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Jovem que teve rosto cortado em ônibus levou 18 pontos: 'Intuito era ir até o pescoço'

Stefani Firmo foi agredida em viagem para Salvador e acredita que intenção podia ser matá-la

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  • Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2022 às 14:22

. Crédito: Reprodução

A estudante de enfermagem Stefani Firmo, 23, que foi esfaqueada no rosto enquanto dormia em uma viagem de ônibus entre Recife e Salvador, no dia 29 de novembro, precisou levar 18 pontos no rosto. Ela estava voltando da capital pernambucana, onde tinha ido realizar uma prova de residência em Enfermagem, acompanhada de uma amiga, quando sofreu o ataque. Por volta das 5h da manhã, Stefani acordou com o rosto sangrando e entrou em alerta. 

“Na hora, eu fiquei sem entender. Primeiro eu pensei que fosse um objeto de cima do ônibus que tinha caído, alguma bagagem, não sei. Mas eu verifiquei que nem bagagem tinha em cima e a primeira reação foi pedir ajuda”, conta. 

O ônibus da empresa Expresso Guanabara, que realizava o trajeto, passava pelo município do Conde no momento do ocorrido. Stefani havia embarcado às 18h15 do sábado (28) e tinha pretensão de chegar em Salvador às 7h40. Da capital baiana, o plano era seguir até Itabuna, onde mora, mas a chegada precisou ser adiada depois do que aconteceu. 

A jovem conta que essa era apenas a sua quarta viagem de ônibus na vida. Na primeira vez, indo de Salvador para Belo Horizonte, ela ficou tensa e compartilhou diversas vezes sua localização com a mãe. Depois de passar pela experiência outas vezes, a estudante afirmou ter ficado mais tranquila quando embarcou em Recife rumo a Salvador. “À noite, inclusive, era a viagem que eu preferia fazer, porque eu pensava ‘é melhor porque eu durmo, acordo e estou no destino”, relata. 

Tudo estava seguindo como o imaginado, mas às 4h30 Stefani despertou e decidiu ir até a poltrona que sua amiga estava. Ela pediu um remédio para dor de garganta e retornou para sua poltrona. Enquanto se acomodava, a jovem afirma ter sentido um leve puxão no seu cabelo, vindo da direção da poltrona atrás da sua. 

“Eu coloquei o cabelo para o lado, peguei a coberta e me cobri até o pescoço, que é o jeito que eu durmo. E dormi com os óculos. Foi o que me protegeu”, diz ela.  

Cerca de meia hora depois, Stefani acordou sentindo uma batida e um peso no rosto. Assim que percebeu que sangrava, pediu ajuda a amiga, que dormia, assim como todos os demais passageiros. A única exceção, segundo a vítima, era a mulher na poltrona atrás da sua, que estava acordada e ficou impassível diante da movimentação. “Ela olhou para mim, me viu sangrando, mas foi totalmente fria, apática, não esboçava nenhuma reação. Olhou para mim, virou o rosto e seguiu”, relembra. De acordo com Stefani, a primeira vez que viu a mulher foi no momento do embarque. Quando todos os passageiros se mobilizaram para chamar a atenção do motorista, a falta de reação da mulher fez com que a estudante e sua amiga a vissem como suspeita. “Minha amiga foi lá perguntar se ela tinha visto se alguma coisa tinha caído em cima de mim e ela simplesmente disse que nem sabia o que estava acontecendo”. 

Agora, Stefani conta que está procurando um dermatologista para minimizar a cicatriz, embora acredite que as marcas do trauma não vão ser esquecidas tão cedo. “A sensação maior é de que a suspeita poderia estar fazendo isso para me matar. O intuito foi para ser até o pescoço, mas não conseguiu por conta do edredom. Foi livramento”, resume. 

A jovem ainda contou que não pretende andar de ônibus nunca mais em razão do sentimento de insegurança. Conforme a Polícia Civil, uma faca foi localizada com uma passageira, mas, segundo Stefani, ainda foi visto no ônibus que a suspeita carregava um alicate e uma tesoura.  

“A ficha está caindo aos poucos. Hoje eu sinto que acordei mais para baixo, meio cansada. Eu quero que isso acabe. Fica um alerta para a rodoviária se preocupar com a questão da segurança a partir de um detector de metais, de uma rigorosidade para que o passageiro possa embarcar com maior segurança”, finaliza. 

De acordo com a Expresso Guanabara, empresa da linha de ônibus que fazia o trajeto entre Recife e Salvador, as imagens da câmera do ônibus foram enviadas à Polícia Civil da Bahia no último sábado (3), conforme pedido da autoridade policial para dar continuidade à apuração dos fatos. A empresa não respondeu se há pretensão de reforço dos procedimentos de segurança e somente informou estar colaborando com tudo o que lhe compete no caso. 

A Polícia Civil comunicou que a Delegacia de Proteção ao Turista de Conde já está com as imagens do circuito interno de segurança do ônibus interestadual e que estas serão analisadas, podendo auxiliar na identificação da autoria. Ainda, informou que alguns passageiros foram ouvidos na unidade especializada e as guias periciais foram expedidas. Os laudos são aguardados e caso seja comprovada a autoria, a mulher poderá ser indiciada por lesão corporal. 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro