Jorge Du Peixe lança Baião Grafino, com releituras de Luiz Gonzaga

Disco tem releituras de onze canções de Gonzagão com um toque manguebeat

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  • Ana Pereira

Publicado em 18 de setembro de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: José de Holanda/divulgação

Pernambucano, cantor, compositor e instrumentista, Jorge Du Peixe tem, quase de nascença, uma relação intensa com a obra de Luiz Gonzaga (1912-1989). Mas o vocalista da Nação Zumbi nunca tinha considerado viajar pelo universo gonzagueano, assim como já fez com o de Jorge Bem Jor e Bob Marley em outros projetos paralelos.   Mas eis que veio a covid-19, com a interrupção do projeto da Nação - que estava gravando um novo álbum  - e a quarentena forçada em São Paulo, criando o clima propício para o ótimo Baião Granfino (Babel), lançado nesta sexta-feira nas plataformas digitais. No trabalho, Du Peixe recria onze canções de Luiz Gonzaga.

“A pandemia mexeu muito com a saudade”, afirma Du Peixe, que resolveu dar sequência ao projeto sugerido pelo produtor paulista Fábio Pinczowski, que em 2017 o convidara para gravar Manhã de Carnaval com o baterista Wilson das Neves (1936- 2017). 

“Eu estava tão nervoso, mas foi demais. Então o Fábio  sugeriu um trabalho de releituras e o nome de Luiz Gonzaga. Fiquei matutando aquilo e Luiz saltou aos olhos. Resolvi mergulhar naquela paisagem, tão familiar e próxima”, conta  o músico. 

E Du Peixe se sai muito bem no desafio de cantar um repertório já tão consagrado na voz do dono e com tantas regravações ao longo dos anos. Ele respeita a célula harmônica do baião, mas leva Gonzaga para outros lugares, como o ska, o bolero, o dub e, claro, o   universo do manguebeat – com suas guitarras e percussões tão marcantes. 

O sanfoneiro convidado é o sergipano Mestrinho, mas Du Peixe diz que não queria a obrigatoriedade de usar sanfona em todas as faixas. Queria usar guitarra e teclado fazendo as vezes do instrumento. “Mas quando ela está é a protagonista total”, brinca o músico.                                                                                                    Além do sanfoneiro, ele juntou um time especial que inclui músicos como Carlos Malta, Swami Jr., Siba Veloso, Pupillo, Bubu e Maria Beraldo, entre outros. Baião Grafino conta com a participação especial e afetiva da cantora paraibana Cátia de França em O Fole Roncou. 

O repertório combina clássicos como Sabiá, Qui Nem Jiló Gilo, Assum Preto e Pagode Russo, com outras menos conhecidas, como Acácia Amarela e Rei Bantu. Esta última, parceria de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e já lançada em single, é uma das mais inspiradas do álbum. Du Peixe ressalta a negritude do Rei do Baião, aproximando-o do maracatu e evocando Orixalá. “Eu absurdamente não conhecia esta música. Ela tem uma força incrível, foi uma grande surpresa”, revela.    Sem planos efetivos ainda para voltar aos palcos (“acho muito precipitado”), Jorge Du Peixe diz que está montando uma banda menor para, quando for possível, fazer o show de Baião Granfino. “Seria a delícia parte 2, porque fazer este álbum, no meio deste apocalipse e deste desgoverno, foi uma forma de manter a sanidade”.

 E como diz o escritor Xico Sá no texto de apresentação, o álbum “traz o eterno para ser moderno de novo, no momento em que precisamos desse retorno para saltar adiante outra vez”.  “O que acontece neste álbum é um encontro espiritual entre Jorge Du Peixe  e Luiz Gonzaga no jardim dos caminhos que se bifurcam. Bem ali no meio da viagem entre os sertões e os mares; os mares e os sertões” resume, com belezura,  Chico Sá.

Caetano lança single de álbum inédito

Nove anos após Abraçaço (2012), Caetano Veloso apresenta um trabalho inédito: nesta sexta, o baiano lançou o clip do single Anjos Tronchos, um aperitivo sedutor do mais que aguardado álbum Meu Coco - que será lançado até o fim do ano.  A nova música fala de tecnologia em meio ao caos mundial, onde  “palhaços líderes brotam macabros, munidos de controles totais”. Em plena forma, aos 78 anos, o cantor reflete como os algorítimos das redes sociais nos enxergam e acabam, de certa forma, influenciando tudo a nosso redor. 

“Eu cheguei à palavra algorítimo porque fala-se muito nosso, quando se refere a realidade digital, ao mundo da computação. Mas eu não entendo nem muito de matemática nem o conceito, nem muito da cultura que se desenvolveu a partir do computador e da internet e, evidentemente, tenho contato com isso. Quando comecei a canção pensei que nem fosse completar, porque não sabia o suficiente sobre o assunto, mas os versos foram aparecendo para que pudesse se tornar uma canção”, explicou Caetano, que cita a cantora Billie Eilish. 

 

NA TELINHA

Domingo é dia de Emmy

 A 73ª edição do Emmy Awards, mais importante premiação da televisão e do streaming americanos, acontecerá na noite deste domingo (19), evidenciando a disputa acirrada entre as principais plataformas de streaming. Com 130 indicações ao todo, a HBO lidera por pouco, contra as 129 da Netflix. Entre os mais cotados na lista estão as série The Mandalorian e The Crown, que comandam a corrida, ambas com 24 indicações. Elas competem na categoria de melhor série dramática, ao lado de O Conto da Aia, The Boys, Bridgerton, Lovecraft Country, Pose e This Is Us.

A transmissão do evento no Brasil será feita pelo canal por assinatura TNT, a partir das 20h30, com o pré-show. Às 21h, começa a entrega de estatuetas. Assinantes também podem conferir a cobertura online pela plataforma TNT Go. Mas quem se interessa pelo tapete vermelho na íntegra tem que chegar mais cedo —às 19h, o canal E! começa a exibir a chegada das celebridades ao evento. A quarta temporada da série The Crown tem 24 indicações (Foto: Divulgação) Nomadland chega ao streaming e a televisão

Vencedor do oscar 2021 de Melhor Filme, Nomadland enfim chegou ao streaming: o longa dirigido por Chloe Zhao está disponível na plataforma do Telecine desde quinta-feira (16) e é o destaque da  Superestreia do Telecine Premium neste sábado (18), às 22h. Nomandland foi o grande vencedor da festa americana,  garantindo os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz, para Frances McDormand. O longa- metragem, que narra a história de uma mulher que vive como nômade moderna, será precedido na programação pelo ganhador do Oscar de Melhor Filme de 2020, Parasita, às 19h35.   Frances McDormand ganhou o prêmio de melhor atriz no Oscar 2021 por sua atuação em Nomandland (Foto: Divulgação)