Início da fase 3 de reabertura de Salvador é adiado, anuncia ACM Neto

Prefeito já havia falado da possibilidade de adiamento para analisar mais a fase 2

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 10:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo/Divulgação

O prefeito ACM Neto anunciou nesta quinta-feira (20) que o início da fase 3 da retomada econômica de Salvador, que teria reabertura de parques, cinemas, teatros e clubes, será adiado. Ainda não havia uma data marcada, mas com a taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 abaixo dos 60% por mais de cinco dias seguidos e passados 15 dias do início da segunda fase, a expectativa era de que a terceira etapa começasse na segunda-feira (24). A prefeitura informou que vai acompanhar a evolução dos casos do novo coronavírus em Salvador para decidir quando a fase 3 será ativada.

"Ontem, fechamos com taxa de ocupação de 54% já pelo segundo ou terceiro dia consecutivo", afirmou Neto, dizendo que os critérios já tinham sido alcançados, mas eram "parâmetros mínimos" para a liberação da terceira fase. "No dia em que apresentamos o plano, deixamos claro que o poder público poderia decidir alterar o início dessas fases de acordo com análise do cenário", acrescentou.

Neto afirmou que o volume de atividades que retomou com a segunda fase foi muito grande. "Tivemos nesse último final de semana o primeiro teste com tantas atividades funcionando ao mesmo tempo na capital. E estamos acompanhando os números. Houve, na média móvel da última semana um dia específico com pico do número de casos, impactando em toda média móvel. Estamos examinando a razão disso", afirmou.

A decisão de adiar a fase 3 foi um consenso das autoridades de saúde do município e do Estado. Por enquanto, não há nova previsão de data ou critério para o início dessa etapa. ACM Neto disse que é preciso ter mais tempo da fase 2 para poder analisar o impacto com maior segurança. "Esse adiamento se dá por medida de prudência, cautela e cuidado com a vida", disse.

O prefeito citou que as duas primeiras fases começaram e se desenrolaram sem grandes problemas, sem risco de colapso do sistema de saúde e nem crescimento da ocupação de leitos de UTI. "Mas a gente não pode perder isso, e os riscos de uma abertura sem cuidado são altíssimos", afirmou. Ele lembrou ainda que as atividades da terceira fase ficaram por último justamente por serem menos essenciais. 

Cenário  Para o gestor do Teatro Jorge Amado, Nell Araújo, a retomada das atividades nesses espaços vai além da queda nos números da pandemia. A logística e o protocolo para a reabertura são outros desafios. Ele contou que participou de uma reunião com representantes do município na segunda-feira (17) para discutir essas questões.

“Estamos avaliando como será essa reabertura. Mesmo que ela fosse autorizada na próxima semana o Jorge Amado [teatro] não iria reabrir de imediato. Existe uma logística e protocolos que precisamos seguir para o funcionamento, e eles têm impacto financeiro. Impacto financeiro em uma casa que está sem caixa há meses. Então, temos que sentar e fazer um planejamento”, afirmou.

Nell disse que a capacidade do teatro terá que ser reduzida pela metade para atender aos protocolos e que espetáculos infantis e de dança não serão realizados. O diretor contou que os meses de agosto à dezembro são os mais rentáveis para o segmento, por conta dos projetos escolares, de eventos coorporativos e de montagens das escolas de dança.

“O segundo semestre é o melhor período porque no verão tem muitas festas, ensaios e outros eventos, e nos primeiros meses depois do carnaval as pessoas estão preocupadas com as despesas escolares e da universidade. O Teatro Jorge Amado não tem mantenedores, é uma casa independente. Não vamos poder fazer espetáculos infantis, e como as escolas de dança estão fechadas também não teremos esses eventos. E ainda que a capacidade seja reduzida os custos para o produtor ainda são os mesmos”, disse.

Ele espera que a Lei Audir Blanc que destina recursos emergenciais para os trabalhadores da cultura e para a manutenção de espaços culturais ajude com as despesas. A lei foi sancionada esta semana e a Bahia vai receber R$ 110 milhões.  

Outras atividades Neto disse também que nesta semana não vai mais autorizar a evolução das etapas anteriores, que permitira ampliação nas atividades que já foram liberadas. "Estamos dialogando com os setores envolvidos", afirmou. "Cada situação será observada no seu detalhe". 

Na segunda-feira (24) deve haver uma flexibilização para funcionamento de clínicas odontológicas e estéticas, que terão horário ampliado. "E estamos em conversa final com o comitê técnico e acredito que na segunda da próxima semana autorizaremos reinício das atividades das autoescolas", acrescentou.

Para autorizar o funcionamento as empresas terão que oferecer aulas teóricas à distância. Já as aulas práticas terão que seguir normas de higienização e distanciamento, com apenas aluno e instrutor no veículo.

Equipes municipais e estaduais vão analisar o cenário da capital para avaliar os próximos passos e determinar o que pode aos poucos ir voltando com segurança. “Vamos examinar as perspectivas para educação e outras atividades. Por ora, precisamos continuar com toda cautela. Não podemos relaxar", concluiu o prefeito.

Média móvel em alta  Durante a inauguração do gripário, no Pau Miúdo, na segunda-feira (17). O secretário municipal de Saúde, Léo Prates, contou que a taxa de ocupação dos leitos de UTI em Salvador tinha fechado o domingo em 57%, mas ele chamou a atenção para o crescimento na média móvel de novos casos. Depois de passar um mês em queda, a taxa voltou a subir e de forma expressiva, crescendo 28%. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), entre os dias 9 e 15 de agosto, foram 5.774 novos casos confirmados.

Prates contou que esse aumento de 28% na quantidade de pacientes acendeu o sinal de alerta, e disse que se o cenário não melhorasse iria aconselhar o prefeito a adiar o início da terceira fase de retomada da economia.

"A fase 3 só será iniciada se a gente tiver a doença sob controle. Se esse aumento que houve semana passada se mantiver, for consistente, a minha opinião ao prefeito, a decisão é sempre dele, vai ser que a gente dê uma segurada. Então vamos acompanhar essa semana com atenção", afirmou Léo, na época.

Ele ressaltou que a pandemia continua e que as pessoas devem evitar sair de casa. "Apesar da média móvel de óbitos ter queda expressiva, de ocupação de UTI estar num índice muito bom, as pessoas precisam entender que a pandemia não passou, o coronavírus continua aí. Estamos retomando as atividades com segurança, mas para ser efetivo precisa da participação de todos", disse, na segunda-feira, reforçando a necessidade de seguir os protocolos e as recomendações dos especialistas.