relação à resina que formou um rastro de mais de 15 metros e avançou na rua sem asfalto em frente à fábarica, o engenheiro disse que o material não traz nenhum risco. “A resina é perigosa em combustão, pois gera uma fumaça tóxica. Ao meio ambiente, aqui, não há problema, já que o material escoou em vegetação. A Sedur fará raspagem de tudo”, finalizou Celso.